Jornal GGN – Apenas entre 2006 e 2007, Verônica Allende Serra, filha do senador José Serra (PSDB), recebeu um total de 936.000 mil euros na conta Firenze 3026, no banco Arner, na Suíça, ligada à offshore Dortmund. A afirmação é da Lava Jato em São Paulo, que alega ter levantado os dados a partir de cooperação internacional com autoridades suíças.
Os recursos, supostamente oriundos da Odebrecht, chegaram à Dortmund por meio de outras offshores, todas ligadas ao empresário José Amaro Ramos, que seria o elo intermediário entre a empreiteira e o beneficiário final, José Serra. Pelo menos, é o que narra a Lava Jato na denúncia oferecida contra o ex-governador de São Paulo e Verônica no dia 3 de julho [leia a peça na íntegra ao final].
A Dortmund, segundo os procuradores da República, era administrada por Verônica Serra, embora ela tenha agido para se desfazer da offshore no ano em que a Lava Jato estourou na mídia, 2014.
A grande mídia sabe da existência dessa offshore ao menos desde 2018, quando os pagamentos no exterior em benefício de Serra vieram à tona na Lava Jato. Na época, a investigação ainda tramitava na Procuradoria-Geral da República.
A novidade é que a Lava Jato detalhou na peça de acusação todas as offshores utilizadas na suposta operação de lavagem de dinheiro em torno de Serra. O tucano nega que tenha cometido ou sido favorecido por atos ilícitos, e afirma que a denúncia já prescreveu.
A Lava Jato acrescentou na denúncia valores até então desconhecidos, e revelou que a Dortmund pertencia a Verônica em aparente sociedade com o uruguaio Francisco Guillermo Ravecca Jones, cujo nome aparece no Panamá Pappers por associação a outra instituição: a Kinko Portfolio Corporation, uma “sociedade anônima” registrada no Panamá em 2013.
A própria Dortmund também foi criada no Panamá, mas 10 anos antes da Kinko, mais precisamente em 5 de dezembro de 2003.
Segundo a Lava Jato, na ficha cadastral da Dortmund, Francisco Ravecca consta como “contato”, e “uma procuração anexada concede a VERÔNICA ALLENDE SERRA (representada, no ato, por HERRERA VILLAREAL e HERRERA DE DIAZ) poderes para geri-la [a offshore] e representá-la.” Documentos “colhidos junto ao Banco Arner”, na Suíça, demonstram, de acordo com a força-tarefa, que Verônica “exercia gestão constante da DORTMUND”.
“Em uma anotação manuscrita [do banco], datada de 05/07/05, refere-se que uma pessoa de nome ‘Paolo’ conheceu VERÔNICA e realmente gostou dela. Ainda, uma descrição sobre VERÔNICA SERRA refere sua atuação na PACIFIC ADVISORS, empresa de investimentos por ela fundada e sediada em São Paulo/SP. Na mesma linha, um e-mail enviado por VERÔNICA ALLENDE SERRA em 12/11/2007 (quando a série de transferências feitas a partir de offshores de JOSÉ AMARO chegava ao fim) para o banco Arner, denota que ela agiu para substituir o administrador da conta (que, a partir de tal data, passou a ser Ariel Aisiks). Ao lado, aliás, uma observação manuscrita refere que tal substituição foi confirmada em contato telefônico do banco com VERÔNICA SERRA”, exibiu a Lava Jato na denúncia.
“Não fosse isso suficiente”, continuou a força-tarefa, “documentação de análise de risco dos clientes traz ficha datada de 30/07/2013, sobre JOSÉ SERRA CHIRICO, apontado
como pessoa politicamente exposta no Brasil e pai de VERÔNICA SERRA. Tal fato
mostra que o banco Arner não tratava VERÔNICA como mera procuradora da conta da DORTMUND, tendo chegado ao ponto de investigar suas relações de parentesco.”
“Dessa documentação, emerge claramente que a DORTMUND, como grande parte das offshores sediadas no Panamá, constitui mera ‘casca’ que oculta a titularidade e a origem de valores que por ela passam”, disparou a Lava Jato.
“O fato de três cidadãos panamenhos figurarem, formalmente, como Presidente, Vice-Presidente e Diretora da offshore em tela, mas materialmente todos os atos pertinentes à sua gestão, à movimentação de suas contas e até mesmo à troca de seus administradores não serem por elas praticados, reforça essa percepção. Em poucas palavras: a real titular da offshore DORTMUND INTERNATIONAL é VERÔNICA ALLENDE SERRA”, defenderam os procuradores.
O GGN expôs nessa reportagem aqui o “follow the money”, ou seja, o trajeto do dinheiro que alegadamente saiu de contas no exterior utilizadas pela Odebrecht, passando por algumas offshores em nome de José Amaro Ramos (que trabalhou para a Odebrecht no passado, e nega ser amigo de José Serra), chegando, parcialmente, à offshore atribuída à Verônica Serra.
