Em depoimento à PF, Bolsonaro diz que “recriminou todo e qualquer ato antidemocrático”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Bolsonaro é considerado o grande incitador dos crimes de 8 de janeiro e são investigados maiores envolvimentos dele

Jair Bolsonaro em ato bolsonarista em maio de 2020, que pedia o fechamento do Congresso – Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele é considerado o grande incitador dos crimes e são investigados maiores envolvimentos dele – como o fato de estar na Flórida, nos Estados Unidos, juntamente com Anderson Torres, seu ex-ministro e então secretário de Segurança do Distrito Federal.

Em coletiva de imprensa após o depoimento, os advogados do ex-mandatário afirmaram que ele repudiou os atos golpistas: “O presidente reiterou, recriminou todo e qualquer ato antidemocrático que visa gerar instabilidade na ordem democrática e isso está consignado no depoimento de hoje”, disse o advogado Fábio Wajgarten.

Desde que os golpistas foram presos e as investigações avançaram, Bolsonaro tem lavado as mãos, dito que não tem relação com os atos – dos quais não chamou de crime e também criticou a detenção dos invasores.

Mas além do apoio aos criminosos, em si, a Polícia Federal precisa saber:

– O que o ex-mandatário fazia na Flórida, no momento da invasão;

– A “coincidência” de estar na mesma região dos EUA que o então secretário de Segurança Pública e seu ex-ministro, Anderson Torres, que carrega uma lista de acusações de participação nos crimes;

– O nível de conhecimento do que estava sucedendo;

– A participação do primo dos filhos e sobrinho do ex-presidente nos atos golpistas, Leo Índio;

– As diversas manifestações de parlamentares e aliados bolsonaristas sobre os atos, como do deputado federal General Girão (PL) e André Fernandes (PL), que fez a divulgação dos atos;

– A possível relação de Bolsonaro com os financiadores dos atos;

– O estímulo e a defesa ao acampamento bolsonarista em Brasília, ainda no fim de seu mandato;

– As publicações nas redes sociais de Bolsonaro, afirmando que a eleição presidencial de Lula não foi legítima;

– E as falas incisivas do ex-presidente, antes das eleições, contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral e, principalmente, após o resultado de sua derrota.

“Quem decide o meu futuro são vocês, quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês. (…) Vamos vencer. Se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno”, foi a fala do ex-presidente, no dia 9 de dezembro, quebrando o silêncio na sua primeira manifestação a apoiadores após a derrota.

Vídeo foi “sem querer”

Nesta terça-feira (25), véspera do depoimento à PF, Bolsonaro teria passado o dia com os seus advogados, estudando a abordagem que adotaria nas declarações de hoje.

Foi aventado, inclusive, que ex-mandatário teria decidido permanecer em silêncio sobre quase todas as perguntas e só responder sobre o vídeo que compartilhou no Facebook, no dia 10 de janeiro, de um homem que afirmava que as urnas eletrônicas eram fraudadas e no qual aparecia o próprio ex-presidente questionando a legitimidade da eleição.

Internamente, a família responsabilizava o vereador Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-mandatário, pela postagem. À imprensa, os advogados de Bolsonaro negaram que foi o filho do político que postou e justificaram que sob o efeito de medicamentos, ele cometeu um erro, sem querer, e publicou o vídeo.

“Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para seu arquivo de Whatsapp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente neste período o presidente estava internado num hospital em Orlando justamente no período do dia 8 ao 10 (…) Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que pouco tempo depois, 2 a 3 horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem”, disse o advogado Paulo Cunha Bueno.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Tem muita bronca pra responder, pá daqui, pá dali , vai cansando… De repente ,uma condenação… Ineligivel, respondendo … Outra condenação,outra bronca… O fantasma de Mariele e Anderson… A fakeada, outra condenação… É que,o Bolsonaro é idoso ,tudo isso vai pesar, é doente…. Ainda vamos ver essa figura de filme de terror entrando em tribunal em cadeira de rodas…

  2. Célio Ferreira, ao chamar os crimes de Bolsonaro de loucura, você dá sinal verde para que ele continue se fingindo de louco enquanto pratica crimes. Por favor, chame merda de bosta e caviar de caviar.

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