EUA: Obama supera Romney no segundo debate

Por Marco Antonio L.

Da Carta Capital

Obama reage e é melhor que Romney no segundo debate

Por Eduardo Graça, de Nova York

Em um programa marcado pelo total desrespeito às regras, que não previam enfrentamento direto entre os dois candidatos nem perguntas da moderadora, a jornalista Candy Crowley (CNN), o presidente Barack Obama voltou à forma e fez o ex-governador Mitt Romney perder a calma mais de uma vez no segundo debate entre os dois candidatos à Casa Branca, realizado em uma universidade localizada em um dos mais perigosos subúrbios de Nova York.

Em determinado momento, um contrariado Romney chegou a admitir que Obama, surpreendemente ausente no primeiro encontro público dos dois, em Denver, Colorado, era “um ótimo comunicador”. No que a estrela da MSNBC, Rachel Maddow, considerou o melhor debate da história de Barack Obama, o presidente foi capaz de desconstruir o oponente republicano como um político mais perigoso do que George W.Bush no que diz respeito às propostas sociais da oposição, incluindo direitos das mulheres, imigração e o completo desmantelamento do suporte do Estado à classes média e baixa.

O momento mais sério do debate, cujo formato era o chamado “town hall”, em que os candidatos ficam de pé e interagem diretamente com eleitores indecisos, responsáveis pela maioria das perguntas, ocorreu em torno da resposta da administração democrata ao ataque terrorista ao consulado de Benghazi, na Líbia, que causou a morte do embaixador americano no país.

Obama criticou o uso político do fato pelo republicano, que convocou uma coletiva de imprensa antes mesmo de se saber a gravidade do fato, condenando a política externa democrata para o Oriente Médio. “Não é uma atitude de um comandante-em-chefe”. Romney reagiu dizendo que o presidente,no dia seguinte ao ataque, foi a uma reunião para angariar fundos no estado de Nevada, um dos mais decisivos para a eleição. Obama, seríssimo, reagiu, lembrando que no dia seguinte, ao lado da Secretária de Estado Hillary Clinton, atendeu a uma cerimônia oficial honrando as vítimas: “A sugestão de que qualquer membro da minha administração, seja a Secretária de Estado, seja a Embaixadora dos EUA na ONU estava fazendo política ou enganou o público americano, quando perdemos quatro membros de nosso time, é ofensivo”. Romney disse então que Obama não disse que o ataque era um ato de terror. A mediadora teve de corrigi-lo em um dos momentos mais desconfortáveis para o ex-governador.

Seguidamente, Romney ofereceu oportunidades de ataque para o presidente e desta vez Obama não titubeou. Em determinando momento, em uma discussão sobre a política industrial do país especialmente em relação à China, o ex-governador exigiu que Obama confirmasse que seu fundo de aposentadoria também contava com investimentos em empresas chinesas (acusação feita por Obama anteriormente, afirmando que ‘ninguém será mais condescendente com os chineses do que Mitt Romney”). Obama reagiu dizendo que “certamente as aplicações de Romney são muito mais recheadas do que a dele”. Também foi Romney quem mencionou primeiro, ainda que indiretamente, o já histórico vídeo dos 47% ao afirmar peremptoriamente “querer governar para 100% dos americanos”. Obama reagiu lembrando que os 47% acusados por Romney “em um encontro a quatro paredes” de “viverem às custas do governo” são “veteranos de guerra, soldados, pessoas que trabalham duro mas não conseguem pagar as contas no fim do mês”.

Romney seguiu a estratégia – inteligente – de se referir ao alto desemprego, beirando os 8%, marca histórica para a reeleição de um presidente (no momento está na casa dos 7,8%, mas o republicano argumentou que o número real, excluindo-se os que desistiram de procurar trabalho, é superior a 10%) sempre que possível. Obama reagiu com mensagens dirigidas aos grupos que podem garantir sua reeleição, como as mulheres (“Romney quer limitar seu direito a decidir o que fazer com seu corpo”) e os hispânicos (“O melhor plano por ele apresentado para vocês é a auto-deportação”). E, usando de bom humor, disse que os tais “cinco pontos” do plano de retomada econômica tem apenas um ponto: favorecer os mais ricos. Esta foi a filosofia dele no setor privado, quando governou Massachusetts e como candidato à presidência”. Obama também criticou as propostas econômicas de Romney como vagas, omitindo seu custo social, especialmente para a classe média. “Se alguém apresentasse este plano para o homem de negócios Mitt Romney, ele jamais investiria capital nestas ideias”.

Nas pesquisas com eleitores indecisos após o debate, a rede CBS deu vitória ao presidente Obama, por 37% a 30%. Os eleitores ouvidos pela CNN também deram Obama vitorioso, 46% a 39%. Em uma eleição que deverá ser decidida – de acordo com todos os institutos de pesquisas conceituados – mais no número de simpatizantes presentes na boca de urna (nos EUA, o voto não é obrigatório) do que no convencimento dos poucos eleitores ainda indecisos, o influente jornalista Andrew Sullivan, dos mais irritados com a pífia performance de Obama em Denver, resumiu um minuto depois do fim do debate o ânimo dos democratas: “Obama venceu o jogo. Ele lutou, reagiu e nos deu mais razão para seguir a luta”. O próximo debate acontece em seis dias na Flórida.

Luis Nassif

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