Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
[email protected]

Da injúria ao Pochmann à entrevista de Zelensky há fumaça cinza, por Francisco Calmon

Se o presidente da Ucrânia desejasse a paz, estaria apoiando a pregação do Lula. Mas Zelensky não a deseja. Só a guerra lhe dá protagonismo

PR Ucrânia

Da injúria ao Márcio Pochmann à entrevista de Zelensky há fumaça cinza

por Francisco Celso Calmon

Em julho de 1995 eu fui caluniado pelo Jornal do Brasil na coluna da direitista Dora Kramer. Fui em busca da reparação de justiça à minha honra e contratei um dos melhores escritórios de advocacia do Rio, cujo patrono era o Dr. Paulo Cezar Pinheiro Carneiro.  

Queria a retratação da jornalista, queria a sua condenação por danos morais. Estava muito magoado, revoltado com tal vilania.

O advogado me convenceu que deveria processar o jornal e não a jornalista, pois, além de responsável por abrigar jornalista sem ética, tinha mais recursos financeiros para a indenização. E assim foi feito. Ganhei um quantum considerável de indenização em 1997. 

Eu mesmo divulguei o resultado do processo em outros jornais e gravei junto com meus ex-assessores na CMRJ a nossa versão, transformada em livro com o título “Sequestro Moral e o PT com isso?”.

Livro que, apesar de muitos erros gramaticais, foi o desabafo, a catarse, indispensável de quem cultiva a dignidade da honra e sofre imputações criminosas. 

As empresas Globo, jornal e TV, são dolosamente responsáveis pelas injúrias e difamações proferidas contra o economista Márcio Pochmann, sem base factual, exclusivamente por suposição, à semelhança da lava jato.

Quanto a entrevista de Zelensky, que foi ao ar na noite do dia 27 de julho na Globonews, faço de pronto algumas indagações.

Quem é o repórter que o entrevistou, seu currículo?

A serviço de quem realizou a entrevista?  Com qual finalidade?

As perguntas feitas na entrevista foram todas preparadas antecipadamente e lidas, o entrevistador não fez nenhuma de momento, em cima das respostas do entrevistado.

O Brasil não tem material que possa ajudar a Ucrânia na guerra, portanto, quais as razões desse assédio continuado desde a reunião do G7, da mídia golpista, dos EUA, da União Europeia e desse pequeno peão no xadrez da geopolítica mundial, ao presidente Lula?

O eventual e improvável apoio do Lula teria efeito moral e político, por que, então, uma entrevista com perguntas já conhecidas pelo entrevistado, com as respostas preparadas antecipadamente, pode ajudar e em quais aspectos?

O investimento feito nessa guerra pelos EUA, União Europeia, OTAN, Russia, dificulta qualquer acordo que não seja baseado numa premissa simples e essencial: nesse conflito todos perdem, portanto, o que devem se perguntar é o quanto mais estão dispostos a perder?

A entrevista, sem mérito jornalístico, teve por eixo único constranger Lula a dar algum apoio a Zelensky.

Serve a quem esse tipo de matéria, sem qualquer mérito jornalístico? Serve a TODOS que temem o protagonismo internacional do Lula e o sucesso interno do seu governo.

Lula prega a paz.  Se o presidente da Ucrânia também desejasse a paz, estaria apoiando a pregação do Lula. Mas Zelensky não a deseja. Só a guerra lhe dá protagonismo.

A arrogância de Zelensky, sua postura onisciente e heliocêntrica, como se o mundo girasse em torno da Ucrânia, como declarou afirmando que todos os países estão responsáveis por essa guerra, não é a de quem dialoga, mas de quem quer impor, como se dono da verdade fosse.

Ele afirmou que virá ao Brasil, caso a agenda de guerra o permita, e deseja convencer Lula a reunir todos os países da América do Sul em apoio à Ucrânia.  

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ibanez, criticou nas suas redes sociais o presidente Lula por ter ligação com regimes como o de Cuba, Nicarágua e Venezuela. Segundo o embaixador, Lula teria “ditadores de estimação”.

Um embaixador fazer tais comentários é um deslize diplomático que o governo brasileiro não pode aceitar.

Funcionários do Departamento de Estado dos EUA têm vindo ao Brasil para entabular com membros do governo Lula assuntos de preocupação comum, entre eles a guerra na Ucrânia.

A conspiração ao governo Lula está em curso acelerado: funcionários da UE, dos EUA, a Globonews, Miriam Leitão, Malu Gaspar, tumultuando o ambiente interno, com intrigas e tentativas de interferir nas nomeações do Presidente.

“Economia é como cristal, mesmo que seja uma ingerência sutil, pode levar à quebra de confiança”. (Miriam Leitão).

Você entendeu? Nem eu.

Economia não tem a solidez e nem o brilho de um cristal!

Frase feita, sem efeito, vazia e sem respaldo teórico e histórico.

O Brasil caminha bem, independente das opiniões dos agentes da mídia golpista e submissa aos desígnios imperialistas.

E mesmo auferindo muitos resultados favoráveis, nesses poucos seis meses, procuram a desestabilização do governo, inclusive continuando a colocar a áurea de bonzinho no Haddad e a pecha de mauzinho no Lula.

Infelizmente a comunicação do governo continua a claudicar. Não replica a tempo e a hora a esses ataques aleatórios e desagregadores, consoante a um plano tácito dos três êmes (mídia, mercado, militares).

Plano este que trabalha com duas alternativas: golpe na forma híbrida ou o chamado semipresidencialismo.

Campos Neto não pode fazer mais prejuízo ao Brasil do já foi feito, porém, Arthur Lira, presidente da Câmara federal, pode e ainda fará muito mal ao governo Lula.

