Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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O capitalismo de compadrio no Brasil e em outros países

Por André Araújo

O CAPITALISMO QUE TEMOS – O prezado comentarista J.C. Pompeu, a propósito de meu post de ontem sobre a Lava Jato travando a economia, disse que eu aqui defendo o “capitalismo arcaico brasileiro”. Pode ser, mas é o capitalismo que temos, não há outro na prateleira para por no lugar.

Um dos defeitos profundos do caráter brasileiro é subestimar o País, nossas coisas e nossas realizações. Tudo lá fora é melhor, segundo essa visão tão arraigada entre brasileiros, especialmente de São Paulo.

É um grave erro de avaliação. O “capitalismo de compadrio” de fato existe no Brasil. Mas existe em MUITO MAIOR escala na China, na Índia, em toda a Ásia, na Rússia, no Oriente Médio, no México, em toda a América Latina.

Existe também com outra roupagem nos Estados Unidos. A diferença lá é a clareza, a explicitude das relações entre empresas e governo, nada é escondido, tudo é a luz do dia, mas as relações do Estado com as empresas não diferem muito do que ocorre aqui. As grandes companhias de armamentos tem fantásticos lobbies em Washington para influenciar o Congresso a alocar verbas no orçamento para seus projetos de novas armas, as doações de campanha são de bilhões mas é tudo legal, usam o modelo do Political Action Committees, onde se doa para comitês pró-causas, sem vincular com candidatos, mas esse dinheiro acaba bancando campanhas que beneficiam um determinado candidato que apoia aquela causa, o valor que as empresas podem doar não tem limite.

O capitalismo só funciona em boas relações com o Poder, não há capitalismo neutro e limpinho em nenhum lugar do planeta, nós não somos tão arcaicos, talvez mais provincianos, com roupa caipira, mas os métodos não mudam muito e tem lugares onde as coisas são muito piores, como na China e na Rússia, o poder do Estado e o poder das grandes corporações se confundem, a mesma coisa na Coreia do Sul, no Japão é mais sutil mas os grupos “pesados” Mitsui, Mitsubishi, Fuji, Sumitomo, Toyota, tem relações profundas com o MITI, o Ministério do Comércio Exterior japonês, operam em conjunto.

Na França a promiscuidade entre Estado e capitalismo é total há séculos, a moda é coordenada pelo Comité Colbert, o armemento é coordenado pela DGA do Ministério da Defesa. Na Inglaterra, em um passado não tão longínquo a Royal Navy era cobradora dos bancos ingleses, os navios da esquadra apontavam canhões para resgatar dívidas, como fizeram em Alexandria em 1882 e na Venezuela no começo do Século XX. Não fazem mais isso mas o espírito é esse, o governo ajuda as empresas sempre, porque as empresas são consideradas socias do Estado e sustentáculo da Nação.

Somos inferiores, sim, em reconhecer o interesse nacional a ponto de queimar numa fogueira da inquisição empresas brasileiras de projeção internacional e agora o maior banco de investimento dos BRICS, o BTG Pactual, que se preparava para resgatar com fundos do banco oficial japonês de fomento o programa de sondas para o pré-sal, o Brasil receberia do Japão mais de US$6 bilhões de dinheiro novo, projeto que levou um ano para preparar, liquidado com a prisão do CEO do banco, sob aplausos da Globo e do Senado brasileiro, suicidas de vocação, esquecendo que quando afunda o navio morrem os marinheiros e também o comandante. Arcaicos são os justiceiros que destroçaram ativos de valor incalculável, o maior dos quais é a imagem do País e de suas empresas no exterior, colocar a sujeira na janela não melhora a reputação da família.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

55 Comentários

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  1. Pelo menos aqui no Paraná

    Pelo menos aqui no Paraná ninguém está ligando pra nada disso. As pessoas com quem eu falo por aqui, consideram que todos esses problemas são por causa da “corrupção do pt”.

    Questionei a um colega sobre o crescimento do País no governo Lula e ele me falou, com seriedade mesmo, que “ele [Lula] fez isso pra ter mais dinheiro pra ele roubar”. E é gente culta, que aproveita a black friday pra comprar livros, que fala outros idiomas, que viaja pelo mundo, com currículos acadêmicos impecáveis, etc.

    Por aqui, se for pra tirar o pt do poder vale a pena até quebrar o País. Para muitos aqui o Lula é a personificação do mal e a raiz de todos os problemas, desde a queda do PIB até um buraco na esquina da rua.

    1. coisa de gente burra

      Caro Idiro, aqui em são Paulo também é assim. Embora você não tenha citado, existe um componente que é fundamental neste ódio: A crença de que o PSDB foi ( e ainda é) bom. Tem um ” amigo” meu que chegou a dizer que como uma pessoa inteligente como eu não vê o roubo do PT. Eu respondi que primeiro, eu enxergo muito bem o que o PT fez, segundo que não aprovo o isto, embora entenda como inerente ao Estado a existência de corrupção e terminei dizendo que , ele me achar inteligente não me serviria de muita coisa, pois ele não era nem um pouco inteligente. mas é o que eu penso: O PT usou os mesmos esuqemas , nos mesmos lugares e com as mesmas pessoas que o PSDB utilizou para fazer a mesma coisa. Este tipo de pessoa vem de longo tempo e sempre foi feito o mesmo esquema. Como a lava jato só visa tirar o PT para devolver o poder ao PSDB, não vai resolver problema nenhum.

      1. Apenas teoria conspiratória

        A lava-jato só visa tirar o PT do poder para entregar ao PSDB? Isso é apenas teoria conspiratória. Por acaso foi o PSDB quem nomeou a maioria dos juízes e delegados da Polícia Federal, ou a maioria dos juízes do STF?

        O roubo já existia no Brasil muito antes do PT e do PSDB, mas como antes o país tinha partidos fracos, o roubo era mais um conluio particular entre funcionários e empresários. A maior parte do dinheiro surrupiado entrava no bolso dos operadores, e não na caixa dos partidos. Collor e PC Farias roubavam para si, e não para o PRN, o partido nanico que os elegeu. Mas quando o PT surgiu no cenário, um partido forte e hierarquicamente organizado, que expulsa os filiados que não respeitam as ordens da cúpula, a coisa mudou de figura. O PT quis ser como uma espécie de PRI mexicano, e a corrupção foi instrumentalizada neste sentido, passando a maior parte do dinheiro desviado a entrar na caixa do partido, e os operadores dos esquemas ficaram apenas com o troco. Para que esse troco continue a ser uma quantia apreciável, que compense os riscos, é óbvio que o montante desviado precisa ser muito maior. Foi assim que a corrupção explodiu na era petista, e tornou-se impossível ignora-la. O mais é teoria conspiratória.

        1. Delegados e juízes não são

          Delegados e juízes não são nomeados pelo governo, pode se informar, não é teoria conspiratória.

          O PT não precisa ser um PRI brasileiro, essse posto já está ocupado pelo PMDB, veja suas figuras, Renan Calheiros, por exemplo, foi líder do governo Collor no Congresso, ministro da Justiça no governo FHC e presidente do Senado nos governos Lula e Dilma.

          No mais, você teria que nos explicar porque doações de campanha para o PT são consideradas crime, mas legítimas quando doadas, pelas mesmas empresas, para outros partidos, como PSDB e PMDB, quando estas “não vem ao caso”.

          Teoria de conspiração é dizer que a mídia e o Judiciário brasileiros são isentos. 

          Se fomos formar nossa opinião com base no Judiciário, teríamos que admitir que o PSDB é probo, dado que seus integrantes nunca são condenados.

          Imagino o que aconteceria se um helicóptero de uma empresa do filho do Lula fosse pego com toneladas de cocaína, será que NINGUÉM ESTARIA PRESO, como ocorreu com o caso de outro helicóptero.

          Aguardamos suas explicações.

        2. A Lava Jato não opera para o

          A Lava Jato não opera para o PSDB, isso é uma ilusão. Opera para ganhar o poder absoluto para o aparelho judiciario-policial e está conseguinto com o ACOVASRDAMENTO do Congresso, do PT, da midia, de todas as demais forças do Pais. Já estão mandando no Brasil porque dão o ritmo dos acontecimentos. Uma unica força está entre eles e o poder absoluto;

          1. Quem dá ritmo aos

            Quem dá ritmo aos acontecimentos está oculto, mas, pela forma como a Lava Jato é conduzida, é possível especular. A quem interessa destruir a maior empresa brasileira, suas empreiteiras, se intrometer no programa nuclear brasileiro e dificultar os financiamentos via BNDES? O alvo da Lava Jato é o capitalismo brasileiro em seu setor principal, basta listar quem teria interesse nisso.

            Nota-se também que, atualmente, rococós neoliberais exalam com muita força dos nossos tribunais, e não acredito em motivação idoelógica por parte de nossos magistrados.

          2. E no vacuo estão entrando os

            E no vacuo estão entrando os chineses em grande escala, já dominam a transmissão de energia pela State Grid, agora a Three Gorges comprou as duas maiores usinas do antigo sistema CESP, Ilha Solteira e Jupiá, as nacionais foram dizimadas e não tem mais folego para leilões, vitoria da Lava Jato, Sardenberg deve estar mandando caipirinhas de maracujá.

        3. Quase cem milhões de dólares

          Quase cem milhões de dólares em contas na Suíça de apenas um dos ladrões é troco? Valei-me!

          Instituto FHC e Millenium não é PSDB? E Serra vive de quê? ACM controlava todos os Poderes na Bahia e oPT foi que institucionalizou o roubo? OAS, Odebrecht, Camargo, eram virgens imaculadas antes do PT?

          Fica difícil, de fato, dialogar. Depois reclamam do FLA-FLU nas discussões. Quando o juiz Nicolau foi descoberto ninguém acusou que o roubo havia sido institucionalizado no Judiciário, embora todo dia apereça um juiz vendendo sentença. Vamos fechar o Judiciário também? Aproveita e limpa esse país de uma vez.

  2. huehuehue

    Desculpa aê seu Araújo, mas tem alguma coisa errada no seu raciocínio. É claro que cada governo protege as empresas de seu país, mas você vê isso acontecer por aqui? Pra começar, o Brasil é campeão em burrocracia. Paga-se muito caro para abrir uma empresa e espera-se muito pra vê-la funcionar, não importa a nacionalidade. Em segundo lugar o Brasil também é campeão em corrupção: o jeitinho brasileiro da propina não vê a bandeira da empresa. Em terceiro lugar, os escândalos da Petrobrás mostraram uma coisa óbvia: misturar governo com empresa não é bom pro governo nem pra empresa: os dois afundam juntos pelo excesso de compadrio político sobre a falta de gestão e supervisão empresarial. 

  3. O capitalismo, assim como

    O capitalismo, assim como qualquer outro sistema, apresenta uma realidade distinta do ideal.

