As declarações acacianas de Cardozo sobre o confronto com índios

Do O Globo

Ao falar sobre confronto com índios, Cardozo diz que turista deve se sentir seguro
 
Ministro da Justiça diz que excessos devem ser coibidos

BRASÍLIA – Depois de participar de uma reunião do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quarta-feira que a polícia deve coibir eventuais excessos em manifestações públicas. O ministro fez o comentário ao responder uma pergunta sobre o protesto em que um índio disparou uma flecha contra um policial militar próximo ao estádio Mané Garricha, palco de sete jogos da Copa.

– A polícia deve garantir a liberdade de manifestação e deve evitar que pessoas abusem. Quem abusar deverá ser punido – afirmou Cardozo.

O ministro não disse, no entanto, se os índios deveriam ser proibidos de participar de manifestações públicas com arcos e flechas. Segundo ele, cada caso deve ser analisado separadamente. Cardozo afirma ainda que o confronto entre policiais e índios perto do estádio não daria motivos para turistas estrangeiros se sentirem inseguros. Ele argumenta que protestos costumam ocorrer em qualquer outro país que promova grandes eventos.

– Acho que os estrangeiros devem se sentir seguros sim porque a polícia está presente para garantir exatamente o respeito à lei, à liberdade de manifestação, mas não permitir abuso – afirmou.

Durante os confrontos, que duraram aproximadamente duas hora, um policial e quatro índios, segundo o Conselho Missionário Indigenista, ficaram feridos. Cardozo também reconheceu problemas na segurança do ônibus usado para transportar jogadores da seleção brasileira, no Rio. O ônibus foi cercado por professores que estão em campanha por reajuste salarial. Segundo Cardozo, são questões pontuais a serem resolvidas ao longo da Copa.

– Essas questões pontuais pouco a pouco vão aparecendo e nós vamos solucionando. O importante é que o plano existe e que nós teremos um excelente padrão de segurança na Copa – afirmou.

Cimi nega prisões

A assessoria de imprensa do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) contestou a informação de que um dos participantes do protesto de ontem em frente ao estádio Mané Garrincha, que atingiu um policial militar com um flechada na perna, tenha sido detido. De acordo com a assessoria, nenhum dos indígenas que estiveram na manifestação prestou depoimento à Polícia Civil. A assessoria informou que seis índios ficaram feridos durante o confronto com a Polícia Militar ontem: quatro com balas de borracha, e dois com estilhaços de bombas.

A assessoria também explicou que os índios só podem ser detidos e interrogados pela Polícia Federal. Além disso, só o Ministério Público Federal pode apresentar denúncias contra eles, e somente a Justiça Federal pode julgar eventuais irregularidades ou crimes.

Ainda de acordo com a assessoria, o uso de arco e flecha, como verificado durante o confronto com a Polícia Militar, deve ser encarado não como arma branca, mas num contexto cultural. A assessoria observou que o equipamento é utilizado não apenas para a guerra ou ataque, mas também para caça, pesca e até em rituais religiosos. Na visão do Cimi, os índios sentiram-se acuados no protesto de ontem e, por isso, revidaram.

 

Redação

9 Comentários

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  1. Vários efeitos, uma só causa

    O problema é que uma coisa foram as manifestações dos índios, plenas de razão.

    Outra coisa foi o adesismo com más intenções dos contracopeiros, que contou com o contingente indígena para chegar a seus objetivos: causar prejuízos à Copa depredando o estádio e o local de visitação ao troféu (com a possibilidade de roubá-lo, aí seria a glória).

    Como sempre, a polícia se excedeu em sua ação. Isso é de praxe da polícia.

    Como sempre, os contracopeiros de excederam em suas pretensões. Isso também é praxe deles: uma minoria disposta a colher vítimas para propagar sua causa. Causa, que causa? A eleitoral.

  2. A Cimi é incoerente!!!

    Flecha é o contexto cultural, é usado para caça??? Então espingarda também é! Deve-se usar flecha em caças e não em protesto, já que a lei considera o índio praticamnete imputável. Entretanto, se esquecem que eles podem ser manipulados, é quem responde por isso?? Esse Ministro é muito devagar, ele deveria se manifestar contra a proibição do uso de arcos e flechas, na “sociedade”, já em suas terras, em suas aldeias eles fazem as suas leis.

    1. O CIMI é perigoso.
      Veja como o CIMI se posicionou após um ataque que índios fizeram contra um engenheiro da Eletrobras.  “Nesta entrevista, o padre Nelo Ruffaldi, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo da Igreja que assessora diretamente indígenas da região do Xingu, fala sobre as discussões do projeto, diálogo com indígenas, e o caso recente de agressão sofrida pelo engenheiro da Eletrobrás que foi ferido no braço por índios, durante a realização do último encontro em Altamira.