Para o MPF, as transferências partindo das contas de Amaro “em favor da DORTMUND, entre 2006 e 2007”, configuram “atos de ocultação e dissimulação da natureza espúria dos valores que [Amaro] recebera da ODEBRECHT” e seus “reais destinatários: JOSÉ SERRA e sua filha VERÔNICA SERRA.”
No total, “a DORTMUND, que segundo documentos obtidos junto à Suíça tinha capital social de apenas US$ 10.000,00, serviu como uma segunda camada de lavagem, permitindo o recebimento oculto e dissimulado, entre 2006 e 2007, de 936.000,00 euros, oriundos de três empresas de JOSÉ AMARO RAMOS, que, por sua vez, foi beneficiado, no período, por valores transferidos a partir de offshores controladas pela ODEBRECHT.”
AS TRANSFERÊNCIAS PARA A OFFSHORE
Segundo delatores da Odebrecht, Serra teria pedido colaboração de mais de R$ 4 milhões para sua campanha eleitoral em 2006. E teria pedido para receber os recursos por meio da offshore CIRCLE, que pertence ao empresário José Amaro Ramos.
De acordo com a Lava Jato, a “análise de dados bancários da CIRCLE TECHNICAL COMPANY INC, obtidas junto ao Corner Bank da Suíça via cooperação jurídica internacional, deixa fora de qualquer dúvida que tais pagamentos, referidos nos documentos entregues pela Odebrecht, realmente aportaram em sua conta.”
Amaro, por usa vez, teria ficado com uma parte dos recursos da Odebrecht para si, e transferiu uma outra parte para Dortmund, de Verônica Serra.
Entre julho e setembro de 2006, foram 210 mil euros da Circle para a Dortmund. As offshores SOFIDEST e a HEXAGON, também ligadas a Amaro, receberam dinheiro da CIRCLE e repassaram recursos a Dortmund. Em março de 2006, foram 326 mil euros da Hexagon para a Dortmund. Em julho de 2006, 75 mil euros saíram da Sofidest para a Dortmund, e em setembro do mesmo ano, mais 135 mil, segundo a denúncia.
Em dezembro de 2006, a Circle realizou mais uma transferência para a Dortmund, no valor de 250 mil euros. Em fevereiro de 2007, outra de 150 mil euros. São esses os dois valores conhecidos da mídia desde 2018.
Somando todos os valores indicados na peça de acusação, chega-se a 1.146 milhão de euros em transferências das três offshores de Amaro para a Dortmund de Verônica.
Segundo o MPF, as contas de José Amaro ficaram com 628 mil euros do total transferido pela Odebrecht.
Os procuradores também alegaram que não há evidência de “vínculo formal ou contratual” entre a offshore de Verônica e as de Amaro que justifique “que valores tenham sido por eles intercambiados”. Além disso, “elas [as transações] foram feitas via expedientes típicos de movimentações espúrias (como offshores que mantinham não declarados os reais envolvidos, camadas de transações que dificultavam o rastreio de valores, e transferências realizadas entre contas de um mesmo titular, em dispersão patrimonial).”
Mais tarde, ainda de acordo com a investigação da Lava Jato, “parte dos valores que ingressaram na conta da DORTMUND por meio de transferências realizadas a partir de contas de JOSÉ AMARO foram remetidos a FRANCISCO RAVECCA.”
E, a partir de fevereiro de 2014, “após ser estabelecida uma relação entre a DORTMUND e a ILLUMINA CAPITAL MANAGEMENT SA, com a concessão de poderes de procuração à pessoa de Bruno Florenzano, em 23/09/2014, a DORTMUND acabou liquidando os valores existentes na conta FIRENZE 3026, do Banco Arner, ao determinar a transferência de 1.410.343,00 francos suíços, após o pagamento de 5.000 francos suíços à ILLUMINA CAPITAL., à CITADEL FINANCIAL ADVISORY LTD, notadamente a uma conta do banco Salfort Privatbank, ag. Basel.”
“Dessa forma, valores transferidos a JOSÉ AMARO RAMOS, pela ODEBRECHT, por solicitação de JOSÉ SERRA e tendo este como beneficiário final, foram remetidos, a partir de diversas operações, ao controle de VERÔNICA SERRA, filha do referido agente político, sendo, ao fim, liquidados para outras contas, em uma terceira camada de dispersão patrimonial, integrante, a toda evidência, de uma cadeia de lavagem de ativos.”