    Reconhecer isso não significa que não devamos ter como meta o ideal. Na hora em que se toleram os desvios o sistema está fadado ao fracasso.

    Não é porque temos ciência de que sinais vermelhos são constantemente desrespeitamos que vamos deixar de multar quando alguém é pego furando um.

  4. estadistas na direita e magistrados em Berlim

    Como sempre o AA demonstra o profundo conhecimento do mundo empresarial e as suas vertentes no mundo.

    Na velha Itália e capitalismo, quando a empresa é pequena junta as competências com outrsa e:” fazem sistema”. Ficam robustas com os laços.

    O nosso Brasil declina via Serra/Dulcidio e justica a idependência energética.

  5. André, esse lobby da

    André, esse lobby da indústria de armamentos nos EUA é uma das responsáveis pela obsolescência dos armamentos americanos em relação aos russos. Vide o caso dos caças F35, em que a Lockheed vendeu como sendo algo super-avançado. De fato, havia no projeto a inclusão deliberada e exagerada de itens avançados, mas que, de tanto se preocupar com aumentar o custo do projeto – e, portanto, os lucros – a Lockhead produziu um monstro inútil. Isso vale pra todos os outros armamentos produzidos segundo essa lógica dos lobbies: vende-se projetos caros que terminam por perder o contato com a realidade do campo de batalha. É como se para ir ao trigésimo andar de um prédio, um executivo pegasse um helicóptero, em vez do elevador.

    1. Não é bem assim.
      O Rafale voou na década de 80 ainda. Agora, em 2015, fez sua primeira venda.
      Isso são vetores projetados para serem usados por 20 ou até 30 Anos.
      O F35 mais ainda, porque foi concebido para realizar todas as missões. Sim o custo foi exorbitante mas o avião ainda não está plenamente operacional.

      Eu acho que este avião é o maior risco para o império. Pq sua superioridade vem da premissa de que ele seja invisível aos radares. O problema é que tudo indica que talvez ele já não o seja. E sem essa premissa, ele vira um caça de baixo desempenho e alto custo.
      Outra coisa é que este avião será provavelmente o último interceptado tripulado. E talvez a transição se de ainda em sua vida útil.

  6. Falta o lado bom

    O compadrio americano atende pelo nome de ‘cronyism’.

    Os cobiçados postos de embaixador americano em Londres e Paris sempre foram reservados para doadores pesos-pesados da campanha presidencial. O Brasil escapa, logo recebe muitas vezes bons diplomatas de carreira.

    A Suprema Corte americana decidiu recentemente que doações bilionárias a Political Action Committees estão respaldadas pelo direito constitucional à liberdade expressão. Desta forma, compram-se os melhores candidatos (para quem?) disponíveis no mercado.

    Em matéria de podres do capitalismo, não inventamos rigorosamente nada. Na minha opinião, nossa inferioridade é não imitar o lado bom do capitalismo americano, por exemplo, o verdadeiro banho de filantropia em universidades, museus, bolsas de estudo, filarmônicas, que muitos barões americanos são capazes de legar. Outro exemplo: na tragédia do furacão Katrina em Nova Orleans, empresas farmacêuticas acudiram com remédios, seringas, instrumentos; redes de telecomunicação doaram horas e mais horas de ligações grátis; fabricantes de qualquer coisa deram seus produtos e serviços em enorme quantidade, sem falar em mundos e fundos doados em dinheiros por empregados dessas ditas empresas e por intermédio delas, etc, etc, etc.

    Aqui, a maior ‘contribuição’ do capítal a qualquer governo é berrar por menos impostos.

     

    1. Agradeço o bom comentario, de

      Agradeço o bom comentario, de fato os Embaixadores americanos em Brasilia durante o governo Lula teve DOIS doadores de campanha milionarios e premiados com a Embaixada, NÃO ENTENDIAM NADA DE DIPLOMACIA: John Danilovitch, magnata de navegação que morava em Londres e Clifford Sobel, magnata de comunicações de New Jersey.

      E ainda nos dão lição de moral que brasileiros embasbacados soboreiam como a palavra do Profeta.

  7. Pior que o “crony capitalism”

    Pior que o “crony capitalism” é o modelo americano, que o economista Jeffrey Sachs classificou como “corporatocracy”.

  8. PHOTOS OF GHOSTS…

    Como já comentei de outras vezes o Motta Araújo é um homem que… PASSOU. A maior parte do seu pensamento é tal e qual a fotografia de um fantasma, o registro pictórico de um espectro que, infelizmente, ainda arrasta as suas correntes por este mundo que ele (Motta), em verdade, já não compreende.

    A base MORAL do pensamento Mottiano deve ser mantida o mais longe possível dos nossos jovens e, principalmente, daqueles que amamos, se desejamos, realmente, construir algo NOVO, LIVRE DA MEDiOCRIDADE e do mundanismo “fidalgo”.

    O MODUS PENSANTE Mottiano é, de certa forma, tão torpe, embora diveso, quando o LULIANO. São ecos que ainda reverberam e que teremos de SUPORTAR por mais algum tempo. Sorte que O TEMPO É O SENHOR DE TUDO.

    Bom, enquanto este fantasma ainda arrasta suas correntes entre nos; brasileiros de um NOVO TEMPO, como o Juiz Sérgio Moro, devolvem 1 BILHÃO de reais de dinheiro ROUBADO do povo brasileiro, de nossos velhos, de nossas crianças – que ainda tem medo de FANTASMAS.

    Mais e melhor, vão obrigar o LADRÃO a nos contar quem o ajudou. Quem, com modos “fidalgos” vilipendiou nossos velhos e nossas crianças tentando transforma-los, também, em FANTASMAS.

    Eu jamais pensei que, em meu tempo de vida, fosse ver tal coisa no Brasil. OBRIGADO MORO!!!!!!

     

    #DelataDelcidio

    1. Custo Moro

      1 bilhão é  o “Custo Moro”, que não estava na equação financeira mas que agora todos o colocarão nas suas planilhas. Somar-se-á à planilha separada para a “cadeia alimentar dos cumpadres”, ou só você que acha que eles sumiram, assim,de repente, num passe de mágica?

      1 bilhão é fichinha para quem volta a ter as oportunidade de negócios em infraetrutura no governo. Investimento, luva, jeton, jóia, acordo de leniênica, chame como quiser.

      Para a platéia, chame de multa, punição, Viva Moro… Tá barato.

      O que não está barato é a mudança do foco, pois os custos agora ganharam uma outra coluna na planilha.

      E podes estar certo que vai estar no preço.

       

  9. Desculpa de aleijado é muleta

    Esse é o nosso capitalismo, não temos outro? Não é desculpa para não tentar evoluir nosso capitalismo arcaico, ainda muito marcado pelos usos e abusos do sistema que o precedeu, o mercantilismo. Nosso capitalismo nasceu em 1808, quando Dom João VI abriu nossos portos, mas desde então muitos de nossos empresários ainda sonham em voltar aos tempos antigos, quando todo e qualquer empreendimento só se fazia com a autorização (alvará) e apoio do rei, que concedia monopólios a seus protegidos.

    Há corrupção em todos os sistemas, mas ela segue rituais diferentes. Nos EUA e em outros países de capitalismo antigo, os figurões procuram ganhar dinheiro para, por intermédio deste, ganhar poder. No Brasil do capitalismo de compadres, os figurões procuram ganhar poder para, por intermédio deste, ganhar dinheiro. Basta consultar a biografia de nossos políticos para ver quantos deles começaram pobres, e enriqueceram justamente com a política. É óbvio que esse nosso “ritual específico” causa muito mais prejuízo ao crescimento econômico do que o ritual deles. É óbvio que o arcaísmo de nosso capitalismo de compadres que nos mantem atrasados, e assim continuaremos enquanto não nos convencermos disto.

    Colocar a sujeira na janela não melhora a reputação da família? Com certeza. O problema é que manter a sujeira trancada em casa não melhora a casa.

  10. O que é legal em ter uma

    O que é legal em ter uma certa idade é ver petista mudar de posição e ve los defendendo o coronealismo br.

    Todo o atraso deste país se deve exatamente o que o texto defende e só tem vez porque é do interesse dos que hoje detêm o poder.

    Em nome do interesse nacional pode tudo então, posso começar a assassinar opositores do governo como na Venezuela André?

     

    1. Para além disso
      Colega,

      Desembarque desse voo da AeroMaionese, pois esse post aqui está para além de discussões de querelas partidárias. Muito além. A envergadura do ponto em debate é outra.

      Desculpe.

      1. “A envergadura do ponto em

        “A envergadura do ponto em debate é outra”.

        Não discordo totalmente a coisa é resumida em o que é bom e o que é ruim para o projeto de poder dos que estão hoje no comando da nação , é só isso.

        Enquanto não se entender , se assumir que existe uma  guerra politica pelo poder o resto é conversa jogada fora.

         

         

    2. Sou aqui no blog o MAIOR

      Sou aqui no blog o MAIOR critico da politca externa do PT, são centenas de posts sobre isso, sou dos primeiros a criticar a relação do governo petista com o chavismo, acontece que spu LIVRE PENSADOR, não uso cartilhas, cada tema tem minha visão, meu avô teve um jornal pioneiro em São Paulo, O LIVRE PENSADOR, de 1921, herdei essa posição.

      1. Não esse o ponto André.
        Você

        Não esse o ponto André.

        Você tem uma regra, “devemos defender o interesse nacional”, a questão moral é qual é o seu limite de aceitação desta regra.

        Em todo o caso o que se joga não é por esta regra “do interesse nacional”, a regra do jogo é o que beneficia ou atrapalha o grupo que atualmente detêm o poder a revelia do que você deseja que é o meu também o interesse nacional. 

        Um país só se desenvolve quando tem uma elite com projeto de nação , não como hoje um projeto de enriquecimento privado, o “rent-seeking “.

        1. Concordo em parte com vc mas

          Concordo em parte com vc mas há um interesse nacional mais amplo e historico que transcende o grupo no poder. Por exemplo, a destruição de grandes empreiteiras vai contra o interesse nacional independentemente do grupo no poder,

          essas empresas são cabeças de conglomerados que lideram PPPs de infra estrutura, de privatização de aeroportos, de projetos de energia eletrica. A Lava Jato praticamente inviabilizou as cinco maiores do ranking, a maior empresa nacional de projetos, o maior banco de investimentos, isso vai contra o interesse nacional permanente, essas empresas farão falta para o

          relançamento da economia brasileira, a corrupção deveria ser neutralizada sem matar as empresas.

          1. A questão e que você apoia um

            A questão e que você apoia um grupo que não tem interesse nacional, este mesmo grupo tornou  o país o que é hoje, um pais pobre e miserável.

            Como mudar este destino apoiando os mesmos que construiram o atraso.

