Israel: notícias do país do Apartheid 1, por Ruben Rosenthal

Aqui se inicia uma série de artigos abordando Israel, Palestina e os judeus da diápora, relacionados com a autodeterminação do povo palestino

Árabes israelenses bloqueiam rua em Tel Aviv, em protesto contra violência e mortes nas comunidades \ Avshalom Sassom/Flash90

do blog Chacoalhando

Israel: notícias do país do Apartheid 1

por Ruben Rosenthal

O blogue Chacoalhando está iniciando uma coluna que vai abordar questões relativas a Israel, Palestina e também aos judeus da diáspora, que estejam de alguma forma relacionadas ao contexto da questão da autodeterminação do povo palestino. Os artigos originais e seus autores podem ser acessados através do link inserido nos títulos; os artigos do periódico Haaretz só são disponibilizados na íntegra para assinantes. 

Por décadas defendi Israel das acusações de Apartheid. Não mais!

Haaretz, 10.08.2023. A declaração é de Benjamin Pogrund, autor, jornalista e ativista pela paz e direitos humanos. Ele acrescentou: observo agora o Apartheid com que cresci na África do Sul. A tomada do poder por um governo israelense fascista e racista é o presente que os inimigos de Israel há muito esperavam. 

Nota: Como repórter de longa data e, mais tarde, editor-adjunto do Rand Daily Mail, na África do Sul, Pogrund foi um dos jornalistas que estiveram na vanguarda da exposição das inúmeras injustiças do sistema de Apartheid. Ele foi o autor da biografia autorizada do ex-presidente Nelson Madela: Espírito e Força de uma África do Sul Livre (Spirit and Strength of a Free South África

Palestinos assassinados por colonos: uma história de impunidade

Haaretz, 27.08.2023. Oito casos em que colonos israelenses mataram palestinos terminaram sem indiciamento e julgamento. O assassinato de Qosai Mi’tan, de 19 anos, é uma das principais histórias deste verão em Israel, mas se trata na verdade do atentado mais recente de uma série de tiros e facadas que vitimaram palestinos da Cisjordânia, sem que ninguém fosse indiciado. 

Crise na Democracia: o golpe de Netanyahu leva à ditadura? 

Haaretz,03.08.2023. Israel enfrenta um marco importante em 12 de setembro. É quando a Corte Suprema vai analisar petições pedindo a desqualificação da “Lei da Razoabilidade” de julho, que é a primeira fatia na tomada de poder pelo Legislativo, através da reforma do judiciário. 

Em conjunto com táticas de assédio psicológico (gaslighting), intimidação e rolo compressor, a coalizão extremista do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está redobrando seus esforços para a tomada de poder antidemocrática: uma demolição total dos freios e contrapesos entre os poderes do governo, para estrangular o sistema judicial, conceder ao governo poder sem entraves, anexar a Cisjordânia e remodelar Israel com sua imagem não liberal. 

Israelenses na busca por passaportes estrangeiros

Haaretz, 27.07.2023. Empresas especializadas na obtenção de passaportes estrangeiros e realocação em outros países relataram “uma enxurrada de ligações” diante da possibilidade de aprovação da reforma do judiciário. A ameaça à democracia em Israel fez com que muitos israelenses pensassem na necessidade de um plano de fuga do país, e começassem a pesquisar destinos para possível reassentamento. Grécia, Alemanha e mesmo o Canadá estão entre as opções procuradas. 

Manifestações pró-democracia próximas à casa de Ben-Gvir 

Haaretz, 25.08.2023. Dezenas de ativistas de esquerda se reuniram perto da casa do ministro da segurança nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, de extrema direita. A polícia confiscou bandeiras palestinas e prendeu dois manifestantes. Foi o segundo protesto esta semana no local. 