Não esqueçamos que ele foi sócio do governo bolsonarista, atuou como uma espécie de primeiro ministro, que tinha o presidente sob domínio absoluto e o orçamento secreto nas mãos, portanto, a herança perversa deixada pelo governo passado, tem como responsáveis Bolsonaro e Arthur Lira.

Lira é o jagunço da chantagem, não preza harmonia entre os poderes, cultiva a barganha como se a relação entre os poderes fosse como num jogo de poker no escuro, duas cartas abertas e três fechadas.

O governo Lula não tem estrategista, como outrora teve com Zé Dirceu, independente de não entrar no mérito dos erros e acertos.

Por isso, não tem proação, fica mais na tática defensiva e reativa. A iniciativa tem cabido aos adversários político-ideológicos.    

O governo tem limitações politicas para fazer um debate no plano ideológico, os partidos não têm, entretanto, parece estarem hibernando. 

A esquerda tem quadros com capacidade e poderiam elaborar uma estratégia partindo dos dois cenários possíveis.

O governo está apostando tudo no êxito da economia.

Todavia, o cerco da guerra de movimento que o governo está sofrendo, conforme evidências acima, mostra que esse êxito não será suficiente, salvo se acompanhado de agitprop junto aos trabalhadores.

Para tanto, Lula teria que mobilizar a sociedade.

Felizmente, no presente, há uma mídia livre, pequena, mas eficaz, como este e outros portais de comunicação.

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Só um reparo: a guerra é como um investimento qualquer. É feita com um fim bem definido: lucrar – e não apenas financeiramente, mas também indiretamente, ou seja, para obter ou facilitar a aquisição, quando não apropriação, de recursos naturais e bens diversos, de commodities a live stock. Quando se diz, “O investimento feito nessa guerra pelos EUA, União Europeia, OTAN, Russia, dificulta qualquer acordo que não seja baseado numa premissa simples e essencial: nesse conflito todos perdem, portanto, o que devem se perguntar é o quanto mais estão dispostos a perder?”, propaga-se essa ideia equivocada de que, com uma guerra, todos perdem. Isso não é verdade. Dos países e entidades beligerantes (ou só fomentadoras da guerra) aí nomeados, somente a Rússia tem, de fato, algo a perder, a saber, a diminuição do cinturão de segurança conquistado pelo Exército Vermelho no Leste Europeu a partir da vitória em Stalingrado, e a segurança dos recursos naturais e minerais situados nesse mesmo cinturão. EUA e União Europeia, que, diga-se de passagem, estão, como de hábito após 1945, muito longe (os EUA) e longe ( União Europeia) do teatro de operações, nada tem a perder – apenas podem, eventualmente, deixar de ganhar uma nova área de influência e exploração. Essa divulgação de uma visão humanista ou ingênua do conflito (como algo em que “todos perdem”), obscurece as reais intenções do conflito, seu pano de fundo econômico e geopolítico, mantém uma visão maniqueísta do mundo entranhada no inconsciente coletivo, enfim, perpetua uma situação de hegemonia americana (e seu satélite europeu), mantida através do suborno puro e simples que a OTAN pratica ao atrair, com dólares e propinas, dirigentes como esse infame Zelensky, infelizmente extremamente populares em virtude dessa mesma visão humanista e maniqueísta imposta pelos poderes hegemônicos (e alguém duvida disso, após os quase sessenta milhões de eleitores de Bolsonaro?), que vem mantendo essa prática sistematicamente desde a guerra da Coreia, do Vietnã, etc. Amigos, não se vai à guerra – e nem se promove a guerra – por quaisquer outros motivos que não sejam os mencionados acima; as questões étnicas, religiosas, político-ideológicas, e semelhantes, são apenas justificativas destinadas a cativar corações e mentes dos ingênuos que ainda acreditam no confronto entre o Bem (nós, sempre) e o Mal (eles, sempre), além de sua utilidade propagandística, e da capacidade descomunal de mobilização e fanatismo que possuem. Zelensky já tem seu futuro garantido, caso não caia nas mãos dos russos – não vai terminar como Mussolini, provavelmente, mas seu fim, nesse caso, será feio. Putin, na pior das hipóteses, perderá influência e poder, será deposto, mas poderá se retirar ao exílio em alguma suíça da vida, ou alguma republiqueta sul-americana, que tanto serviram aos nazistas, depois que sua guerra gerou milhões de dólares a vencedores e derrotados. Putin tem meios para isso – nesse campo, não é nenhum neófito, como Zelensky, que só terá os EUA como refúgio. Todos perdem? Não sejam ingênuos. Nesse caso, o perdedor é só um: o povo ucraniano. Como, antes, foram os coreanos, os vietnamitas, os afegãos, sírios, os iemenitas…qual será o próximo da fila? Onde ainda há abundância de recursos naturais, minerais e live stock, e uma liderança política disposta a fazer com que esses recursos gerem riqueza para seus donos, e não aos mercadores do Hemisfério Norte? Brrrrr…

    1. Pensar que existem ganhadores em uma guerra é igualar a vida a mercadoria quem ganha na guerra e a fábrica de armas e balas mas a que custo é preço? Nessa análise concordo e penso que e correto o enfoque do Calmon. Em uma análise virtuosa no sentido de revelar a realidade do atual momento politico econômico

  2. Achar que na guerra a quem ganhe é igualar a vida humana a mercadoria em uma guerra só a indústria de armas e balas é quem ganha. É a que custo? Nesta análise coerente vejo que o colunista Calmon tem razão.
    Uma boa análise coerente e virtuosa no sentido revelador da realidade .

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador