“Estavam dispostos a tudo, inclusive, de atentar contra a nossa vida”, diz cabo da PM sobre golpistas do 8 de janeiro

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Cabo da PMDF, Marcela Pinno, relata “selvageria” que sofreu ao tentar conter os criminosos

Cabo da PMDF Marcela Pinno, agredida durante os atos golpistas de 8 de janeiro. | Foto: Reprodução/TV Câmara

A cabo da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marcela da Silva Morais Pinno, colocou em xeque a versão de parlamentares bolsonarista sobre o caráter “pacifico” das manifestações de 8 de janeiro. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, nesta terça-feira (12), a agente de segurança afirmou que os criminosos “estavam dispostas a tudo”.

Durante a invasão às sedes dos Três Poderes, a cabo da PM atuava para conter os vândalos e chegou a ser atirada de uma das cúpulas do Congresso Nacional e foi atacada com barras de ferro pelos vândalos. “Era nítida a intenção de que eles estavam dispostos a tudo, inclusive, de atentar contra a nossa vida, como foi feito”, afirmou.

Segundo Marcela, havia uma organização entre os criminosos, que “provavelmente foram orientados“. “Era perceptível que estavam organizados. Havia em torno de quatro ou cinco manifestantes que estavam à frente da manifestação. Eles possuíam luvas para ter acesso ao nosso material. São lançadas granadas a altas temperaturas. Se for pega em mão livre, vão ter queimaduras seríssimas. Estavam de máscaras, se utilizavam de toalhas e lenços para cobrir o rosto”, disse.

Bolsonaristas tentam emplacar a tese que a manifestação foi, em geral, “pacífica”, uma vez que contou com a presença de idosos e crianças. A agente de segurança pública, no entanto, destacou que: “Na linha de frente dos manifestantes não havia crianças”, relembrou. “Haviam idosos e crianças mais atrás. Mas não na linha de frente”, completou.

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Tamanha agressividade

Marcela chegou a classificar o episódio como “selvageria” e agradeceu publicamente aos colegas que salvaram sua vida. “Jamais, nesses quatro anos de atuação, estive diante de tamanha agressividade como foi em 8 de janeiro (…) Foi um dos confrontos mais violentos que tivemos. Eles [comandantes] ordenaram que posicionássemos a tropa na cúpula. No momento que começamos o posicionamento, os manifestantes começaram a nos cercar“, pontou.

Um coquetel molotov chegou a bater no meu escudo, mas ele falhou. Fomos jogados, empurrados mesmo, do alto da cúpula. Eu caio de 3 metros de altura e, depois, consigo retornar pela lateral do Congresso (….) Fui atacada duas vezes, espancada, batiam em mim com uma barra de ferro. Meu capacete ficou amassado. O que me manteve ali e me fez resistir, apesar de toda a agressividade, foi saber que posso contar com meus colegas de trabalho. Foi o subtenente quem me salvou e me tirou daquela selvageria”, acrescentou a militar.

Bravura 

A cabo Marcela, que atua na Segurança Pública do DF há quatro anos, foi promovida pela Polícia Militar em maio, pelos bravura na atuação em 8 de janeiro.

Estávamos na linha de frente. Foram atos extremamente violentos, e nunca atuei em nada daquela proporção. Nossa promoção é um reconhecimento a todos do batalhão, que atuaram mesmo feridos e, em momento algum, pensaram em desistir”, disse.

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Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

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