 EUA condenam retórica racista do ministro Ben-Gvir sobre liberdade de locomoção dos árabes

Haaretz, 25.08.2023. A recriminação vinda do governo dos EUA foi pela declaração do ministro de segurança do governo israelense, de que o modo de vida de sua família na Cisjordânia ocupada é mais relevante que a liberdade de locomoção dos árabes. A nota emitida pelos EUA condena a retórica racista, e acrescentou ainda que tais mensagens são especialmente prejudiciais quando propagadas por aqueles em posições de liderança. 

Editorial: Israel não se importa com a comunidade árabe

Haaretz,04.05.2023. O número de homicídios na comunidade árabe não dá sinais de abrandar e chegou até agora a 68. O aumento da violência na sociedade árabe deve-se a um problema mais profundo de jovens que não estão empregados e nem na escola. O massacre de terça-feira à noite na cidade árabe de Abu Snan, no norte de Israel, no qual quatro pessoas foram mortas a tiros, causou raiva e consternação em moradores locais, líderes árabes, bem como em alguns políticos israelenses. 

Nota: No tiroteio em Abu Snan morreram um candidato a prefeito, dois de seus familiares e um homem da cidade vizinha. 

Confiança na polícia diminui, conforme aumenta a violência nas comunidades árabes israelenses   

Jerusalém Post, 13.06.2023. Sucessivos governos prometeram reduzir a violência nas comunidades árabes em Israel, mas a situação só piorou. Os cidadãos árabes exigem mudanças reais. A matança causada pelo tiroteio na cidade árabe de Yafa an-Naseriyye, no norte do país, foi um dos piores atos de violência em Israel nos últimos anos. 

Ela vem na sequência de um grande aumento da violência nas comunidades árabes de Israel este ano. De acordo com o grupo de monitoramento antiviolência e pró-coexistência, Abraham Initiatives, pelo menos 100 árabes foram mortos violentamente desde o início do ano, um aumento acentuado em relação aos 35 assassinatos no ano de 2022. 

Shin Bet, a Agência de Segurança de Israel, na luta contra o aumento de assassinatos de israelenses árabes

Jerusalém Post, 23.08.2023. A Shin Bet ajudará a Polícia de Israel na investigação de organizações criminosas, “mas apenas em relação às eleições locais”. Na esteira dos recentes assassinatos políticos no setor árabe israelense, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e outros ministros convocaram um subcomitê dedicado a combater o problema crescente e anunciaram que a Shin Bet se juntará à luta contra as organizações criminosas nas comunidades árabes. 

Dezenas de milhares de israelenses marcham contra a reforma do judiciário pela 34a semana seguida

Haaretz, 26.08.2023. As manifestações pró-democracia contra a reforma do judiciário desta semana também focaram em promover vozes da sociedade árabe, em face do aumento crescente da taxa de homicídios nesta comunidade. Os manifestantes carregavam falsos caixões, para simbolizar os 159 israelenses árabes assassinados este ano. Em sua fala, o prefeito árabe da cidade de Tira perguntou: o ministro que não nos quer no país vai nos proteger? Um ministro que odeia os árabes irá proteger os filhos dos árabes? 

Nota: O prefeito se referia ao ministro da segurança nacional, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita. 

Cresce o poder dos ultraortodoxos

Foreign Policy, 27.07.2023. Os israelenses seculares temem que o crescimento da população haredi (ultraortodoxa) dê mais poder aos partidos religiosos. A controvérsia que ocorre agora em Israel sobre a reforma do judiciário, não é apenas sobre os planos de restringir os poderes dos tribunais e submetê-los a mais controle pelos políticos. É também sobre o caráter da sociedade israelense e se ela permanecerá liberal, democrática e amplamente laica – ou se tornará mais fechada, menos tolerante e permeada por valores religiosos. 

Para seu grande desconforto, a comunidade ultraortodoxa de Israel se vê no centro da controvérsia.Embora a oposição tenha principalmente como alvo de suas críticas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o ministro da justiça, Yariv Levin, e o legislador Simcha Rothman – arquitetos da reforma do judiciário – os ultraortodoxos também foram alvos. 