É por causa dessa última movimentação, envolvendo a “terceira camada de contas”, que a Lava Jato defende que o crime de lavagem de dinheiro em benefício de José Serra se estende até 2014 e, portanto, não está prescrito. Serra também é acusado do crime de corrupção por supostamente ter solicitado doações da Odebrecht e retribuído o favor, na visão da força-tarefa, com atos de ofício envolvendo contratos de obras viárias em São Paulo.
Todas as informações utilizadas nessa matéria estão na denúncia da Lava Jato, abaixo:
[pdf-embedder url=”https://jornalggn.com.br/wp-content/uploads/2020/07/o-que-se-sabe-sobre-a-conta-na-suica-da-filha-de-jose-serra-denuncia-jose-e-veronica-serra.pdf” title=”Denuncia Jose e Veronica Serra”]
Leia também:
O caminho da suposta propina da Odebrecht até a offshore de Verônica Serra
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Muito complicado, e do psdb, esquece.
Mas se alguém dissesse que ouviu dizer, que alguém se referiu, que ouviu do caseiro, que parece, que talvez ele, possivelmente, tivesse um apartamento no guarujá, aí sim, estava caracterizado o crime. O serra e sua garota definitivamente não cometeram este terrível crime.
A lei é dura e implacável. E para todos. Surda, cega e muda.
A mulher do queiroz não me deixa mentir.
Me tirem uma dúvida: Em algum processo contra Lula, ou mesmo nas denuncias “supositorias” contra Dilma, apareceu algum documento deste tipo, atribuído aos proprios ou a algum de seus familiares?
Claro, pode ser um doc forjado contra a moça, o que não duvido dado aos desvios observados em ações similares, apesar de serem consistentes as denúncias de desvios (sempre acobertados) da turma do psdb.
Mas voltando a pergunta; em algum momento foi apresentado doc similar em processos ou denuncias contra Lula ou Dilma?
Canalhas, canalhas, canalhas. Cadeia nestes lesa-pátrias!
Se algum dia algum bicudo emplumado,principalmente de alta plumagem,vier a ser julgado,será necessário que se faça a exumação do cadáver.
no caso em questão,devido a aparência cadavérica do citado,talvez já estejam fazendo isso.
E o fhc não recebeu nem uma esmolinha? Fazendolas e aptos parisienses não são considerados dinheiro?
” E Conheceis a Verdade. E a Verdade Vos Libertará”. Paulo Maluf deixará Centenária Eucatex. Milhares e milhares de Empregos. Milhões em Oportunidades, Desenvolvimento e Progresso, não é mesmo Rui Daher?! Bilhões em Impostos. Sabe o que Nossos Socialistas, ‘Honestos’, AntiCapitalistas deixarão? O BRASIL. Olhem a Ficha de Abertura da Filha do Serra? Brasileira? Com esta grana toda? Nunca mais !! Nunca mais Terceiro Mundo !!! Passaporte Europeu da Minha Nova Pátria!! Potências Capitalistas e Imperialistas, Papai combatia?! E VOCÊS acreditaram nisto? (Licença Poética) KKKKKKKKKK Seria trágico senão o fosse mesmo. Como chegamos até aqui em 2020? 90 anos de Estado Ditatorial Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista replicado por mais 4 décadas de farsante Redemocracia. Mas sabemos Serra não é de Esquerda. O “Menino da UNE” que nunca trabalhou na vida. Que acordava somente depois das 13 horas. Perseguido do Regime Militar. ALLENDE a filha, para homenagem a seu ídolo. Que sai da Moóca e volta na Anistia para morar em mansão nos Jardins (sem nunca ter trabalhado), Parceiro de Aloísio Nunes Ferreira, também da USP, Motorista do também Terrorista Marxista Marighella, que dividiam os 6 Cartões Corporativos das Contas da Suíça abertas por Paulo Preto não são ESQUERDA?! Sabemos. São TODOS AntiCapitalistas. MP / SP, MP do Tucanistão, passa três anos na EUROPA a procirar um suposto dinheiro de Paulo Maluf. Voltam com a xerox de um suposto fax cedido pelo Judiciário Suíço, que antes alerta, que não pode ser usado como prova. Mas tanto é usado como serve de prova para a prisão de Paulo Maluf. José Serra e sua Filha, num Processo abarrotado de Provas Cabais ainda estão soltos, depois de anos e anos de Operação Lava Jato, Petrolão, Mensalão, Banestado, Dossie Cayman, Trensalão, Merendão, ROBOANEL TUCANO. Como será que chegamos até aqui em 2020? Com muita Redemocracia, Honestidade e AntiCapitalismo, é claro !! Pobre país rico. Fata dinheiro para que? Falta dinheiro para quem? Ms de muito fácil explicação.
As acusações contra o José Serra podem até estar prescritas. Mas a parceira de corrupção dele Verônica Allende Serra, ainda está de posse do produto do crime, e deve ser processada, julgada, e se condenada devolver os milhões que ajudou o pai roubar.