A ultradireita e o legado das jornadas, por Arnobio Rocha

Ultradireita é o grande fruto dos movimentos mundiais inaugurados em 2010 a partir dos movimentos vistos em países árabes

Foto: Nelson Oliveira / Agência Senado

A Ultradireita – o Legado das Primaveras e Jornadas

Por Arnobio Rocha

em seu blog

“mais tarde, todavia, ele deverá sofrer tudo quanto AÎSA fiou para ele, desde o dia em que sua mãe o deu à luz”. (Ilíada, Homero, Canto XX, 125-128)

A Nova Direita, ou melhor, a Ultradireita é o grande legado dos movimentos mundiais inaugurados em 2010 pelas Primaveras Árabes (Tunísia, Egito, Líbia e Síria), depois continuada pelas revoltas em Espanha, Inglaterra, Itália, Turquia e Ucrânia, que chegou no Brasil em meados de 2013, as tais jornadas de junho, que na aparência era o movimento à esquerda contra aumento de passagens, rapidamente substituído por uma pauta conversadora/hipócrita (Corrupção) de contestação aos governos do PT.

Esses movimentos surgiram como resultado da super Crise (superprodução de Capital), iniciada em 2005 e que explodiu em 2008, com a Queda do Muro de Wall Street, a quebra de grandes bancos, a fração do Kapital que comanda o mundo, via a mega especulação financeira, a nuvem de trilhões que desorganiza e suga a produção de valor, onde quer que haja no planeta.

A quebra de um sistema (neoliberalismo) abriu uma vaga histórica de revoltas e revoluções, mas que sem um movimento  mundial de enfrentamento ao Kapital, foi capturada por uma bem urdia rede (sociais e outras) para uma nova ideologia (o ultraliberalismo) ainda mais tacanha do que a anterior, que tinha perdurado por 25 anos, de Reagan/Thatcher até Bush II/ Blair.

Uma contrarrevolução avançou de forma inexorável nos últimos 10 anos e destruiu instituições, estados nacionais, organizações, sonho e utopias de forma avassaladora. A década de 10, do novo milênio se circunscreve como uma das mais terríveis para os trabalhadores e trabalhadoras do mundo.

Novas formas de superexploração (uberização e precarização extrema) foram azeitadas, com a perda da capacidade de resistência, com o Estado, a Política e a Democracia, controlados por um regime autoritário, autocrático e que em muito lembra o fascismo. A desmoralização da representação política, caricata, tem em nomes como Trump e Bolsonaro uma marca podre, o cinismo, uso da religião, a negação da ciência, tudo sob controle de eficientes algoritmos que controlam desejos e vontades.

Depois de dez anos das jornadas de junho dificilmente se tem um balanço comum, que compreenda a raiz dos fenômenos que levaram àquelas explosões de ruas, algumas vezes se tem noção das consequências, mas, na maioria das vezes não há acordo sobre o significado e como a (ultra) Direita manipulou e dominou os destinos das jornadas.

Aqui, esse espaço, se filia ao grupo que diz sem embargos que as primaveras e as jornadas foram fruto de uma política bem urdida e pensada por um centro controlador e propulsor das revoltas, as redes sociais cumpriram esse papel, sendo elas centralizadas, sob domínio de poucas empresas, com poderes ilimitados de trilionários de ultradireita.

Esse debate, hoje, parece mais favorável, especialmente pelos movimentos de resistências que impuseram uma enorme derrota à ultradireita no Brasil, mesmo que ela se mantenha forte e com alto poder destruidor no congresso, no judiciário e em governos de estados importantes.

Ainda há muito a debater e lutar.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

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