Ultraortodoxos de Israel acham que erraram ao apoiar o golpe, e temem revanche

Haaretz, 04.08.2023. Conforme parte da ira do movimento de protesto israelense é direcionado aos haredis, cresce o temor sobre a reação secular contra os ultraortodoxos. Pouco antes de morrer, o rabino Gershon Edelstein, líder de um setor de judeus ultraortodoxos, emitiu uma diretriz aos parlamentares que representam o setor, para que não se manifestassem sobre o tema da reforma do judiciário.  

Grupos pró-direitos das mulheres fazem manifestação em bairro ultraortodoxo        Haaretz,24.08.2023. O protesto ocorreu em meio ao aumento do corte de mulheres na esfera pública de Israel. Grupos de mulheres marcharam na cidade ultraortodoxa de Bnei Brak, em resposta ao aumento da discriminação e segregação baseadas no gênero na sociedade israelense. 

Míssil Arrow 3 simboliza que Israel se tornou uma potência de defesa

Jerusalem Post,21.08.2023. Os EUA aprovaram que Israel venda para a Alemanha o sistema de defesa antimísseis Arrow-3. A importância é financeira e simbólica. Do lado econômico, estima-se que o acordo corresponda de 3,5 a 4 bilhões de dólares, tornando-se o maior acordo de defesa da história de Israel. É impossível ignorar também a importância simbólica do Estado judeu vender um sistema de defesa de última geração justamente para a Alemanha. 

Nota: O Arrow 3 é um míssil antibalístico hipersônico exoatmosférico, financiado em conjunto, desenvolvido e produzido por Israel e Estados Unidos. 

Compra alemã do míssil Arrow 3 impede críticas à ocupação israelense

Haaretz, 23.08.2023. Alemanha e Israel acabam de assinar o maior acordo de armas da história de Israel. Críticos alemães apontam possíveis consequências para os palestinos, e estão associando a venda à suposta censura pelo chanceler Olaf Scholz de uma declaração sobre a ilegalidade da ocupação israelense. O sistema, que só deve entrar em operação em 2030, foi projetado para interceptar mísseis balísticos de longo alcance e deve proteger não apenas a Alemanha, mas também seus vizinhos. 

Suprema Corte da Holanda confirma imunidade de ex-oficiais israelenses em ataque aérea mortífero em Gaza, em 2014

Haaretz,25.08.2023. A Suprema Corte holandesa manteve a decisão de uma corte inferior de que um palestino não pode processar o ex-ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, e outro ex-oficial militar sênior, por seus papéis em um ataque aéreo em Gaza em 2014. Segundo a Corte, os acusados estão protegidos de ações na justiça da Holanda, por possuírem “imunidade funcional”. 

O caso foi movido por Ismail Ziada, que perdeu seis membros de sua família no ataque aéreo, que teve como alvo um prédio que o Hamas reconheceu abrigar militantes. Ziada queria que o tribunal holandês condenasse Gantz e o outro oficial a pagar indenizações. Sua equipe jurídica argumentou que os acusados não tinham imunidade porque as ações cometidas equivaliam a crimes de guerra. 

Notícias da diáspora 

Grupos judaicos instam Congresso dos EUA a apoiar democracia em Israel

Haaretz,24.08.2023. Dezessete importantes organizações judaicas dos Estados Unidos estão pedindo aos membros do Congresso, que apoiem uma resolução que condene a reforma do judiciário promovida pela coalizão de extrema direita liderada por Netanyahu. O número de copatrocinadores da resolução aumentou de 12 para 43 democratas nas semanas recentes, demonstrando o crescente descontentamento com a reforma que Netanyahu tenta aprovar. 

Ruben Rosenthal é professor aposentado da UENF, responsável pelo blogue Chacoalhando e pelo programa de entrevistas Agenda Mundo, no canal da TV GGN e da TV Chacoalhando.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

Redação

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