             

             

          2. Bolsa vagabundo do

            Bolsa vagabundo do PSDB

             

            Está minguando a mesadinha que o PSDB paga(comprovado, foi iniciativa daquele consultor Hindu, picareta preso nos EUA)para que vagabundos como Aliança Liberal fiquem postando asneiras na internet. Por isso o desespero. E o Brasil continua sendo uma das maiores economias do mundo, apesar dessa campanha, financiada com dinheiro público.

          3. Esta escrevendo  bobagem, eu

            Esta escrevendo  bobagem, eu não sou do PSDB e trabalho não sou vagabundo.

            A fonte que (espero) secou foi o dos pixuleco.

    3. Foi o governo venezuelano que

      Foi o governo venezuelano que mandou assassinar o opositor?

      Dê os nomes de quem você está acusando de homicídio.

      COMPROVADO, é em outro país vizinho que o governo assassina opositores.

      November 28, 2015Huffpost WorldPostEdition: U.S.    Newsletters Huffington Post Search  iOS appAndroid appMoreDesktop AlertsUS EDITIONINDIABRASILU.K.MAGHREBJAPANDEUTSCHLANDCANADAKOREAFRANCEESPANAHUFFPOST LIVE ALL SECTIONS WorldPost Asia Pacific Middle East Americas Africa Europe Global Order Science & Tech Future Environment Governance Culture Faith & PhilosophyDan Kovalik Headshot Become a fan 

      Human & Labor Rights Lawyer, Adjunct Professor of International Human Rights Law

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      U.S. and Colombia Cover Up Atrocities Through Mass Graves

      Posted: 06/01/2010 5:12 am EDT Updated: 05/25/2011 4:00 pm EDT    Comment60Share on Google+   Print   

      The biggest human rights scandal in years is developing in Colombia, though you wouldn’t notice it from the total lack of media coverage here. The largest mass grave unearthed in Colombia was discovered by accident last year just outside a Colombian Army base in La Macarena, a rural municipality located in the Department of Meta just south of Bogota. The grave was discovered when children drank from a nearby stream and started to become seriously ill. These illnesses were traced to runoff from what was discovered to be a mass grave — a grave marked only with small flags showing the dates (between 2002 and 2009) on which the bodies were buried.

      According to a February 10, 2010 letter issued by Alexandra Valencia Molina, Director of the regional office of Colombia’s own Procuraduria General de la Nacion — a government agency tasked to investigate government corruption — approximately 2,000 bodies are buried in this grave. The Colombian Army has admitted responsibility for the grave, claiming to have killed and buried alleged guerillas there. However, the bodies in the grave have yet to be identified. Instead, against all protocol for handling the remains of anyone killed by the military, especially those of guerillas, the bodies contained in the mass grave were buried there secretly without the requisite process of having the Colombian government certify that the deceased were indeed the armed combatants the Army claims.

      And, given the current “false positive” scandal which has enveloped the government of President Alvaro Uribe and his Defense Minister, Juan Manuel Santos, who is now running to succeed Uribe as President, the Colombian Army’s claim about the mass grave is especially suspect. This scandal revolves around the Colombian military, most recently under the direction of Juan Manuel Santos, knowingly murdering civilians in cold blood and then dressing them up to look like armed guerillas in order to justify more aid from the United States. According to the UN High Commissioner for Human Rights, Navi Pilay, this practice has been so “systematic and widespread” as to amount to a “crime against humanity.” And sadly, when Ms. Pilay made this statement, she literally did not know the half of it.

      To date, not factoring in the mass grave, it has been confirmed by Colombian government sources that 2,000 civilians have fallen victim to the “false positive” scheme since President Uribe took office in 2002. If, as suspected by Colombian human rights groups, such as the “Comision de Derechos Humanos del Bajo Ariari” and the “Colectivo Orlando Fals Borda,” the mass grave in La Macarena contains 2,000 more civilian victims of this scheme, then this would bring the total of those victimized by the “false positive” scandal to at least 4,000 –much worse than originally believed.

      That this grave was discovered just outside a Colombian military base overseen by U.S. military advisers — the U.S. having around 600 military advisers in that country — is especially troubling, and raises serious questions about the U.S.’s own conduct in that country. In addition, this calls into even greater question the propriety of President Obama’s agreement with President Alvaro Uribe last summer to grant the U.S. access to 7 military bases in that country.

      The Colombian government and military are scrambling to contain this most recent scandal, and possibly through violence. Thus, on March 15, 2010, Jhonny Hurtado, a former union leader and President of the Human Rights Committee of La Cantina, and an individual who was key in revealing the truth about this mass grave, was assassinated as soldiers from Colombia’s 7th Mobile Brigade patrolled the area. Just prior to his murder, Jhonny Hurtado told a delegation of British MPs visiting Colombia that he believed the mass grave at La Macarena contained the bodies of innocent people who had been “disappeared.”

      The discovery of this mass grave by sheer accident raises the prospect that there are more yet to be found. Certainly, it is the consensus of human rights groups in Colombia that this is only be the tip of the iceberg. In any case, the discovery of this grave, on top of the large magnitude of the “false positive” scandal already known, justifies a serious rethinking of U.S. policy toward Colombia — a policy pursuant to which the U.S. has sent over $7 billion of military aid to Colombia since 2000 and still counting. This policy, which President Obama is only deepening, has continued the U.S.’s long-standing practice of giving the most military aid to the worst human rights abusers. The time is way overdue for this practice to end.

      Daniel Kovalik is a human and labor rights lawyer living in Pittsburgh. The information in this article about the mass grave at La Maracena was based on research provided by Justice for Colombia in London and by two brave Colombian human rights leaders, Edinson Cuellar and Carolina Hoyas, who are working tirelessly to spread the truth about this mass grave.

       

      Follow Dan Kovalik on Twitter: http://www.twitter.com/danielmkovalik

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        1. Aliança Liberal apóia o

          Aliança Liberal apóia o assassinato de esquerdistas.

          O texto é sobre cemitérios clandestinos onde foram enterradas vítimas do assassinato de centenas de opositores na Colômbia, fato admitido pelo exército colombiano. Seu silêncio é esclarecedor.

          Agora sabemos que Aliança Liberal apóia o assassinato de quem não concorda com suas ideias.

    4. Um trecho:
       
      According to a

      Um trecho:

       

      According to a February 10, 2010 letter issued by Alexandra Valencia Molina, Director of the regional office of Colombia’s own Procuraduria General de la Nacion — a government agency tasked to investigate government corruption — approximately 2,000 bodies are buried in this grave. The Colombian Army has admitted responsibility for the grave, claiming to have killed and buried alleged guerillas there. However, the bodies in the grave have yet to be identified. Instead, against all protocol for handling the remains of anyone killed by the military, especially those of guerillas, the bodies contained in the mass grave were buried there secretly without the requisite process of having the Colombian government certify that the deceased were indeed the armed combatants the Army claims.

      And, given the current “false positive” scandal which has enveloped the government of President Alvaro Uribe and his Defense Minister, Juan Manuel Santos, who is now running to succeed Uribe as President, the Colombian Army’s claim about the mass grave is especially suspect. This scandal revolves around the Colombian military, most recently under the direction of Juan Manuel Santos, knowingly murdering civilians in cold blood and then dressing them up to look like armed guerillas in order to justify more aid from the United States. According to the UN High Commissioner for Human Rights, Navi Pilay, this practice has been so “systematic and widespread” as to amount to a “crime against humanity.” And sadly, when Ms. Pilay made this statement, she literally did not know the half of it.

      Vamos aguardar a opinião de Aliança Liberal sobre os assassinatos em massa de opositores civis por parte do governo colombiano.

    5. Não sei se o Sr. pode

      Não sei se o Sr. pode assassinar opositores do governo.

      Mas com certeza pode atirar uma bomba no Instituto de um ex-Presidente que nada acontecerá.

  11. Causa e efeito

      US$ 6,0 Bilhões em pacto, a vista , JIBC + Mitsui Sumitomo, para sondas do pré-sal, travaram com a detenção de André Esteves, mas não foi só este aporte que micou, tambem foi pro saco, a possivel renegociação das dividas da Sete Brasil, pois o mercado, caso o aporte japonês que manteria a empresa “viva” – independente das duras condições referentes ao “conteudo local “, que teriam que ser modificadas – iriam, no pacote, refinanciar estes créditos ( US$ 12,0 Bilhões), em extensão de prazo, até mesmo debenturar parte destas cifras ( o RBS estava disposto, varias petroleiras utilizam-se deste agente financeiro, estaleiros internacionais tambem ).

        Hoje saiu, o que já sabiamos que ocorreria – “causa e efeito ” – a Sete Brasil irá entrar em “recuperação judicial”, chutando baixo, uns 6.000 vão perder o emprego, só no direto, já na linha de fornecedores será efeito dominó, será quebradeira – um exemplo, meu : operei papel do BTG, era até aceito para calçar ADRs e bonus, até mesmo de “futuros”, micou, quem tem este papel atrelado, ou garantindo,algum portfolio/fundo, terá que liquida-lo ou substitui-lo antes do vencimento, ou o derivativo sofrerá perda de mais de 20%, de cara, na marcação de mercado, e o pessoal concursado, trabalhadores da Petrobrás, que se preparem, pois o Petros ( fundo de pensão da estatal ), alem de estar no “rolo” dos financiamentos nacionais da Sete Brasil ( Itau BBA, BBD e BTG ), tem um bom portfolio de papéis de longo prazo emitidos pelo BTG.

        E meu querido, todo capitalismo tem um “q” de compadrio, em qualquer lugar do mundo, nem vou colocar paises do Ocidente na equação, o chinês, o russo, o indiano, japonês, as bases de atuação são em compadrio, até mesmo os medievais paises do Golfo, em capitalismo, ou em mecanismos de acumulação de capital, funcionam neste esquema.

         As “sondas” : A Petrobrás irá necessitar delas, não das 19 originais, até é possivel que a operação com apenas de 5 a 7 delas, cumpram o novo programa de produção futura do pré – sal, afinal a Petrobrás esta desinvestindo e segurando a produção ( estabilizando custos ), alguem terá que construi-las, não será aqui, mas no Japão, Singapura, Coréia……, turn-key. ( no palpite : China , através de linha de crédito para exportação, garantindo empregos e projeção geopolitica, para os chineses )

  12. Mas a ideia das elites

    Mas a ideia das elites brasileiras não é melhorar “reputação da família”, é fazer o possível para prejudicá-la. Vale, inclusive, estragar o próprio patrimônio para vendê-lo barato a estrangeiros. Perdem os donos desses patrimônios mas ganham os atravessadores, aqueles que representam os interesses estrangeiros junto à sociedade brasileira. Ou pelo menos acham que ganham…

    Como você diz, a meu ver acertadamente, o apadrinhamento é recurso intrínseco ao capitalismo, seja em que país for. Nas regras da Meritocracia valem “realizações pessoais” tais como o berço em que a pessoa nasce, as amizades e cumplicidades que faz, o quanto sedutora a pessoa consegue ser e outros ítens muito além da competência técnica. Aliás de pois que a habilidade em convencer se tornou a mais importante competência, nos moldes de “como fazer amigos e influenciar pessoas”, só se dedica à soluções técnicas quem pode ter isso como hobby e à classe média iludida. Não à toa nesse sistema capitalista quem se dedica ao marketing costuma ser bem remunerado, muito mais do que quem produz solução técnica.

