Israel deu passo em falso ao indicar embaixador, diz assessor

Da TV Brasil

Espaço Público entrevista Marco Aurélio Garcia

Ele avalia que Israel deu “um passo em falso” ao indicar Dani Dayan para embaixador em Brasília

O chefe da Assessoria Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, nega, em entrevista ao programa Espaço Público, haver uma “queda de braço” entre Brasil e Israel. Mas avalia que o governo daquele país deu um “passo em falso” ao indicar o diplomata Dani Dayan para embaixador em Brasília, em substituição a Reda Mansour, que deixou o cargo no fim de dezembro.

Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmou que Dayan é o indicado para o cargo. Um dos formuladores da política externa brasileira desde o primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando assumiu o cargo que ocupa até hoje (já no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff), Marco Aurélio explica que a indicação causou polêmica pelo fato de Dayan ser morador da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, e também ser contrário à criação de um Estado Palestino.

Segundo Garcia, Israel não respeitou a convenção diplomática de mandar as credenciais do candidato a embaixador para que o país anfitrião a pudesse analisar antes de conceder o agrément. “Eu acho que foi um passo em falso dado pelo governo de Israel. Em primeiro lugar, ao romper uma regra diplomática que não é uma frivolidade, é um procedimento que corresponde à gravidade que as relações internacionais têm: isto é, antes de pedir o agrément ao embaixador, noticiar publicamente”, disse.

Nesta entrevista, Garcia também comenta a situação da América Latina. Especificamente sobre a Venezuela, diz que o Brasil tem tido uma postura ativa na defesa de uma saída democrática para o impasse no país vizinho. “Se houver uma solução fora da Constituição, será uma tragédia. Inicialmente, para o povo venezuelano. Em segundo lugar, para o Brasil, que tem fronteira e interesses econômicos na Venezuela. Em terceiro lugar, será algo desastroso para o Mercosul e a Unasul [União de Nações Sul-Americanas].”

Veja a íntegra do programa. Garcia ainda fala da conjuntura internacional, revela bastidores das negociações iniciais conduzidas por Lula em torno do acordo nuclear com o Irã e comenta o momento atual do PT. Embora admita não gostar da expressão usada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, para quem o partido “lambuzou-se”, ele diz entender seu significado e afirma que a legenda vai precisar ser mais inovadora para sair da crise atual do que na época em que foi fundada.

O Espaço Público é apresentado pelo jornalista Paulo Moreira Leite, com a participação do também jornalista Florestan Fernandes Júnior. A entrevista com o chefe da Assessoria Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais contou, ainda, com a presença do correspondente Anthony Boadle, da Agência Thomson Reuters.

Redação

2 Comentários

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  1. nesse caso específico, o

    nesse caso específico, o itamaraty tomou a atitude que quualquer país tomaria….

    a lucidez de garcia empre é cativante

  2. toda boa entrevista depende

    toda boa entrevista depende muito dos entrevistadores, dos

    coerentes questionamentos.

    oarabéns aos tres que participaram dessa excelente entrevista…

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