Nunca se esqueçam: Bolsonaro é Milei
por Fernando Castilho
A extrema-direita brasileira, diga-se bolsonarismo, enxergou a grande oportunidade de surfar na onda da campanha eleitoral à presidência da Argentina apoiando incondicionalmente Javier Milei, aquele que se parece com Jair Bolsonaro até nas bobagens que fala ou faz.
Milei, durante a campanha, era bem mais louco que o Milei eleito e já governando.
Os argentinos, ao emprestarem sua confiança àquele que diz que se aconselha com o espírito de seu falecido cão, Conan, acharam, como a maioria dos brasileiros que votaram no capitão, que seu novo presidente falava da boca pra fora. E falava mesmo, pois por trás do rosto de Milei, esconde-se o ex-presidente Maurício Macri que pretende dar no povo argentino um choque radical de neoliberalismo. E já começou.
Nem bem o presidente assumiu, já anunciou seu plano chamado de “Plano Motosserra” que aumentou a gasolina obrigando os argentinos a fazerem filas monstruosas em postos de combustível. Um dia após o plano ser anunciado, a petrolífera Shell aumentou os preços dos combustíveis em cerca de 37%, e a estatal argentina YPF aplicou um aumento, em uma média, de 25%. O porta-voz do governo afirmou os que valores das novas tarifas de transporte público, energia, gás e água serão anunciados nos próximos dias.
Os argentinos já começam a se arrepender do erro que cometeram, marcando manifestações chamadas por lá de piquetes. Prevendo isso, Milei já determinou a repressão desses piquetes.
A grande imprensa, tal como aqui nos tempos de Bolsonaro, já trata de tentar naturalizar as medidas adotadas pelo seu mito. O jornal La Nacion, por intermédio de dois âncoras, defendeu que as pessoas cancelem seus serviços de streaming e que os pobres façam somente uma refeição por dia. Tudo em nome da Pátria.
Já se antevia que o governo Milei não só seria duro para com os mais pobres e vulneráveis que hoje somam 42% da população, mas, desde os primeiros meses iria começar a se inviabilizar. Isso já está acontecendo.
Como a população argentina tradicionalmente sai às ruas para protestar e lutar por seus direitos, e, como Milei já antecipou que haverá repressão, não se descarta confrontos sangrentos e até uma possível guerra civil no país pode ser imaginada no horizonte.
“Estranhamente” Eduardo Bolsonaro, o mais entusiasta dos apoiadores estrangeiros de Javier Milei, está quietinho. Gostaria muito de ver o Dudu na eleição para a presidência do Boca Juniors, quando o novo mandatário foi vaiado e praticamente escorraçado do clube. Se esconderia sob um capuz?
De nada adiantará o silêncio o silêncio de Dudu e dos demais parlamentares bolsonaristas que, à esta altura, devem estar com muito medo do que poderá acontecer à Argentina, já que as eleições para prefeitos e vereadores no Brasil se aproximam. A imagem de Eduardo Bolsonaro e a de seu pai estarão para sempre ligadas a Milei.
Esperemos que nossa grande imprensa que hoje recomeça o flerte com o bolsonarismo, não se esqueça disso.
Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor
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Ninguém pode negar que os planos anunciados até agora só podem ter sido aconselhados por um cachorro mesmo.
Pois é. Só cachorro entende o que outro cachorro late.
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Os eleitores argentinos que votaram no Milei, sabiam que o dilema argentino era escolher entre o ruim e o péssimo, ao votarem decidiram-se pelo péssimo. O desastre propiciado pelo coiso no Brasil, não lhes serviu de alerta, quiseram vivenciar um desatre para chamar de seu. Infelizmente já estão começando a dançar o tango trágico de longa duração.
É como dizia Pablo Neruda: “Você é livre para fazer escolhas, mas é prisioneiro das consequências.”