    Mesmo assim a turma continua votando em privatista para cargo público. Sabe aquele esticadinho, com ar sério de gerente de multinacional, que promete “levar a prática da iniciativa privada para o setor público”?  Pois é, colocando a raposa para tomar conta dos ovos…

  13. Há compadrio e descompadrio

    Antônio Delfim Netto, afirmou: “O caso Mendes Júnior é a maior pendência judicial do País porque o governo sempre se recusou a enfrentar as conseqüências de seus atos”

    Banco do Brasil, Chesf e o Tesouro devem US$30 bilhões à Mendes Junior. Mas não pagam. Pois a empresa não é amiga do rei. A Mendes Junior é de longe a empresa de maior experiência e de passado mais importante dentre todas as envovidas na Lava Jato.

    1. Vinda de Antonio Delfim Netto é certo que é história mal contada

       

      Daniel Klein (sábado, 28/11/2015 às 16:24),

      Admiro e menciono com frequência textos de Antonio Delfim Netto, mas sou muito cuidadoso quando leio os textos dele. Representa os interesses do empresariado paulista e o faz com afinco e denodo, mas dentro do limites dos interesses que ele defende. A Mendes Júnior é empresa mineira o que me admira essa defesa do Antonio Delfim Netto. Pode ser até que a defesa dele seja porque a dívida realmente não exista. Esta dívida da Mendes Junior já foi discutida aqui por Luis Nassif. Avaliei um pouco exagerada a argumentação de Luis Nassif. Ainda assim, imagino que essa pendência já acabou. Espero que a sua referência não se tenha originado dos mesmos interesses que movem o Antonio Delfim Netto.

      Ademais, a frase de Antonio Delfim Netto tem de ser mais bem situada. Quando foi que ele a disse? Se se trata de frase recente ele está dizendo com base em alguma reversão que tenha acontecido no desenrolar do processo ou é apenas uma idéia vaga que ele guarda do que aconteceu?

      É verdade que a Mendes Junior foi uma grande empresa nacional. Uma parte da grana que a empresa amealhou tinha a origem no Iraque. Depois de Bush pai e Bush filho o Iraque deixou de ter qualquer relevância para o Brasil e para a Mendes Junior a não ser que você considere como relevante o fato de muito provavelmente com a perda do Iraque a Mendes Junior não mais conseguiu recuperar-se.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 28/11/2015

  14. Corrupção não é o mal que se apregoa, mas deve ser combatida

     

    Andre Araujo,

    É bem isso com alguns senões e além disso você não dá o devido destaque a importância do Estado para o funcionamento do sistema capitalista. Sem Estado não há capitalismo. E é evidente, que sem Administração Pública, não há crime contra a Administração Pública, ou seja, não há corrupção.

    De certo modo, todo mundo vê as coisas pela metade. Você, por exemplo, aceita essas características do capitalismo, mas não aceita o fisiologismo na democracia. E a não aceitação do fisiologismo não se restringe a vocêr. Há quase dez anos eu escrevo neste blog defendendo o fisiologismo e não vejo ninguém que se põe do meu lado. Todos imaginam que os representantes, que não podem renunciar ao interesse do representado, diferentemente da condição em que os representantes representassem seus próprios interesses, tendo assim que lutar de todos os meios legais para defender o interesse de cada representado, possam chegar a uma acordo em um longo processo de composição de interesses conflitantes, sem barganha, sem toma-lá-dá-cá, sem é dando que se recebe, sem conchavos e sem acertos. Quem pensa que a democracia representativa (que é superior a democracia direta mesmo se a democracia direta fosse funcional)  possar funcionar sem fisiologismo idealizam uma democracia que nunca existiu nem nunca existirá e tentam implantá-la a ferro e fogo.

    É nesse sentido de aversão ao fisiologismo por puro idealismo que Luis Nassif desenvolve o post “FHC combate o fisiologismo que praticou” de quarta-feira, 16/11/2011 às 10:59. E a compreensão da realidade tal qual ela é e não tal qual nós gostaríamos que ela fosse fica cada vez mais difícil.

    Não é por outra que eu tenho insistindo que uma das grandes tarefas que cabe ainda à humanidade – não se trata de um problema específico do Brasil – é a educação política do ser humano.

    A falta de entendimento da realidade política aproxima a população da irracionalidade ou da ingenuidade e no melhor dos casos do idealismo. Agora mesmo há esta questão do terrorismo do islã fruto da mais pura irracionalidade, e ninguém o equipara ao terrorismo contra o Estado praticado pelos americanos naquela época de Bill Clinton, nem ao terrorismo cristão executado contra as clínicas de aborto.

    Só mais recentemente há o entendimento de que as crenças que norteiam o Partido Republicano e que são alimentadas pela ingenuidade das pessoas que não percebem como realmente funcionam as instituições que nos conduzem levam o partido para a irracionalidade. O Paul Krugman vem dizendo isso há bom tempo e só agora que parece haver a percepção mais geral do problema. Nesse sentido vale recordar post recente de Paul Krugman intitulado “E uma conspiração” de quarta-feira, 25/11/2015 às 03:44 pm, em que ele termina dizendo para as lideranças do partido Republicano a respeito de Donald Trump:

    “Sinto muito, rapazes, vocês criaram esse monstro, e agora ele está vindo para vocês”.

    Eu não sou economista nem cientista político, mas essas falta de compreensão da realidade como ela é invade a academia e atinge a todos independentemente do grau de formação educacional que a pessoa possui. Ontem pensei encontrar algo que ancorasse a minha defesa da desvalorização da moeda, quando vi um link para um artigo de Ricardo Hausmann no Project-Syndicate, abordando a exportações como instrumento de melhoria das condições econômicas.

    No texto Ricardo Hausmann começa mostrando que o Papa Francis tinha uma visão curta da realidade pelo fato de o Papa dizer que o sistema capitalista é sobre a ganância. E então Ricardo Hausmann passa a mostrar que o sistema capitalista na verdade é sobre troca ou sobre o atendimento da necessidade de um pelo outro. Esquece que se não fosse a ganância e o sistema funcionasse apenas para atender e realizar as trocas entre os membros da sociedade e não haveria crescimento. Para haver crescimento é preciso que se queira ganhar mais, cada vez mais.

    E sobre a sua visão da nossa realidade também há mais crítica a se fazer. Seja por exemplo o post de Luis Nassif “O engodo de atribuir a corrupção ao desenvolvimentismo” de quarta-feira, 18/11/2015 às 19:55. Não se trata propriamente de um engodo. O desenvolvimentismo é uma forma de manifestação do Estado. A corrupção tem diminuído ao longo do tempo, mas para um mesmo período quanto maior o Estado, maior a corrupção. Em valores absolutos o Estado mais corrupto do mundo é os Estados Unidos. Logo de início eu procurei destacar isso de que se não houvesse Estado não haveria corrupção na sua definição de crime contra a Administração Público. Então o título do post “O engodo de atribuir a corrupção ao desenvolvimentismo” peca porque não utiliza as palavras na dimensão exata que elas têm. Aliás o título poderia ser parafraseado assim: “O engodo de não se atribuir o desenvolvimento também à corrupção”.

    Se as pessoas compreendessem a corrupção como uma espécie de mais-valia e se entendessem que só há crescimento se o empresário perceber que a atividade que ele exerce permite que ele obtenha aumento continuado de mais-valia e em razão disso ele investe e em razão disso há crescimento, essas pessoas talvez não vissem a corrupção como um mal econômico. O temor que eu tenho é de elas passarem a não querer combater a corrupção pelo fato de a perceberem como menos ruim do que divulgam.

    Na segunda página do post “O engodo de não se atribuir o desenvolvimento também à corrupção” há um comentário seu enviado quarta-feira, 18/11/2015 às 09:19 (Na verdade o post “O engodo de não se atribuir o desenvolvimento também à corrupção” deve ter saído na quarta-feira, 18/11/2015 às 07:00) e que se transformou no post “A campanha mundial contra o capitalismo de pessoas, por André Araújo” de quarta-feira, 18/11/2015 às 19:53. Um comentário muito bom que merecidamente foi transformado em post e em que eu destacaria a sua referência à birra do jornal The Economist e do Financial Times em relação à Itália.

    Bem, você está certo em fazer o destaque para o caráter empresarial do pequeno capitalista italiano, que na verdade deveria ser visto mais como um industrial inventor. Não vi sentido, entretanto, em equiparar o capitalista individual italiano à máfia como a entendemos como uma organização criminosa, embora a máfia também não deveria ser vista como uma organização e sim como células criminosas, pois no mundo escritural, considerar a máfia como uma organização criminosa só pode ser entendido como um empreendimento do patrício da piada que diz: vou escriturar todos os meus crimes para quando for pego não poder ser acusado daquilo que não cometi. Só faz sentido a sua equiparação se você também adota esse entendimento da máfia como diversas células criminosas e não uma organização como os estudiosos do que se costuma chamar de organização criminosa consideram. Só que o pequeno e laborioso industrial italiano não pode ser comparado à célula da máfia criminosa.

    E aqui é importante que se destaque que não era contra o ímpeto empreendedor do industrial italiano que se debatiam The Economist e o Financial Times. Eles se punham contra o “Instituto per la Riconstruzione Industriale”. Eles é que eram o inimigo do mercado financeiro Londrino, pois viviam do financiamento público amparado nas altas taxas de inflação.

    Você defendeu o empreendedor italiano, mas de modo equivocado ao equipará-lo ao mafioso, e por isso não teve como responder ao Pedro Mundim que fez a seguinte conclusão do seu texto em comentário que ele enviou quarta-feira, 18/11/2015 às 10:04, para junto do seu comentário ainda junto ao post “O engodo de não se atribuir o desenvolvimento também à corrupção”:

    “Quer dizer, então, que roubar é bom e enriquece o país”.

    O problema todo é que embora a corrupção não seja ruim para o desenvolvimento ou crescimento econômico como tantos assim a consideram, e isso deve ter ficado um tanto evidente na equiparação da mais valia obtida pelo capitalista com a mais valia decorrente da corrupção, a corrupção é um ato ilegal enquanto a mais-valia, ainda que filosoficamente possa também ser equiparada ao roubo, é algo legalmente permitido.

