Campos Neto defende altas taxas de juros e diz que índice tem influência da dívida do governo

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Presidente do BC argumentou, durante quatro horas, que a taxa atual evitou salto na inflação

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender as altas taxas de juros no país. Desta vez, as declarações foram dadas durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, nesta terça-feira (25).

Ao longo de mais de quatro horas, Campos Neto defendeu a autonomia do BC e argumentou aos senadores que a alta nos juros tem o objetivo evitar o aumento da inflação.

Segundo ele, o país foi pioneiro ao aumentar os juros no ano eleitoral devido a previsões de inflação futura. “Nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de aumento de juros tão grande no período eleitoral, mostrando que o Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir”, disse aos senadores. 

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Se o BC não tivesse feito esse movimento em ano eleitoral (…) teríamos tido uma inflação de 10% ao invés de 5,8%. E aí, hoje, para controlar a inflação e a expectativa do ano que vem, que seria muito mais alta, teríamos que estar com os juros de 18,75%”, afirmou Campos Neto.

Já para justificar a Selic de 13,75% ao ano, o presidente do BC afirmou que o índice dos juros no país são compatíveis com o problema inflacionário em todo o globo. Além disso, ele afirmou que a baixa recuperação de crédito e a dívida bruta do governo influenciam na alta. “A dívida bruta brasileira é maior do que a média. É uma dívida explosiva? Não é, mas é muito maior que a média e isso reflete nas taxas de juros”.

Ainda, buscando fugir dos prejuízos dos juros altos à sociedade, Campos Neto pontuou que o combate à inflação é o melhor “instrumento social que existe hoje”. 

Contudo, em meio a tantas declarações, Campos Neto disse que não há previsão para queda de juros. “Tomaremos uma decisão técnica, olhando todos os fatores, e as coisas estão caminhando no sentido certo”, declarou.

Assista a audiência na íntegra:

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

5 Comentários

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  1. Apesar da taxa de juros estar estacionada na estratosfera, “as coisas têm caminhado no caminho certo”. Se a melhor política social é o combate à inflação, porque não se combate a inflação aumentando a oferta de bens e serviços, em vez de tentar combatê-la através da inibição do consumo via taxa de juros estratosférica?

  2. Fora Campos Neto! Espero que o Senado tire esse camarada da presidência do BC. Ele está impedindo que a economia do país saia da estagnação.

  3. E a quem pertence o dinheiro da nação? A seus (dele) patrões, os banqueiros? Ou ao Tesouro Nacional e seu Estado, sob responsabilidade de seus governantes constitucionalmente eleitos?

  4. Socorro Nassif! Gostaria de entender:
    1) Qual a relevância das reservas cambias nas projeções feitas pelo Banco Central?
    2) quando o BC justifica o aumento dos juros baseado na dívida pública alta, seria o mesmo que dizer, que o BC, aumentou a dívida para combater a dívida?

  5. Devo acreditar no Campos Neto, quando ele afirma que as altas taxas de juros tem influência da dívida do governo, ou no Eduardo Campos, o qual afirmou que o montante da dívida pública é diretamente influenciado -ela taxa de juros?

    O candidato do PSB à Presidência da República Eduardo Campos foi entrevistado ao vivo, na bancada do JN, por William Bonner e Patrícia Poeta.

    Patrícia Poeta – Então o tempo começa a ser contado a partir de agora. Candidato, vamos começar a entrevista com a lista de alguma promessas que o senhor já fez, eu anotei algumas delas: escola em tempo integral, passe livre para estudantes do ensino público, aumento dos investimentos em saúde para 10% das receitas da União, manutenção do poder de compra do salário mínimo e multiplicar por 10 o orçamento da segurança. Tudo isso significa aumento dos gastos públicos. Mas o senhor também promete baixar a inflação atual para 4% em 2016, chegando até 3% até 2019. E isso, segundo economistas, exige cortar pesadamente gastos públicos. Ou seja, essas promessas se chocam, se batem. Qual delas o senhor não vai cumprir?

    Eduardo Campos – Patrícia, na verdade, só há uma promessa, que é melhorar a vida do povo brasileiro. A sociedade brasileira tem apresentado na internet, nas ruas, uma nova pauta, que é a pauta da educação, da melhoria da assistência da saúde, que está um horror no país, a violência que cresce nos quatro cantos do país. Nós temos que dar conta de melhorar a qualidade de vida nas cidades onde a mobilidade também é um grave problema. E tudo isso em quatro anos. Nós estamos fazendo um programa de governo, ouvindo técnicos, a universidade, gente que já participou de governo. E é possível, sim. Nós estamos fazendo conta, tem orçamento. Eu imagino que muitas vezes as pessoas dizem assim: ‘Houve uma reunião do Copom hoje e aumentou 0,5% os juros’. E ninguém pergunta da onde vem esse dinheiro. E 0,5% na Taxa Selic significa 14 bi. O passe livre, que é um compromisso nosso com os estudantes, custa menos do que isso. Então, nós estamos fazendo contas para, com planejamento, em quatro anos trazer inflação para o centro da meta, fazer o Brasil voltar a crescer, que esse é outro grave problema, o Brasil parou. E o crescimento também vai abrir espaço fiscal. Tudo isso com responsabilidade na condução macroeconômica. Banco Central com independência, Conselho Nacional de Responsabilidade Fiscal, gente séria e competente governando. Fazendo a união dos competentes, dos bons, o Brasil pode ir muito mais longe.

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