       

      Como está o clima agora depois do acontecido em Altamira, com o ataque ao engenheiro da Eletrobrás?

      Por parte dos índios acredito que agora está tudo mais calmo. Eles quiseram dar o recado deles, e infelizmente foi daquele jeito, que foi aproveitado de maneira negativa, e contra eles e contra a Igreja. Além do mais, aquilo que aconteceu extrapolou o fato de haver uma agressão física. Foi um fato muito mal interpretado por toda a mídia. Lamento que tenha acontecido isso. Não queremos nada com agressão física, nem com sangue. Vimos que a partir daí (daquele momento da agressão) a imprensa quase desencadeou uma campanha contra a Igreja, e contra Dom Erwin (bispo da Prelazia do Xingu). Já no primeiro dia antes da agressão vimos reportagens contrárias ao projeto financiando por estrangeiros. Depois, aproveitaram do fato da agressão. Dom Erwin é a pedra no sapato de muita gente por denunciar as irregularidades de Belo Monte, por defender os índios e por denunciar o consórcio para matar Irmã Dorothy. Acho que extrapolaram um pouco juntando todos esses fatos”.

       

       

      http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL489177-5598,00-PF+ABRE+INQUERITO+PARA+INVESTIGAR+AGRESSAO+DE+INDIOS+A+ENGENHEIRO.html

       

      http://www.pascom.org/entrevistas_780480.html

       

  3. O dia em que Tostão jogou contra o Brasil.

    Tostão, entre em campo, a insensatez está ganhando o jogo.

    Tostão junto com Sócrates e Afonsinho formam o trio de ataque da intelligentsia do futebol brasileiro.  Enquanto Sócrates se destacava pela presença pública e Afonsinho pela postura de desafio ao establishment, Tostão é um especialista do gol de letra.

    Tostão é um ser humano discreto, o que não o impede de ser um grande teórico do futebol e um grande texto da nossa crônica. Habilidades essas já reunidas até em um livro.

    Além disso, Tostão é também um grande coração, e esse grande coração o levou a erro. Falo de sua crônica de 28/05/2014, na Folha, ”Respeitem o acaso”.

    Logo no começo, há o seguinte posicionamento de Tostão:

    “Ao ver o protesto dos professores, na saída do ônibus da seleção para Teresópolis, lembrei-me de que já estive dentro do ônibus, como atleta, e fora dele, como professor da Faculdade de Ciências Médicas, quando ganhava tão pouco quanto os atuais professores municipais e estaduais.

    Entendo os dois lados. Os professores têm razão em protestar. São, assim como a educação, maltratados há décadas.

    Os jogadores não têm nada a ver com isso. Eles ganham muito porque são protagonistas de um negócio milionário. Os professores sabem disso. A manifestação não era contra os atletas. Foi uma oportunidade de gritar para serem ouvidos”.

    “Foi uma oportunidade de gritar para serem ouvidos”.

    Não, Tostão, não foi oportunidade, foi oportunismo.

    Mais uma cena desse nefasto oportunismo ao qual estão sendo levados os que têm uma causa justa a defender, mas também os que defendem causas inconfessáveis.

    Tostão se referia a professores das rede pública do Rio de Janeiro que cercaram e hostilizaram a seleção brasileira no ônibus que a levava para a concentração na Granja Comary. Desde quando jogadores da seleção brasileira decidem sobre aumento salarial de professores da rede pública de ensino?

    causa dos professores é justa. Como eu poderia, sendo um deles, não achá-la assim?

    Mas, aqui, trata-se de discutir se os fins justificam os meios. E não justificam, nunca justificaram.

    Mais uma vez, a Copa, agora na figura dos jogadores da seleção brasileira, foi tomada como subterfúgio, como pretexto, enfim, como refém.

    Tostão, que outros símbolos permitiremos que sejam agredidos em nome de “justas causas”?

    Permitiremos que crianças e velhos sejam ameaçados, permitiremos que motoristas sejam cercados nos seus carros e feitos reféns? Permitiremos que pessoas sejam queimadas vivas, permitiremos que jornalistas sejam trucidados?

    Não, claro que não.

    Mas, sim, claro que sim, Tostão.

    Vejamos o que nos traz a Folha de São Paulo, jornal para o qual você escreve e que incentiva os protestos de rua, criou o serviço ”protestômetro” para facilitar a vida dos “protesteiros”, e mantém a editoria ”A Copa como ela é” para divulgar, mais do que para noticiar, os tais “protestos contra a Copa”.