    Então não vejo porque se deva fazer vistas grossas à corrupção. Em meu entendimento não combater a corrupção, mesmo que o combate à corrupção possa significar menos crescimento, é até pior do que por exemplo não adotar políticas que busquem combater a desigualdade, ainda que ao contrário do que as evidências mostrem, as políticas de combate à desigualdade não fossem, no curto prazo, nocivas ao crescimento.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 28/11/2015 

    1. Meu caro Clever, jamais disse

      Meu caro Clever, jamais disse que a corrupção não deve ser combatida, o problema é o metodo. Equiparo a uma cirurgia para extirpar um cancer. Certos medicos dizem “eu gosto de tirar o tumor e tudo em volta, assim não tem perigo de voltar”, é um metodo prigosissimo porque podeinutilizar outros orgãos no afã de tirar o tumor. Já medicos mais inteligentes vão dizer, vamos verificar se da para tratar com quimioterapia ou radioterapia, evitando a cirurgia. Ambos metodos visam a cura mas há firmas diferentes de tratar. Um metodo muito agressivo pode inutilizar outros orgãos embora tire o tumor mas vai deixar danos colaterais graves. Então enquanto o objetivo é valido, o metodo de atingi-lo é importantissimo, se o metodo for errado pode causar mais danos que beneficios.

      Porque os EUA na mega crise de 2008 não prendeu nenhum banqueiro ou empresario, embora houvesse crimes financeiros em grande escala?  Porque só iria piorar a crise, causar mais panico e demorar mais tempo para resolver o problema.

      Espero que tenha me fazido entender.

      1. Alguns links e mais um pouco de discordância

         

        Andre Araujo (sábado, 28/11/2015 às 21:58),

        Bem justa a sua resposta ao meu comentário e desde já agradeço a atenção da leitura do que eu escrevi e da sua resposta.

        Não deixei o link para algumas referências que eu fiz em meu comentário anterior para você e assim aproveito este comentário para os endereços dos posts e artigos mencionados e se possível com um ou outro acréscimo.

        O post “FHC combate o fisiologismo que praticou” de quarta-feira, 16/11/2011 às 10:59, de autoria de Luis Nassif pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/fhc-combate-o-fisiologismo-que-praticou

        Não mencionei, mas há um post aqui no blog de Luis Nassif que é muito atual para a análise da situação política que o Brasil atravessa e que se volta também para a questão de fisiologismo e que penso vale ser indicado aqui. Trata-se do post “O futuro do PSDB na era pós-Serra” de segunda-feira,, 20/08/2012 às 09:00, e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-futuro-do-psdb-na-era-pos-serra?page=2

        Os posts mais antigos de Luis Nassif às vezes apresentam um endereçamento um tanto complicado, mas não o caso deste post “O futuro do PSDB na era pós-Serra” que conta com 178 comentários havendo, portanto, quatro páginas e a página que eu gostaria de indicar é realmente a terceira. Na terceira página há dois comentários meus para o comentarista Danilinho que considero muito uteis na discussão sobre fisiologismo e sobre a política. Há um comentário meu enviado segunda-feira, 20/08/2015 às 00:55, para junto do comentário de Danilinho enviado domingo, 19/08/2012 às 14:36, e que sofrera uma réplica e uma tréplica muito boa dele e que eu frequentemente releio para mais bem apreender. Nos dois comentários meus para Danilinho eu procuro diferenciar o fisiologismo de atos de ilicitudes que devem ser combatidos como tal enquanto que o fisiologismo é para mim prática inerente ao processo de composição de interesses conflitantes quando esse processo é conduzido na forma de processo e não de maneira pontual como em uma eleição direta e não pelos próprios interessados, também como em uma eleição direta, mas pelos representantes dos interessados.

        E no mesmo post há outro comentário meu enviado domingo, 19/08/2012 às 19:48, agora endereçado para Assis Ribeiro junto ao comentário dele enviado domingo, 19/08/2012 às 08:54. No meu comentário para Assis Ribeiro eu procuro mais discorrer sobre o meu entendimento da teoria e prática comportamental dos fundadores do PSDB. Trata-se de um partido moldado no cinismo com total desrespeito ou desprezo ao eleitor em que se prima por repetir slogans que são de fácil aceitação popular, mas que são sabidamente falsos.

        Uma segunda indicação para a qual eu não deixei o link foi para o post “It’s A Conspiracy!” de quarta-feira, 25/11/2015 às 03:44, de autoria de Paul Krugman e que pode ser visto no seguinte endereço:

        http://krugman.blogs.nytimes.com/2015/11/25/its-a-conspiracy/

        Também fiz referência ao artigo de “The Import of Exports” de quinta-feira, 26/11/2015, saído no blog Project Syndicate e de autoria de Ricardo Hausmann e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://www.project-syndicate.org/commentary/encouraging-exports-promotes-development-by-ricardo-hausmann-2015-11

        Outro post mencionado foi “O engodo de atribuir a corrupção ao desenvolvimentismo” de quarta-feira, 18/11/2015 às 19:55, aqui do blog de Luis Nassif e de autoria dele e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/noticia/o-engodo-de-atribuir-a-corrupcao-ao-desenvolvimentismo

        E por fim mencionei o post “A campanha mundial contra o capitalismo de pessoas, por André Araújo” de quarta-feira, 18/11/2015 às 19:53, publicado aqui no blog de Luis Nassif e originado de comentário seu junto ao post “O engodo de atribuir a corrupção ao desenvolvimentismo”. O endereço do post “A campanha mundial contra o capitalismo de pessoas, por André Araújo” é:

        http://www.jornalggn.com.br/noticia/a-campanha-mundial-contra-o-capitalismo-de-pessoas-por-andre-araujo

        E voltando a sua resposta ao meu comentário, em que você argumenta que você defende também o combate à corrupção, mas ressalta que este combate deve utilizar de um instrumental mais eficiente e faz a comparação do tratamento do câncer, eu teria duas observações a fazer sobre a sua analogia. Primeiro é que toda equiparação claudica. A Administração Pública não se equipara ao corpo humano. Reconheço, entretanto, que faz sentido dar o exemplo comparativo na intenção de ilustrar seu argumento.

        Ainda assim, seu argumento deixou-se trair pela já sua prévia resistência à operação Lava Jato ao fazer a distinção entre certos médicos e o médico inteligente, e estabelecendo que certos médicos optam pela retirada do tumor cancerígeno enquanto o médio inteligente optaria pelo tratamento radioquimioterápico. Não é necessariamente assim. O médico inteligente pode optar pela remoção da parte afetada pelo câncer enquanto certos médicos poderiam optar pela terapia utilizando produtos químicos ou radiação.

        E há nuances na situação médica que também podem ser transportas para o caso da operação Lava Jato pelo menos para efeito de ilustração. Serve de exemplo um médico inteligente tomar a opção equivocada enquanto certos médicos optarem pela alternativa correta. No caso da operação Lava Jato nós podemos estar diante da situação em que um juiz inteligente tomou a opção equivocada ou que certos operadores do direito fizeram a escolha correta. Talvez aqui se tenha outra aplicação da sua analogia. Tanto no caso do tratamento adequado para combater o tumor como no caso da operação Lava Jato realizada para combater a corrupção na Petrobras se possa dizer que talvez nunca se saiba qual seria a alternativa mais adequada salvo naqueles casos de erro médico crasso ou evidente decisão judiciária equivocada.

        Além de tudo isso, é bom lembrar que você não apresentou a sua solução para combater a corrupção na Petrobras. E muito do que você fala sobre os efeitos da Operação Lava Lato não condizem com o que de fato se verifica. Primeiro, o problema que a Petrobras enfrenta não é tanto vinculado à operação Lava Jato. Houve forte redução do preço do Petróleo que afetou a receita da Petrobras. E o endividamento elevado da Petrobras também pressionou para dar menos fôlego aos investimentos da empresa.

        E por fim cabe reforçar que não é a Operação Lava Jato que ao atingir a Petrobras acaba por prejudicar a economia brasileira fazendo-a atravessar por fase de recessão. Há um post aqui no blog de Luis Nassif que traz texto que tenta quantificar o efeito da crise da Petrobras na economia. Trata-se do post “Petrobras responde por maior queda do PIB, segundo Fazenda” de quinta-feira, 22/10/2015 às 15:42, contendo texto de Wellton Máximo da Agência Brasil e que pode ser visto no seguinte endereço:

        https://jornalggn.com.br/noticia/petrobras-responde-por-maior-queda-do-pib-segundo-fazenda

        É preciso entender que a responsabilidade da Petrobras pela queda do PIB não é só decorrente da operação Lava Jato. A responsabilidade decorre da dificuldade da Petrobras enfrentar a atual nível de endividamento que a empresa atravessa concomitantemente com a queda dos preços do Petróleo. Com o endividamento em dólar e elevado a Petrobras teve que reduzir os investimentos.

        A recessão da economia brasileira tem mais relação com o aumento da taxa de juro necessária para o país enfrentar o problema da valorização do dólar já sabida diante da perspectiva de elevação do juro pelo FED. Infelizmente por motivo ainda não explicado pelos economistas, a economia brasileira sofreu forte redução dos investimentos no terceiro trimestre de 2013 depois de três trimestres de crescimento expressivo. A reversão afetou o ano de 2014 que acabou não sendo tão favorável ao crescimento econômico como os dados tanto do PIB em geral como dos investimentos em particular nos três trimestres, iniciando no quarto trimestre de 2012, indicavam que ocorreria.

        Tivesse a economia apresentado melhores resultados econômicos talvez fosse mais fácil para o Brasil enfrentar a necessária desvalorização do real diante do aumento da prime rate americana. Nunca saberemos sobre isso, mas ainda assim valeria a penas que os economistas se debruçassem sobre o terceiro trimestre de 2013 e descobrissem qual foi a verdadeira razão para se ter uma reversão tão acentuada como de fato ocorrera.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 29/11/2015

        1. Um esclarecimento sobre a referência à desigualdade

           

          Andre Araujo (sábado, 28/11/2015 às 21:58),

          Não desenvolvi como queria a minha comparação do combate à desigualdade com o combate à corrupção. No final do meu primeiro comentário para você, eu disse o seguinte:

          “Então não vejo porque se deva fazer vistas grossas à corrupção. Em meu entendimento não combater a corrupção, mesmo que o combate à corrupção possa significar menos crescimento, é até pior do que por exemplo não adotar políticas que busquem combater a desigualdade, ainda que ao contrário do que as evidências mostrem, as políticas de combate à desigualdade não fossem, no curto prazo, nocivas ao crescimento”.

          Primeiro lembro que essa afirmação é em caráter genérico e não se refere especificamente ao seu post, isto é, o trecho acima não era para o acusar de não querer o combate a desigualdade. A minha acusação a você é no sentido de que eu não vejo você se manifestando favoravelmente em ir a fundo no combate a corrupção. A impressão que fica é que você sabe que a corrupção não é um estorvo ao desenvolvimento como a maioria acredita e por isso você não vê justificativa em ser duro no combate à corrupção, em uma espécie de análise custo benefício.

