A voz de quem saiu às ruas para se manifestar e teve de fugir da polícia – parte 2

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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A manifestação contra o reajuste da tarifa do transporte público gerou um confronto de grande porte entre estudantes e a Polícia Militar no centro de São Paulo durante a noite do último dia 13 de junho.

Para fugir da repressão policial, um grupo de estudantes acabou por encontrar abrigo no prédio da região do jornal, próximo ao Estádio Paulo Machado de Carvalho, conhecido como Pacaembu. Um pouco mais calmos, alguns estudantes deram seus depoimentos sobre o que houve no Centro de São Paulo.

Entre eles, a estudante I., que acompanhou a movimentação desde o Teatro Municipal.

 

 

I., 19 anos, estudante

Depoimento a Tatiane Correia

 

Tenho 19 anos, sou estudante, e eu não estou lutando a favor de nenhum partido. Eu, como muitos aqui, nós não somos bandidos, nós não fazemos vandalismo, nós estamos lutando por uma causa: a diminuição do preço da passagem em São Paulo. A gente se reuniu no Teatro Municipal, pacificamente, cantando a nossa causa.

Bom, na Constituição está escrito que qualquer cidadão pode se revoltar contra alguma causa que é contra, que é contra algo que não lhe favorece. E a polícia não tem o direito de ir contra algo que está na Constituição.

Nós não fizemos nada. A polícia foi a primeira… Nós estávamos no começo da Consolação, e sem motivo nenhum a polícia começou a jogar gás lacrimogêneo, e usar violência contra os manifestantes. Tem muitos menores entre nós, tem muitas pessoas que simplesmente querem fazer um movimento pacífico e a polícia simplesmente usa a violência.

Eu gostaria de destacar os helicópteros. eu acho que a polícia brinca um pouco de Deus porque ela praticamente sabe todos os lugares para onde o movimento tá indo, e fecha a gente por todos os lados, a gente não tem para onde fugir quando a bagunça começa, e é muito fácil você ter um helicóptero e saber onde o povo está indo e simplesmente barrar por onde quer ou manipular os caminhos para que a gente chegue no momento onde a gente vai se machucar, vai receber gás.

Pelo o que eu estou vendo, na opinião das pessoas em geral, a ideia é que cada vez esse movimento seja maior, que as pessoas que estão vindo não parem de vir, e que enquanto a passagem não baixar, o movimento não vai parar. Talvez São Paulo pare em relação a essas pessoas.

Bom, acho que todo protesto começa com uma causa mais simples, e pelas pessoas perceberem como o governo não liga para isso, como o governo despreza, outras causas vem surgindo e a causa geral vai crescendo. Então, o pensamento das pessoas vai se expandindo para coisas que estavam na garganta, e não saíam até esse momento, e é um momento em que todos podem falar o que pensam.

A minha ideia é sempre participar até que a passagem diminua e, enquanto houver causas maiores que se agreguem ao movimento, também lutar por essas causas enquanto elas não sejam resolvidas.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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