Poços de Caldas se mobiliza contra corte de árvores centenárias

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Em abaixo-assinado, movimento afirma que população foi excluída do debate e podas de árvores centenárias afetam patrimônio paisagístico

Foto: Facebook – Prefeitura de Poços de Caldas

O processo de corte de árvores na Avenida João Pinheiro, em Poços de Caldas (MG), levou o movimento Poços Viva a publicar um manifesto neste sábado (25/03) contrário à decisão da prefeitura.

“Entendemos a importância do corte de árvores exóticas que podem causar desequilíbrios ambientais, bem como das árvores mortas. O que nos preocupa é a forma como tem sido implantada esta revitalização”, diz o comunicado.

Para a associação, as intervenções mais bruscas por parte das autoridades excluíram a população do processo “e estas árvores são memórias afetivas de todos nós que moramos em Poços de Caldas”.

“Os cortes das árvores tiveram como motivo, a volta do monotrilho. Ótimo, precisamos melhorar e ter alternativas no nosso modelo de ir e vir. Voltamos a ressaltar, não somos contra reativar o Monotrilho. Mas porque não fazer o replantio das arvores saudáveis?”, questiona o movimento.

Leia abaixo a íntegra do comunicado, divulgado pelo site Coluna Bastidores

Poços de Caldas, 25 de Março de 2023.

É de conhecimento de todos que a Prefeitura tem promovido, desde o começo do ano corte de árvores ao longo da Avenida João Pinheiro. Em mais de uma oportunidade a opinião pública deixou evidente que desaprovou a erradicação das árvores que adornavam o logradouro da Avenida João Pinheiro no sentido Centro-Bairro.

Mas porque desaprovaram? Pela forma como foram cortadas, podas radicais de árvores centenárias.

Todos esses episódios, não apenas o meio ambiente urbano, enquanto expressão do chamado meio ambiente cultural, como também o patrimônio paisagístico da cidade se viu irremediavelmente atingidos.

As árvores são seres vivos importantes em qualquer ambiente urbano. Oferecem sombra, ajudam a melhorar a permeabilidade do solo e a umidade do ar, reduzem o calor, a poluição do ar e sequestram carbono. Não por acaso, desde o século 19, todas as cidades do mundo desenvolveram intensos programas de arborização urbana.

No entanto, quando mal plantadas, muitas vezes há 50 ou 60 anos, as mesmas árvores podem trazer sérios problemas para a pavimentação das ruas, quebrando o concreto e tubulações subterrâneas, atrapalhando acessibilidade nas calçadas e comprometendo às vezes até o funcionamento de portões de casas.

E o desafio maior é quando árvores centenárias impedem a passagem de pedestres e cadeirantes. O problema é comum principalmente nas grandes cidades e infelizmente são heranças de alguns equívocos do passado. Hoje, os manuais de arborização sugerem o plantio de espécies com raízes profundas, justamente para evitar os danos a calçadas e tubulações. E este é o projeto de “Revitalização da Avenida João Pinheiro”

Mas o que fazer com uma senhora Tipuana, uma Mangueira, ou um velho Flamboyant, quando suas raízes afloram, subvertem as normas e impedem a passagem de pedestres e cadeirantes?

Arrancar todas as árvores? Claro que não. O que está plantado fica, e fica pelo tempo de vida que tiver. O que é preciso então é aliar a busca por mobilidade com o que será plantado daqui para frente. Especialistas relatam que para manter as arvores saudáveis podem ser construídas calçadas elevadas, como pequenas pontes, para vencer as raízes sem feri-las. Outros sugerem o alargamento da calçada, com a redução das faixas de asfalto, mantendo-se a árvore em seu lugar original.

Não somos contra os cortes de arvores doentes e não somos contra a revitalização da Avenida João Pinheiro.

Entendemos a importância do corte de árvores exóticas que podem causar desequilíbrios ambientais, bem como das árvores mortas. O que nos preocupa é a forma como tem sido implantada esta revitalização. Vale ressaltar que projeto de revitalização urbana deve ser elaborado por um(a) urbanista contendo desenho do calçamento, locação das novas árvores, locação do mobiliário urbano, paisagismo, detalhamento das intervenções nas estações do monotrilho.

Estas intervenções totais e mais bruscas reverberam da forma como está ocorrendo, pois, a população foi excluída do processo e estas árvores são memórias afetivas de todos nós que moramos em Poços de Caldas. Cada um de nós tem uma História para contar: um passeio com o animal de estimação, uma corrida com os amigos ou de bike.

Mas então qual deveria ser a solução? Temos em Poços de Caldas pesquisadores que poderiam estar auxiliando nas melhores práticas de manejo das árvores, como por exemplo a utilização de equipamentos que avaliassem se as árvores estão com problemas que levariam a morte, e caso não esteja seria feita a poda de adequação ou mesmo a retirada para o replantio

Estamos no século 21 com muitas tecnologias e opções para serem utilizadas. Porque não entrou em contato para uma parceria com a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana?

Esta é a nossa crítica. Fazer os cortes das arvores de modo arcaico e antigo que não se utiliza mais. Ah! Os cortes das árvores tiveram como motivo, a volta do monotrilho. Ótimo, precisamos melhorar e ter alternativas no nosso modelo de ir e vir. Voltamos a ressaltar, não somos contra reativar o Monotrilho. Mas porque não fazer o replantio das arvores saudáveis? Porque não utilizar equipamentos para avaliar quais arvores estão doentes? Pelos relatos serão 300 arvores dentre elas:  Quaresmeira, que é árvore nativa, Ficus Benjamina, Patas de Vaca, Magnólias, Arvores da China, Jacarandás Mimosos, Arvores do céu.

Quando se trata de arborização, tudo isso importa, está interligado e deve ser considerado ao se procurar contornar interesses conflitantes entre moradores, ativistas da mobilidade, concessionárias de serviços e técnicos ambientais.

E depois vem falar que nós ambientalistas que somos radicais? Só queremos e lutamos para que a cidade seja de todos, pois uma cidade só é boa, quando for boa para todos.

Movimento Poços Viva

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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