          Não é, entretanto, sobre isso que eu chamo atenção para o que transcrevi acima. O que eu disse e transcrevi acima é o que eu penso de um modo geral, mas quando lembrei de fazer a comparação eu tinha a intenção de mencionar um artigo recente que li de Noah Smith que tem o blog Noahpinion e também publica textos na mídia via Bloomberg. No BloombergView há o artigo dele intitulado “Redistributing Wealth” de 25/11/2015 às 08:00 am, que trata do custo de se realizar a distribuição da riqueza. O endereço do artigo “Redistributing Wealth” é:

          http://www.bloombergview.com/articles/2015-11-25/leaving-the-justice-out-of-wealth-redistribution

          A ideia do post é a oposição entre a justiça e a eficiência. É algo já conhecido há muito tempo. Quando se tenta ser eficiente perde-se na justiça e vice-versa. Não me lembro com exatidão, mas talvez logo depois da crise de 2008, a revista The Economist fez uma longa série sobre a China onde falava sobre a ineficiência da indústria siderúrgica chinesa com duas a quatro vezes mais funcionários do que o necessário. É a mentalidade inglesa da primazia da eficiência, mas que analisa os problemas mais pelos efeitos de curto prazo. No longo prazo há que se considerar efeitos benéficos de se privilegiar a justiça.

          No exemplo da siderurgia chinesa, a redução à metade do número de funcionários a tornaria muito mais eficiente. É claro que com crescimento rápido dez anos depois haveria necessidade do dobro de funcionário na siderúrgica e eles todos estariam empregados e possuindo dez anos de treinamento. No longo prazo a busca da redução da desigualdade traz resultados benéficos para um povo, ou de modo mais amplo, para a humanidade.

          Noah Smith não é um economista da direita. E ele expressa uma provável comprovação econômica quando diz quase ao final do artigo dele:

          “Mais igualitária que se tenta fazer uma sociedade, mais pobre ela se torna”.

          No entanto, chegaremos em um tempo que não realizar políticas que reduzam a desigualdade será considerado crime assim como hoje é considerado crime a corrupção. Em uma situação assim e em que as evidências econômicas aparentemente mostram que o combate à ausência de políticas contra a desigualdade ou o combate a atos que favoreçam a desigualdade (Mandar dinheiro para paraísos fiscais para não pagar imposto de renda) reduz o crescimento e o combate à corrupção também reduz o crescimento, eu não veria motivos para arrefecer a luta contra essas ilicitudes. São perdas que teremos que saber administrar, mas que não podem constituir empecilho a que se seja mais duro com a ilicitude. É uma sociedade melhor o que almejamos, e o combate a ilicitude torna uma sociedade com mais justiça.

          Clever Mendes de Oliveira

          BH, 30/11/2015

  15. Rent Seeking e a Corrupção no

    Rent Seeking e a Corrupção no Brasil: a raiz do problema.por LEONARDO J. F. NEIVA*

    Rent seeking significa “busca por privilégios especiais”. Para ser mais preciso, Tullock[1] define rent seeking como o “uso de recursos reais com o fim de gerar renda econômica para as pessoas, sendo que as próprias rendas econômicas provém de alguma atividade que tem valor social negativo”. Em outros termos, nas atividades derent seeking alguém investe recursos financeiros para conseguir para si uma transferência de renda, em prejuízo do restante da sociedade. Essas vantagens podem tomar diversas formas, como a concessão de benefícios ficais, monopólios privados, restrições de concorrência, pagamento de subsídios, dentre outros. Tais processos geram um resultado social duplamente negativo, pois, em primeiro lugar, implica em prejuízo para os cidadãos desorganizados, e, em segundo lugar, porque reduz a competitividade da economia.

    Em regra, o rent seeking é realizado por “grupos de interesse”, que nada mais são que grupos bastante organizados de indivíduos ou empresas, que almejam obter para si um privilégio especial. Tais grupos podem se apresentar como associações, sindicatos ou, ainda, ter caráter informal, mas sempre apresentam alguma bandeira de luta, que alegam ser de interesse nacional, todavia, aquilo que realmente lhes move é sempre a busca por seus interesses privados. Isto implica dizer que o rent seeking sempre aparece disfarçado sobre argumentos de “defesa do interesse nacional”, “promoção do desenvolvimento econômico”, “promoção da igualdade”, dentre tantos outros.

    Um grupo de montadoras de automóveis que se junta para pagar uma propina milionária no intuito de obter a expedição de uma medida provisória que lhes conceda um generoso benefício fiscal é, certamente, um excelente exemplo de grupo de interesse na realização de rent seeking. Nesse caso, a transferência de renda se dá dos contribuintes para as empresas, visto que aquilo que a União deixou de arrecadar tributando tais montadoras teve de ser, posteriormente, arrecadado da sociedade, via aumento na CIDE-Combustíveis.

    No caso dos empréstimos do BNDES, o processo é bastante similar. As empresas investem recursos para conseguir a aprovação de empréstimos a juros muito inferiores aos praticados no mercado, sendo que a população tem que arcar com a diferença. Ocorre uma transferência de renda da população para os rentistas (praticantes do rent seeking) porque a União toma dinheiro emprestado a juros altos para reemprestar às empresas a juros baixos, e a diferença é paga pelas receitas tributárias.

    Ressalte-se que os malefícios do rent seeking não param por aí, visto que a proliferação de rentistas gera uma enorme perda de eficiência para economia. Isto é, o rent seeking sempre implica em menos produtividade e menos tecnologia. Os fabricantes de automóveis, quando se deparam com forte concorrência, podem investir em tecnologia de ponta e se tornam mais produtivos, ou podem apelar ao rent seeking, se esta for uma opção mais barata. Assim, cada vez que uma montadora recebe um subsídio, termina por engavetar um novo processo de desenvolvimento tecnológico. A mesma lógica se aplica às empreiteiras, e a toda e qualquer empresa. Como resultado do acúmulo de processos de rent seeking, a economia do país torna-se menos competitiva.

    Observe-se o que afirma Tullock sobre rent seeking e a perda de produtividade:

    Não há dúvida de que a rent seeking produz diretamente sérias ineficiências, mas os seus danos indiretos são ainda piores. A maior parte das pessoas inteligentes e empreendedoras da sociedade é recrutada para uma atividade que não contribui para o produto social, ou que pode ter um produto social negativo. Essa causa é mais importante para explicar a estagnação dessas sociedades do que o custo direto dos privilégios especiais[2].

    O rent seeking é tão danoso que o referido autor atribui o sucesso Grã-Bretanha na Revolução Industrial ao abandono do rentismo, quando do século XIX. Isso implica dizer que o sucesso econômico de uma nação está diretamentte relacionado ao nível de rent seeking que se observa na sociedade.

    Assim, o presente artigo relacionou os fatos revelados pelas recentes investigações da Polícia Federal com o a teoria do rent seekig, que fora desenvolvido pela escola liberal do Public Choice. Resta evidente que, além de atentar para os crimes praticados, os brasileiros de bem precisam reparar nos malefícios do rent seeking, visto que os corruptos serão presos (assim espera-se), todavia, os grupos de interesse permanecerão à espreita, em busca de novas oportunidades.

    [1] TULLOCK, Gordon; SELDON, Arthur; BRADY, Gordon L. Falhas de governo: uma introdução à teoria da escolha pública. Rio de Janeiro: Instituto Liberal,2005. p. 55.

    [2] TULLOCK, Gordon; SELDON, Arthur; BRADY, Gordon L. Falhas de governo: uma introdução à teoria da escolha pública. Rio de Janeiro: Instituto Liberal,2005. p. 61.

    *Leonardo J. F. Neiva é Mestrando em Direito na Universidade Católica de Brasília e professor de Direito Tributário e Direito Administrativo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI.

  16. changes

    o tempo da economia centrada na indústria passou. a ilusão keynesiana de salvar o capitalismo dos capitalistas desmoronou junto com o Muro de Berlim. os anos dourados pertencem ao passado…

    vivemos o tempo selvagem da supremacia absoluta do capital financeiro. dinheiro gera dinheiro em operações de alta-frequência sem materializar-se como mercadoria.

    o estágio atual do capitalismo prescinde não apenas das nações como da própria democracia liberal. mergulhamos no abismo sombrio da tirania financeira. as mega-corporações cartelizadas estendem seus tentáculos por todo o planeta: países são destruídos e populações inteiras se tornam párias. marchamos para nos tornarmos refugiados em nossa própria pátria.

    a crise de 1929 só foi superada pela gigantesca destruição criativa provocada pela II Guerra. a crise de 2008 já não pode ser superada por uma reciclagem das forças produtivas através de conflitos bélicos globais. desembocaria na utilização de armas de destruição em massa. a porta de saída tradicional do capitalismo para as crises se fechou.

    o capitalismo descrito neste post não existe mais. nem tornará a existir. estamos na era do genocídio, do colapso, do extermínio e do caos.

    We gotta make a change

    It’s time for us as a people

    to start makin’ some changes

    Let’s change the way we eat

    let’s change the way we live

    and let’s change the way we treat each other

    You see the old way wasn’t working

    so it’s on us to do

    what we gotta do, to survive

    2Pac

    .

  17. MODELO ECONOMICO – CAPITALISMO

             Os países do primeiro mundo estão contabilizando para aumentar o PIB o lucro do crime organizado, tráfico de drogas, prostituição e, tenho certeza, todos os tipos de crimes constante nos Códigos penais de todos os países.

             Por meio da CIA o EUA apoiou Generais que implantaram ditaduras e fizeram fortunas com o tráfico de drogas na América Latina e outras partes do mundo. A mais recente produção do mundo capitalismo foi a criação do ISIS. Treinaram os assassinos, forneceram armamento, equipamento veículos e grana. Agora na ONU o EUA impediu que o ISIS constasse “em lista negra”, uma proposta da Rússia.

             Mas, há aqueles que lutaram e lutam contra a corrupção, enfim contra todo tipo de criminalidade em todos os países. A sonegação, a fraude nas licitações públicas principalmente, o cartel, são combatidos com muita energia. são crimes gravíssimos, pelo menos nos países civilizados.

            O PODER no Brasil infelizmente sempre esteve nas mãos daqueles que fizeram da História do Brasil a história da traição ao povo. Usaram os escravos em guerras, prometendo a liberdade, um pedaço de terra e deram a Traição de Cerro dos Porongos. É a História do holocausto do hospício de Barbacena/MG, descrito no livro de Daniela Arbex.

             O Senador José Serra esclareceu a todos os juristas e incautos que cartel não é crime e assim decidiu a Polícia Federal, pois no relatório do Inquérito do cartel do metrô de SP constou que “as empresas estatais foram vítimas”. Aquela famosa frase “eu não sabia de nada” só vale pros Tucanos.