    “Índio fere PM com flechada em ato anti-Copa em Brasília

    Uma manifestação contra a Copa realizada nesta terça-feira (27) em Brasília, com a participação de índios e sem-teto, terminou em confronto com a Polícia Militar, deixou três feridos, causou um caos no trânsito e interrompeu a visitação à taça do Mundial. …

    O protesto foi marcado inicialmente por grupo que é contra os gastos do Mundial denominado “Comitê Copa Pra Quem”, mas reuniu outros movimentos com reivindicações distintas, como o sem-teto, que protestavam na cidade contra o deficit habitacional, e cerca de 300 índios que vieram a Brasília exigir demarcações de terras.

    O confronto começou por volta das 17h, quando a cavalaria da PM barrou a aproximação dos manifestantes que pretendiam chegar ao estádio Mané Garrincha, onde a taça da Copa estava em exposição para o público. …

    A partir daí a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo e os manifestantes reagiram com flechadas, paus e pedras. Foi nesse momento que um dos policiais do Batalhão de Cavalaria, o cabo Cleber José Ferreira, foi atingido por uma flecha na perna esquerda. Segundo a PM, ele foi medicado no hospital e liberado.

    A PM passou meia hora lançando bombas de gás para dispersar os manifestantes, que recuaram e chegaram próximo ao local onde estavam os motoristas retidos no trânsito. Por 20 minutos, dez veículos foram bloqueados por um número menor de manifestantes, entre eles índios que apontavam flechas para os motoristas. …

    A Secretaria de Segurança local informou que a ação da PF foi eficiente para proteger “o grande público, especialmente crianças, estudantes e idosos que estavam no evento de visitação da taça” .

    “… dez veículos foram bloqueados por um número menor de manifestantes, entre eles índios que apontavam flechas para os motoristas”.

    A causa dos índios é justa, a causa dos sem-teto é justa, mas, tal como você mesmo lembrou, Tostão, “os jogadores não têm nada a ver com isso”, como nada tinham a ver com isso os motoristas, crianças e velhos que ou circulavam pelo Eixo Monumental ou tinham ido ver a Taça.

    Todos feitos reféns dos oportunistas das causas justas.

    Até quando continuaremos, Tostão, nesta marcha da insensatez, onde jogadores da seleção são cercados, crianças e velhos constrangidos e policais feridos a flechadas?

    Isso depois que, em São Paulo, uma família escapou por milagre de um carro incendiado e, no Rio, um jornalista não escapou de morrer com a cabeça arrebentada por um morteiro. Ações dos black blocs, “jovens indignados” com “tudo isso que está aí” também em busca de “uma oportunidade de gritar para serem ouvidos”.

    Quanto tempo gastaremos para perceber e denunciar, para colocarmo-nos contra essa orquestração e esses oportunismos que nos colocam a todos como reféns?

    Tenho certeza de que você conhece Edmund Burke, capitão do time do processo civilizatório e das suas contradições, e seu alerta: “Para que o mal triunfe basta que os bons não façam nada”.

    Tostão, contamos com você em campo para essa partida decisiva.

  4. Arco e flecha podem ser aspectos culturais dos índios, mas ferem

    Do mesmo jeito de uma arma comum. Índios que vão para protestos contra a Copa do Mundo estão indo para a guerra? Se não estão, então para que o arco e flecha? E desde quando protestar contra a Copa do Mundo faz parte do “contexto cultural” dos índios?

    Nada disso justifica a participação de índios nos protestos armados com arco e flecha. São índios, mas não têm o direito de ameaçar a integridade física das pessoas.

    1. tu entendeu errado

      índio pede demarcação de terra. simbólicamente falando de uma bomba semiótica, que se devolva para eles uma ínfima parcela do que roubamos fazem 500 e tantos anos deles.

      o resto são os coxinhas atacando novamente, se aproveitando da situação.

      1. Pela sua lógica…

        Pela sua lógica, você, eu e muitos roubamos também, pois somos descendentes de Portuguêses, o problema que somos descendentes de índio também. Voltar na história é algo complicado nesses casos, porque, quem roubou foram os Portuguêses, mas, isto foi em 1500, e se não fosse estas mudanças  históricas como: de tratado de tordesilhas ou mesmo o estado do Acre que pertencia a Bolívia o Brasil poderia ser bem menor. Os bolivianos reclamam parte do estado do Acre, vamos devolver para eles? Nós somos mistura Português, índios, negros…… e por ai vai, temos que defender os índios, mas, os verdadeiros, não alguns que andam de tenis e outras coisas. Temos que defender os índios que querem viver fora da nossa sociedade e que querem preservar suas culturas.

        Neste caso acredito que eles foram mainipulados para este protesto, e não pode haver protesto com armas, seja espingardas ou arco e flecha, seja pessoas inimputáveis ou não.

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