Desde saída de Nelson Barbosa, Fazenda tem dificuldade para encontrar novo “número dois” da pasta

Da Folha

Ministério da Fazenda enfrenta dificuldade para encontrar novo braço direito de Mantega

SHEILA D’AMORIM
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
 

Sem um nome com cacife político e prestígio com a presidente Dilma Rousseff para ser o braço direito de Guido Mantega, o Ministério da Fazenda vive um clima de falta de comando e uma notada ausência do titular.

A situação ficou mais evidente nas últimas semanas, quando o ministro decidiu concentrar sua agenda em São Paulo.

Uma das explicações é que, em São Paulo, Mantega pode se dedicar mais ao plano de concessão de rodovias e, sobretudo, tentar reaproximar o setor privado do Palácio do Planalto.

Além disso, o ministro enfrenta problemas de saúde na família, que exigem sua presença na capital paulista.

Desde junho, com a saída de Nelson Barbosa da secretaria-executiva, o ministério ficou sem um “número dois de peso”. Ele e Mantega divergiam nos bastidores, e o ministro se queixava do protagonismo do assessor.

Após perder em discussões internas o apoio da presidente, que se aproximou do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, Barbosa deixou a pasta.

Tudo sinalizava que o espaço aberto seria ocupado por Arno. Mas manobras feitas na contabilidade fiscal e, sobretudo, a posição apontada como “radical”, “intervencionista” e contrária ao lucro do setor privado fizeram com que o secretário perdesse força.

As críticas a ele se avolumaram; atingiram seu próprio partido, o PT, e tiraram de suas mãos o título de sucessor natural. Foi orientado a recuar para se preservar.

Afinal, em meio às discussões para definir as regras dos leilões de rodovias, tudo que o Planalto não queria era ampliar o mau humor do setor privado e afastar potenciais interessados.

Criou-se dentro do governo o chamado “efeito Arno”.

Ao mesmo tempo em que ele se recolheu, o secretário Antônio Henrique Silveira (Acompanhamento Econômico) passou a ser mais requisitado por Mantega. Até então, possuía participação discreta, focada nas concessões.

Com um perfil mais técnico, Silveira ganhou voz, força e prestígio nas últimas reuniões do ministro com empresários em São Paulo. Mas ainda ainda não é visto como substituto natural no comando do ministério.

Nomeado como secretário-executivo interino, Dyogo Oliveira, que era adjunto de Barbosa, é bem avaliado pelo chefe, mas perdeu diversas atribuições desde que seu antecessor deixou o posto.

Muitas de suas funções, como nomeações para conselhos de empresas estatais, foram transferidas para o gabinete de Mantega.

Também não é visto como formulador de política econômica. Esse papel em outras administrações coube ao secretário de Política Econômica. Márcio Holland, que ocupa atualmente a função, vem tentando ganhar espaço, sem muito sucesso.

Mantega chegou a tentar trazer um nome do setor privado para ser seu número dois, após a saída de Nelson Barbosa. Dada a dificuldade para encontrar essa pessoa e o pouco tempo que resta até o final do governo Dilma, Oliveira acabou ficando por exclusão, o que, politicamente, limita sua autoridade.

Não por acaso, Mantega recentemente lamentou, em uma conversa reservada, a ausência de Barbosa, com quem tantas vezes rivalizou.

POSSÍVEIS SUBSTITUTOS

Arno Augustin, secretário do Tesouro

Antônio Henrique Silveira, secretário de Acompanhamento Econômico

Dyogo Oliveira, secretário-executivo interino

Márcio Holland, secretário de Política Econômica

Luis Nassif

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