  18. CAPITALISMO

                Sem querer achei essa notícia: https://www.portosenavios.com.br/noticias/ind-naval-e-offshore/32450-reino-unido-concede-emprestimo-de-us-500-milhoes-a-petrobras?utm_source=newsletter_7670&utm_medium=email&utm_campaign=noticias-do-dia-portos-e-navios-date-d-m-y

                A agência de crédito à exportação do Reino Unido, a UKEF, declarou que vai estender a linha de crédito à Petrobras para que esta possa comprar bens e serviços aos exportadores do Reino Unido. A UKEF ajuda frequentemente a financiar grandes projetos de exploração de petróleo e de gás em todo o mundo, apesar das promessas do Governo de acabar com este tipo de assistência.

               Países ricos investem em outros países para que suas empresas sejam beneficiadas. Aqui querem destruir as empresas nacionais, tapados criticam investimentos em outros países (vaipracuba).

               Quando da crise de 2008 que abalou a humanidade o Dr. Delfim Neto escreveu que não deviam ajudar nenhum banco. Mas não foi o que aconteceu. Trilhões de dólares foram “jogados” para conter a crise e nunca serão pagos.

  19. certas coisas nunca mudam…

    os bancos foram salvos mas a população teve que buscar refúgio por conta própria. nos EUA como na Grécia. também no Brasil são os trabalhadores que arcam com os custos do ajuste fiscal dos banqueiros.

    nos EUA, o sonho americano converteu-se numa Home Land onde a 80% da população dividem apenas 7% da renda, enquanto o 1% super-rico abocanha 40%. com a extinção da middle-class norte-americana e do welfare-state Europeu, a economia globalizada recoloniza o planeta sob o modelo africano: adeua à cidadania.

    empresas devem sim ser resgatadas! mas para quê? para quem?

    em 2008 o BNDES e recursos públicos salvaram do crash centenas de empresas, entre elas a Sadia, o Unibanco, a Aracruz, o Banco Votorantim. em 2014, mesmo com todos os incentivos e desonerações, o grande empresariado brasileiro fez “greve de investimentos”.

    grandes empresas resgatadas com dinheiro público devem ser obrigadas a se comprometerem com uma função social. mas tem coisas que nunca mudam: os prejuízos são socializados enquanto os lucros permanecem privados.

    .

  20. capitalismo de compadrio

    Prezado André,

    Seus argumentos estão perfeitos.

    Porém, não devemos nos esquecer que o capitalismo não pode existir sem o Estado, chamado por aquele ‘barbudo’ alemão de Comite Executivo da Classe Dominante.

    Nada mais falso que a dicotomia Estado-Mercado!

     

  21. PODER NO BRASIL

    é mantido por um grande corporativismo, principalmente do judiciário. Tudo o que eetá acontecendo desde o mensalão do PT é única e exclusivamente por causa de política partidária, defesa de interesses e ideologias (esta é a pior).

             Se estivesem no poder FHC ou Aécim Cunha não existiria investigação nenhuma e tudo permaneceria como denunciou Paulo Francis em 1996.

             Esse embate existiu contra Getúlio Vargas, contra Adhemar de Barros, contra Maluf, tudo por interesses mesquinhos e partidários.

             Nada vai mudar se não mexer no imenso poder que tem a mídia. Deviam começar pelo menos respeitando a Constituição.

  22. Ascensão e Queda de Banqueiros: André Esteves

    Ascensão e Queda de Banqueiros: André Esteves

    André Esteves preso

     

     

     

    Fernando Nogueira da Costa

     

    Conheci André Esteves na Diretoria Executiva da FEBRABAN (2003-2007). Era visto por seus colegas banqueiros como um dos mais promissores talentos nos negócios bancários. Como todos os jovens bem sucedidos, no caso bilionário, pecava pela arrogância. Só passou a me tratar cordialmente depois que sentiu, no bolso, o poder (passageiro) da minha representação da Caixa Econômica Federal.

    Sua prisão surpreendeu a todos, pois poucos banqueiros chegaram a esse ponto. Por exemplo, o banqueiro de negócios Daniel Dantas logo providenciou advogados para soltá-lo na Operação Satiagraha.

    Vale o registro para minha narrativa da história bancária brasileira. Só no dia da prisão o BTG perdeu quase R$ 10 bilhões de seu valor de mercado na bolsa de São Paulo! Oh, O Mercado é inclemente mesmo para que sempre lhe deu amor…

    Graziella Valenti e Raymundo Costa (Valor, 05/02/16) informam sobre as investigações em curso no âmbito da operação Lava-Jato, que envolvem André Esteves, fundador do BTG Pactual. Esta é uma das que menos se conhecem detalhes até agora, muito embora as consequências de sua prisão tenham sido imediatas e definitivas.

    O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Paulo Sepúlveda Pertence apresentou a sua antiga casa “a resposta à denúncia” da Procuradoria Geral da República (PGR) contra Esteves, por tentativa de criar obstáculos à investigação da Lava-Jato. Só após a defesa o STF decide se aceita a acusação da PGR.

    “O processo em si já é uma pena. Não só apura se é culpado, como submete o réu inocente a toda sorte de constrangimentos e vexames”, diz Pertence na introdução da defesa. A partir daí, apresenta argumentos para mostrar que não existem provas contra Esteves.

    Na decisão em que revogou a prisão preventiva do ex-banqueiro, em 17 de dezembro, o ministro Teori Zavascki disse aguardar elementos concretos, vindos da investigação, para aceitar a acusação.

     

    Esteves foi preso no Rio em 25 de novembro, e seguiu para o Complexo Penitenciário de Bangu, na noite do dia 29. Em 18 de dezembro foi revogada sua prisão preventiva e desde então se encontra em reclusão domiciliar, com diversas restrições. Entre elas, não pode ir ao banco, do qual já foi afastado da presidência e deixou de ser sócio controlador. De casa, aguarda o desenrolar das investigações e acompanha o encolhimento do banco.

    No dia de sua prisão, o BTG Pactual perdeu quase R$ 10 bilhões do valor de mercado, que foi a R$ 19,8 bilhões. No sétimo dia, Esteves perdeu o controle da instituição. Um grupo de sete sócios sêniores – que inclui Marcelo Kalim e Roberto Salutti – converteu as ações ordinárias do fundador em preferenciais. Seguiram dispositivo de emergência que existe no acordo dos sócios. E passou de banqueiro de investimentos celebrado do – com igual proporção de críticos ao seu estilo de atuação agressiva, que o levou a tão rápida ascensão – para a de ex-banqueiro em prisão domiciliar e futuro incerto.

    A corrida de clientes para retirar recursos do BTG não permitiu aos sócios esperar pela definição sobre culpabilidade ou inocência do fundador. Em oito dias úteis após a prisão, o banco acumulava R$ 9 bilhões em saques. Em 15 dias, já havia perdido 60% do valor de bolsa, para menos de R$ 11 bilhões – piso histórico.

    Só em dezembro, a corrida para venda de ativos e o desmonte de posições de tesouraria fez o ativo total do BTG encolher R$ 36 bilhões frente a setembro, para R$ 267 bilhões. Os sócios trataram de tentar separar o banco da figura de Esteves, para manter a instituição viva. Banco é um negócio em que imagem pode valer mais que a qualidade dos ativos.

    Pertence percorre em sua defesa os casos em que existem suspeitas de irregularidades envolvendo o BTG, com argumentos sobre o que avalia ser falta de provas.

    “André Esteves não possuía e nunca possuiu os anexos da colaboração premiada de Nestor Cerveró que ensejaram sua prisão”, disse o ex-ministro ao Valor.

    Esteves foi preso após ser citado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) numa conversa gravada com o filho do ex- diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O senador falava em encontro com Esteves no qual teria visto a delação para a qual Cerveró na época ainda negociava aprovação da procuradoria. Delcídio também sugeria que Esteves estaria por trás da ajuda financeira que ele ofereceu à família, em troca da omissão de dados na delação, e até de um eventual auxílio para fuga do país.

    O ex-ministro do STF afirma que seu cliente não tinha motivos para se preocupar com a delação de Cerveró “porque todos os fatos que supostamente o envolveriam não o envolviam”.

    A PGR, na denúncia apresentada ao STF, afirma que “se não estivesse ajustado com o denunciado André Esteves, o denunciado Delcídio do Amaral não teria nenhum motivo para defender o interesse do BTG Pactual no contexto da perspectiva de colaboração premiada de Nestor Cerveró”. A procuradoria, apesar de não apesar acusação formal sobre isso, afirma que Esteves compunha com Delcídio a organização criminosa que se beneficiava da Petrobras.

    Posteriormente, Delcídio apresentou ao STF documento em que afirma ter usado o nome de Esteves como “blefe” e que ele não teria se envolvido no tema, nem mesmo indiretamente.

    A primeira preocupação de Pertence foi mostrar que Esteves não participou de reunião com Delcídio no Rio, em 19 de novembro, como acusou a PGR. “Fizemos prova material de que ele estava em São Paulo recebendo clientes”, disse, e não no encontro entre o senador e o advogado de Cerveró.

    Também rebate o argumento de que o interesse do ex-banqueiro em Cerveró seria por conta da Medida Provisória 608, que trata do uso de créditos fiscais em massa falida bancária e que traria benefício ao BTG, comprador do Bamerindus. Mas a MP não trazia tais benefícios ao BTG. Segundo Pertence, a única referência ao suposto episódio é a “anotação apócrifa” no verso de uma cópia da delação de Cerveró encontrada no gabinete do assistente de Delcídio.

    É mencionada ainda, na denúncia da PGR, a associação do BTG com o empresário Carlos Santiago, para formação da distribuidora de combustíveis DVBR. Pertence observa que Esteves tinha comprado a participação na empresa, mas não tinha “nenhuma influência” na gestão do empreendimento. Além disso, não é o banco o sócio na distribuidora, e sim seus sócios controladores.

    A defesa de Esteves está sendo feita por um trio de advogados. Também trabalham no caso Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Sônia Cochrane Ráo.

    O impacto no BTG Pactual, companhia aberta, listada na BM&FBovespa desde 2012, afetou mais de mil acionistas no Brasil e no exterior. A ação do banco desde a prisão saiu de R$ 29,99 para R$ 11,75, na mínima do período. O banco só não quebrou porque seus sócios operaram com rapidez, liquidaram os bons ativos, afastaram Esteves do controle e da gestão e colocaram toda a liquidez pessoal dos respectivos patrimônios para responder à corrida dos investidores para retirar dinheiro da instituição. Resgataram recursos próprios aplicados nos fundos do banco para colocá-los à disposição do caixa. Por fim, recorreram ao Fundo Garantidor de Crédito, onde obtiveram R$ 6 bilhões, e fizeram uso de todo canal de liquidez possível.

