Do blog do Rui Daher no Terra Magazine
Cuba e seus bloqueios comercial e agrícola
Deixemos a agricultura africana sossegada e singremos o Oceano Atlântico, partindo da costa oeste até o Caribe, aonde iremos ancorar na maior de suas ilhas, Cuba.
Na verdade um arquipélago, formado por 1.500 minúsculas ilhas e uma significativa base militar norte-americana, Guantánamo.
A boina de Che Guevara e a cartola de Tio Sam ficarão em nosso barquinho, pois de política não iremos tratar. Seria arriscado arrastar milhares de comentaristas a blog tão modesto.
Cuba é um país comercialmente bloqueado, desde 1962, pela maior economia e mais armada nação do planeta. Alguma coisa terão feito um ao outro para não se darem bem.
Se economicamente o país já não se desenvolvia durante a ditadura de Batista, depois, com a revolução de Fidel bloqueada pelos norte-americanos, restou-lhe amparar-se na União Soviética.
No início da década de 1990, a dissolução da URSS fez Cuba órfã de patrocínio. Desbloquear novos parceiros percebe-se difícil.
Além da pecha de ditadura, os EUA impõem pesadas multas e sanções a quem facilita as coisas para a ilha, que tem indústria pouca (restam-lhe os famosospuros), turismo recente e agricultura monocultora.
Aos cubanos rurais nem mesmo resta o destino da Luzia africana: perder a pureza na horta das fabricantes multinacionais de tecnologias agrícolas, como fez nossa esperta brasileirinha.
Por lá, as multinacionais pisam em ovos, mesmo quando alemãs.
Sendo assim, a agricultura de Cuba abre interessante espaço para os BRICS, China e Brasil principalmente, que já desenvolvem tecnologias nutricionais e fitossanitárias de baixos custos e impactos ambientais.
Mas o que encontraremos por lá?
Diferente do 1,072 bilhão da Mama África, em Cuba vivem 11,2 milhões de pessoas, é verdade que no mesmo batuque que também rege a maravilhosa sonoridade brasileira.
Segundo as estatísticas da FAO, em 2011, a ilha plantou 1,7 milhão de hectares e neles produziu 22,5 milhões de toneladas de produtos agrícolas. Com um grave senão, 70% foram com cana-de-açúcar.
Entre os demais produtos, tivemos: 19% de frutas, legumes e hortaliças; 6,5% de cereais e fibras; e 4,5% de mandioca.
Desconsiderando a produção de cana, restaram 6,8 milhões de toneladas para alimentar a população nativa: perto de 600 kg/habitante/ano.
Na África, também sem a cana-de-açúcar, essa ração alimentar não é muito diferente, 670 kg/habitante/ano.
No Brasil, sem a cana, a ração alimentar, se toda destinada à população interna, como considerado para Cuba e África, seria de 1.350 kg/hab/ano. Pouco mais do que o dobro.
Reflitam. A cançao abaixo talvez ajude.
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