As recentes declarações do ministro da Defesa, José Múcio, minimizando o atentado à democracia em 8 de janeiro de 2023 e esvaziando a responsabilidade de Jair Bolsonaro e alguns militares pela conspiração golpista, não deveriam representar o atual governo democrático do presidente Lula. Essa é a visão do jurista Lênio Streck, convidado do programa TVGGN 20 Horas [assista abaixo] da segunda-feira (8).
Na entrevista ao jornalista Luis Nassif, Streck avaliou que Múcio é um “incômodo” para Lula. Na visão do jurista, Múcio é o “ministro dos militares” e age para apaziguar o clima com as Forças Armadas, quando a defesa da democracia exige punição exemplar para os que endossaram a tentativa de golpe de Estado.
“É um sujeito que me angustia profundamente. Quando ele disse que o golpe não saiu porque os militares não queriam, precisa aprender um pouco de semântica, de discurso, etc. Penso que o Múcio é um ministro que não deveria estar no governo, e vou dizer muito sinceramente: ele deve ser um incômodo para o Lula, eu tenho certeza disso, é uma mala para ser carregada. Ele calado é um Neruda”.
O jurista fez referência à entrevista concedida por Múcio ao jornal O Globo, em que comparou a invasão da horda bolsonarista à Praça dos Três Poderes, em Brasília, a um “piquenique”. Na mesma entrevista, o ministro da Defesa disse que havia desejo de golpe entre alguns militares, mas que essa minoria não vocalizou essa vontade nem convenceu a maioria, e por isso a ruptura democrática não prosperou.
A narrativa se choca com o depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, que confessou que o comandante da Marinha, o Almirante Garnier, era um dos entusiastas do golpe e chegou a discutir o atentado à democracia com seus pares nas Forças Armadas, que rejeitaram embarcar na aventura golpista.
“São várias camadas de narrativas. Ele [Múcio] quer chegar a uma narrativa na qual o fato não existiu. Um piquenique no parque em que alguns foram se divertir, extrapolaram, beberam um pouco, chutaram o balde, e isto teria sido, como disseram os comandantes militares, apenas ‘arruaças’”.
O papel do Ministério Público, para o professor e jurista, também está em vermelho, fazendo referência ao “manifesto” elaborado pelos militares em 11 de novembro, que fizeram “hermenêuticas criminosas”, com base na tese de que “quem protesta com cunho social não comete crime, mas quem pede o fim da democracia, sim”.
“Nós não prendermos os chefes prova o nosso fracasso. Os militares disseram que todos estavam fazendo manifestações pacíficas, isto vitaminou o golpe, eles devem ser processados e indiciados”.
Otimismo?
Questionado sobre o papel do procurador-geral da República, Paulo Gonet, Streck apontou que ele “vai mudar o perfil que o Ministério Público vinha tendo, olhando o passado, e [sendo] muito mais tranquilo”, mas ressalvou que é um desafio fazer previsões.
“Se você quer saber como vai a democracia brasileira, pense no Múcio, então, não se anime tanto. Eu acho que nós estamos cobrando pouco, tínhamos de fazer algo que a gente fez muito na Lava Jato. Tem um verbete no dicionário de hermenêutica que se chama constrangimento epistemológico. É esquisito, mas significa uma coisa muito simples: é cobrança, encheção de saco”.
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Perfeito!
Entendo que a ideologia fascista e totalitária está ganhando força nos quartéis do Brasil. Está sendo feita vista grossa por todas as camadas de autoridades públicas e republicanas.
O monstro dos golpes já está sendo realimentado nos ocultos porões do submundo, que imagino ser o ambiente natural de ditadores, fascistas e genocidas.
Todo cuidado é pouco, e penso que neste momento já estão trabalhando a escolha de um anti-politico substituto, que possivelmente deve receber uma maquiagem diferente de um caçador de marajás, ou de um construtor de pontes para o futuro ou de um mito.
Em plena era da Inteligência Artificial, as aparências poderão enganar mais facilmente por se apresentarem hoje muito mais próximas da realidade, do que em tempo até bem recente.
A receita de G O L P E
Ou do G O L P E,
Segundo o roteirista e diretor de cinema Sam Esmail baseado no livro homônimo de Rumaan Alam, publicado no Brasil pela editora Intrínseca O Mundo Depois de Nós, na fala do personagem de Mahershala Ali, G.H., traça o roteiro da aplicação de UM GOLPE pelos donos da grana em três etapas, confiram se bate com o GOLPE contra DILMA ou o 8 de janeiro de 2023 no Brasil:
Prólogo: “Como meu maior cliente trabalha na defesa eu estudo muito o custo-benefício de campanhas militares um programa específico aterrorizou meu cliente, uma manobra simples, de três fases, que derrubariam um governo.”
1ª FASE: “ a primeira é o isolamento. Desabilitar as comunicações e os transportes. Tornar o alvo o mais surdo , mudo, e paralisado possível, preparando-o para a segunda fase…”
2ª FASE: “ o caos sincronizado. Aterrorizá-lo com ataques dissimulados e desinformação, embotando suas defesas, deixando suas armas vulneráveis a extremistas e ao seu próprio Exército. Sem um inimigo ou motivo claro, as pessoas se virariam uma contra as outras. Se for bem executado, a terceira fase acontece sozinha.
3ª FASE: “Coup d’etat.” “Guerra civil. Colapso. Este programa foi considerado o modo mais efetivo de desestabilizar um país. Se a Nação Alvo for disfuncional o bastante, ela praticamente faz o trabalho para você. Quem começa isso quer que pessoas que ‘pensam’ sejam excluídas ou exterminadas.”
Então calado, o Múcio é um Neruda? Kkkkkk. Múcio é uma mala para o Lula transportar. Resta saber se tem, ou não, alça.