    Mas a perda de pé do BTG, admitem seus sócios, precede a gravação de Delcídio e a prisão de Esteves e tem origem na escolha de negócios cujo principal cliente era o governo ou que tinham uma estatal como sócia. Entre os próprios sócios no banco, sobram críticas quanto à qualidade da gestão de várias das empresas em que possuíam participações.

    No ano passado essas participações resultaram em prejuízo de R$ 1,2 bilhão ao banco – e não é o primeiro ano de perda significativa. Um dos problemas é que, nessa área, executivos eram remunerados por “negócios realizados” e não pelo retorno que tais negócios ofereciam. O incentivo, portanto, era para se fazer mais aquisições e não para buscar as rentáveis.

    Só de transações ligadas à Petrobras, apurou o Valor, o BTG já fez baixas em balanço de R$ 2 bilhões em 2015 – metade relacionada à Sete Brasil e a outra metade à PetroÁfrica. Negócios que aproximaram muito a imagem do banco e do banqueiro à do governo Lula. O que parecia ser positivo para os negócios do BTG na época de bonança do país agora se voltou contra o banco na forma de prejuízos, desconfianças e perda de imagem, com os descaminhos do governo petista.

    Entre os negócios de retorno duvidoso está a sociedade com a Caixa Econômica Federal (CEF) na compra do Banco PanAmericano, em 2011. Operação que se revelou um péssimo negócio para as duas instituições, com prejuízos acumulados em R$ 565 milhões desde a compra. Os prejuízos já foram absorvidos, mas a expectativa do BTG em relação ao potencial do negócio não se concretizou.

    Mas a campeã dos negócios ruins é até agora a Sete Brasil. Em 2011, o BTG juntou-se às maiores instituições financeiras do país (Santander, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), que tinham criado um ano antes o que prometia ser uma operação financeira de pouco risco: uma empresa para assumir o financiamento das plataformas para exploração do pré-sal, mediante garantia do aluguel das sondas pela Petrobras e linhas do BNDES.

    Na prática, uma operação de renda fixa que deveria ser de baixo risco, embora envolvendo US$ 25 bilhões dos bancos na forma de empréstimo ou participação no capital. E com vantagens para a Petrobras, que ficaria com o balanço limpo dessa dívida. Até que veio à tona, pela Lava-Jato, o esquema de propinas montado anteriormente dentro da Petrobras, na contratação dos estaleiros nacionais que levariam a cabo a tarefa de construir as plataformas.

    A empresa, batizada Sete Brasil, não só assumiu uma operação que, hoje se sabe, estava comprometida na origem, mas também herdou o maestro dessa corrupção: Pedro Barusco, ex-gerente da área de engenharia da Petrobras que coordenou na estatal as encomendas com os estaleiros, tornou-se o primeiro presidente da Sete Brasil. Nessa aventura, os bancos só tiveram prejuízo. O BTG perdeu mais de R$ 1 bilhão de investimento próprio e outro R$ 1 bilhão de clientes.

    Há mais de um ano é de conhecimento público que a aquisição de metade da PetroÁfrica pelo BTG Pactual tornou- se alvo de investigação da força tarefa de procuradores e policiais federais de Curitiba que conduz a Operação Lava- Jato. Um outro negócio no qual o BTG perdeu dinheiro.

    Documentos mostram que o BTG Pactual pagou à Petrobras US$ 125 milhões a mais pela PetroÁfrica do que a oferta do segundo interessado, o grupo espanhol Cepsa.

    Só existiram essas duas propostas firmes após o negócio ter sido oferecido a 16 potenciais compradores. As informações estão em documentos registrados na 7a Vara Federal da Justiça do Rio de Janeiro, onde corre desde agosto de 2014 uma ação civil pública sobre a transação, na qual se discute se o valor pago foi justo.

    A força tarefa da Lava-Jato tenta investigar se Esteves pode ter dado propina para pagar menos pelo ativo e obter vantagem na transação. Cerveró, em sua delação premiada, fala de pagamento de propina na compra de ativos pela Petrobras na África, em 2006, mas pelo menos até agora não foi divulgado que tenha tratado de propina na venda da participação ao BTG, em 2013.

    Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, um dos operadores do esquema de propinas da Petrobras e delator na Lava-Jato, foi questionado sobre o tema em sua delação premiada. Depois de negar ter participado ou saber da operação, foi perguntado se não acharia que em operação como essa caberia propina. Ele disse ter “a percepção, por sua experiência em negociações no âmbito da estatal, de que era altamente improvável que tal negócio tenha ocorrido sem o pagamento de propina”. Baiano afirma que “ouviu rumores de que o BTG teria pago entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões de propina para fazer o negócio”, mas que não conseguia lembrar-se de quem lhe disse isso.

    Também não fica claro o indício de irregularidades nos detalhes sobre a negociação entre BTG e Petrobras para aquisição da PetroÁfrica que vieram a público por conta da ação cível iniciada pelo advogado José Renato Pereira Rangel, que pede a anulação da transação. Tanto a Petrobras quanto o BTG já apresentaram seus argumentos e documentos na ação, e eles estão disponíveis ao público.

    O banco fundado por André Esteves avaliou a PetroÁfrica em US$ 3,05 bilhões, em junho de 2013, quando comprou a metade da empresa para criar a joint-venture com a Petrobras. Pagou US$ 1,525 bilhão, mais que o ofertado pelo outro competidor. A espanhola de petróleo e gás Cepsa queria pagar US$ 1,4 bilhão, avaliando todo o negócio em US$ 2,8 bilhões.

    Dos 50% adquiridos pelo BTG, 32% ficaram com o próprio banco, 8% com clientes e 10% com o fundo de participações Helios, um dos maiores da África do Sul.

    Para o advogado José Renato Pereira Rangel, que move ação pedindo anulação da venda (citada acima), o preço pago pelo BTG foi “vil”. Com base em notas e colunas de jornais, que tratam da existência de relatório de um banco atribuindo preço muito maior à Petro África, ele sustenta que a operação trouxe prejuízo ao Erário.

    A polêmica em torno do valor pago pela PetroÁfrica tem origem em declarações de um funcionário de carreira da estatal à Polícia Federal, o que a força-tarefa chama de “informante”. Ele teria dito que o negócio valeria US$ 7 bilhões – mais que o dobro dos US$ 3,05 bilhões da avaliação do BTG.

    O informante pauta-se em estudo Standard Bank, que, a despeito do nome semelhante ao do banco inglês Standard Chartered, que viria a ser contratado pela Petrobras para assessorá-la na operação, é uma pequena instituição sul-africana. Nesta avaliação, o Standard Bank sugeriu que a PetroÁfrica poderia valer entre US$ 7,1 bilhões e US$ 9,3 bilhões para uma joint-venture. Em uma oferta pública inicial (IPO), teria potencial para alcançar até US$ 13,7 bilhões.

    Anexado ao processo da ação coletiva de Pereira Rangel, o estudo constou de uma oferta de serviços feita em agosto de 2012 pelo Standard Bank à Petrobras, quando manifestou a intenção de vender o ativo. Nesse tipo de apresentação, o banco que se oferece como prestador de serviço quer mostrar capacidade de “valorizar” o bem.

    Para chegar a esses valores, o Standard Bank considerou que as reservas estimadas da PetroÁfrica eram de 321 milhões de barris de óleo e que os investimentos da Petrobras seriam de US$ 2,5 bilhões. O fluxo de caixa projetado colocava a exploração dos campos na chamada “perpetuidade” – como se nunca fossem se esgotar.

    Tais pontos são destacados pelo BTG em análise na qual aponta o que considerou “erros” na avaliação feita pelo banco sul-africano. O Standard Bank trabalhou com reservas 51% acima dos 213 milhões de barris de óleo das reservas oficialmente estimadas pelos operadores dos campos nos quais a Petrobras tem participação na Nigéria, Chevron e Total. Além disso, o investimento necessário informado pela estatal era de US$ 4,2 bilhões, durante os anos de vida útil média dos campos: 7 a 10 anos, e não a perpetuidade.

    A Petrobras decidiu, em dezembro de 2012, contratar o inglês Standard Chartered como seu assessor financeiro. A venda dos ativos africanos, adquiridos em 2006, era parte de seu plano de desinvestimento de US$ 13,6 bilhões e uma forma de fazer caixa para financiar o desenvolvimento dos campos na Nigéria – que representava mais de 90%

    das reservas da PetroÁfrica. O assessor deveria organizar o processo de venda, o que inclui apresentar o negócio a potenciais compradores e convidá-los a fazer propostas. Nesses contratos, é usual que parte da remuneração do banco assessor venha do valor do negócio (quanto maior o preço de venda, melhor para o assessor).

    A lista de potenciais compradores do Chartered não incluía o BTG. Mas a Petrobras recomendou que ele fosse acrescentado por ter manifestado, um mês antes, interesse na transação. A Petrobras também contatou diretamente a Chevron, que tinha preferência como operadora de um dos blocos. O Chartered chamou 14 potenciais interessados na compra dos campos (direito de exploração) e, destes, ofereceu a seis também a opção de fazer a joint-venture.

    A italiana Eni mostrou interesse em comprar campos, enquanto Cepsa e BTG, na sociedade com a Petrobras. A opção foi pelo modelo de joint-venture, no qual havia disputa, e os dois interessados foram até o fim do processo.

    Antes de aprovar a venda, a estatal recebeu relatório do Standard Chartered que constatava: “o preço de compra a pagar pelo BTG Pactual em conformidade com a proposta de venda é justo do ponto de vista financeiro para a Petrobras”. Trata-se, no jargão de mercado, do “fairness opinion”.

    Ao fim de março de 2013, quando se tornaram públicas as negociações entre Petrobras e BTG, a estatal brasileira e o Standard Chartered ainda receberam outras “aproximações não solicitadas”, mas a discussão com Cepsa e BTG já estava em fase avançada.

    O BTG chegou a fazer outra proposta à Petrobras. A Nigéria já vivia sob risco de mudança regulatória que pode fazer com que os campos detidos naquele país tenham que pagar royalties de 25%. O BTG sugeriu pagar US$ 1,7 bilhão, desde que todo risco dessa questão dos royalties fosse arcado pela Petrobras. A estatal não aceitou e preferiu o modelo de risco compartilhado, pelo qual o negócio chegou ao valor final.

    Em sua defesa perante a Justiça do Rio, a Petrobras diz que sua “parceria” com o BTG Pactual resultou em lucro líquido de R$ 1,9 bilhão, “superando e muito o valor contábil dos ativos”.

    Em 2015, o BTG Pactual fez mais de R$ 2 bilhão em baixas contábeis por conta de seus investimentos no setor de óleo e gás, entre eles Sete Brasil, Bravante e PetroÁfrica.

     

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