do IBRE
Há uma geração que não viveu a ditadura e que, por isso, rejeita menos a direita, diz Claudio Couto
Leia a entrevista de Claudio Couto, do Departamento de Gestão Pública da FGV Eaesp à Conjuntura
Conjuntura Econômica – Desde a redemocratização, ser politicamente de direita alimentou uma conotação negativa. Mas hoje vemos que Jair Bolsonaro tem se sustentado nas pesquisas de opinião, e uma ala do PSDB mudando sua posição no espectro político, buscando consolidar candidaturas de centro. Podemos considerar que esses são indicativos de que a “direita envergonhada” está virando coisa do passado?
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A minha geração não viveu o inferno…
…mas nem por isso deixa de rejeitá-lo.
O maior erro do Brasil foi a
O maior erro do Brasil foi a constituição de 88, aquela farsa nojenta, e a anistia aos criminosos da ditadura.
Não dá de jogar esse tipo de sujeira para debaixo do tapete. O Brasil terá que passar a limpo sua história. Só assim iremos evoluir como povo.
Outra coisa que me ocorreu:
Outra coisa que me ocorreu: não é porque eu não vivi um período que posso achar que aquele período foi melhor.
Eu não vivi a realidade dos campos de concentração nazista, mas sei que eram desumanos e merecem o meu desprezo.
Essa geração que acha que na ditadura era tudo melhor é só um bando de idiotas sem justificativa.
Por que que a geração que não
Por que que a geração que não viveu durante a ditatuda pensa que não foi tão ruim assim? Primeiro porque não foi feito oficalmente um processo de acusação contra o golpe de 64 e o periodo militar. Inventaram a lei da Anistia e ficou por isso mesmo. Nenhum presidente militar, nenhum torturador, assassino foi responsabilizado. Segundo porque hoje os jovens ouvem de muitos adultos que naquela época era bem melhor, que não havia “essa violência de hoje” e blabla. Logo, muitos jovens ouvem Bolsonaro falar que vai mandar matar os bandidos e colocar ordem no Brasil, à sua maneira, e pensam que ele tem razão. Eh questão sim de instrução e educação, que se começa em casa.
Análise tributária
É simples assim: em 1985 a sociedade pagava 23% do PIB em impostos. Hoje paga 33%. Só maluco acha que pagar mais por serviços piores é melhor.
Li uma notícia hoje
A Dilma acabou de dizer lá em Minas Gerais que deveríamos pagar também a CPMF.
Porque você não volta para 1985?
Em 1985 eu passava fome enquanto muitos pobres, que eram e continuam a ser os únicos a pagar impostos, morriam nas filas dos hospitais públicos. Hoje quase todo pobre faz cirurgia estética e tem carro. Pergunte a eles, se eles querem voltar para o passado.
Em vez de pentear macacos, você tenta, em vão, justificar as mazelas do passado com as mazelas do presente. O passado é uma roupa que não nos serve mais, exceto prá quem ama o passado e que não vê que o novo sempre vem.
não vivi a ditadura militar
mas vivi o governo fhc, então pra mim a direita é um lixo
calma
Calma eles vão er oportunidade agora com esse filhote da ditadura de veverem um pouco dela
Mais uma forma hipócrita de recontar a história
A ditadura não foi meramente militar, e a história de que todos estavam contra ela é similar à forma como os franceses gostam de contar suas relações com o nazismo. As vêzes parece que na França só havia maquis, e partisans. Quando contam , ( com algumas exceçoes é claro) os colaboracionistas eram apenas um número ínfimo. E sabemos que isto não é verdade. No Brasil também tivemos e temos uma quantidade significativa de defensores do autoritarismo da Ditadura. As marchas pela familia tradição e propriedade foram muitas e muita gente lá estava. E como na França, ao final da guerra todos viraram democratas.
Estas pessoas e grupos não desapareceram e muitas foram alimentadas no interior de muitas casas, da classe A, da classe média e até mesmo das classes mais pobres. Alguns por ideologia, muitos da classe média para se sentirem menos classe média, ou se sentirem ricos. Outros sofrendo sózinhos numa máquina de fazer suco, que é a nossa sociedade, partem para um saída individual, ou que pensam ser apenas individual. Lutam desesperadamente e se tem algum tipo de sucesso mesmo que pequeno, não vêm isto como fruto de algo social, mas sim do esforço próprio. Muitos só encontram aconchego, e escapam da anonimidade e da solidão das grandes cidades nos templos de qualquer religião. Aí ficam entre Deus e o dinheiro, presas fáceis do discurso religioso, do discurso fascista, do discurso liberal, do discurso centrado no indivíduo e não na sociedade. Nesta massa talvez contemos nos dedos os que aderem de fato ao fascismo, mas não temos mãos suficientes, para os que se fascinam por discursos fascistas, e ou de direita, e ou liberais.
Mas para isto tiveram que destruir todas as políticas sociais, tiveram que assassinar reputações e criar uma visão deplorável da política e principalmente , estimulando os mais baixos instintos assassinar a imagem de todo e qualquer político, que defendesse qualquer política social. O termo populismo é o retrato disto. A maneira como afrimam a necessidade de um remédio amargo, contra políticas sociais, faz parte desta política. Aliás um discurso defendido várias vêzes pelo articulista em suas aparições naquele programa, em que Waack , perguntava: O populismo acabou? Enquanto isto defendem um liberalismo, que consiste basicamente em arriscar apenas se for seguro. Como dizem, os empresários não investem por falta de confiança. Balela, querem mesmo é criar leis que os protejam contra todo e qualquer fracasso e que garantam um lucro eterno e manter as garras sobre o estado. Aos da classe média, apenas advirto que, o discurso de menos impostos é apenas para emprêsas e negócios, pois esta turba jamais vai abrir mão dos impostos da plebe ignara. Afinal controlando o estado através de seus políticos eles controlam toda esta massa de dinheiro, para mais uma vez concentrar a renda.
Este discurso de filhos da ditadura, ou geração pós-ditadura, me parece, na boca do articulista, uma forma de se eximir da culpa. Isto não corresponde aos fatos, não foi a falta de vivência com a ditadura que gerou esta direita. O milagre econômico e seu discurso liberal e tecnicista, gerou esta direita.O choque de liberalismo de Collor e de FHC, gerou esta direita. A submissão ao FMI com os seus discursos exigindo que fizessemos a lição de casa gerou esta direita. O monolitismo dos cursos de economia com sua fixação no mercado gerou esta direita. Tudo isto unido a uma herança escravocrata . Tudo isto se une ao golpismo que excitando os instintos mais baixos e destruindo as instituições democráticas e gerando o ódio, abriu a caixa de pandora deixando de lá sairem todos os monstros.
Obviamente vão perguntar sobre a culpa dos governos do PT. As pesquisas e eleições de certa forma respondem a isto. A direita liberal não ganha uma eleição há quase duas décadas. E mesmo depois de tentar varrer o PT, não estão conseguindo a não ser buscando ajuda no fascismo de Bolsonaro, e nos juízes da Casa Grande. Ter 10% de fascistas extremados reflete nossa sociedade, mas o apoio bem maior ao PT mesmo após todo este bombardeio reflete o apoio às políticas dos anos em que o PT esteve no poder. Quanto aos chamados liberais eles não começaram a se manifestar agora, eles ai estão desde as mais priscas eras e sempre tiveram horas e horas de televisão.
Com relação à exposição desavergonhada de posições fascistas é um fato novo, fruto de um movimento golpista com grande suporte numa mídia que participou ativamente . Mas apenas a manifestação explícita é um fato novo. Fascistas sempre os tivemos, apenas estavam dentro da caixa de pandora, aberta e estimulada pelo golpismo. E de forma consciente ou inconsciente o articulista fez parte disto tudo.