Por contaminação ideológica e omissão no 8/1, PF prende cúpula PM do DF

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Foram sete mandados de prisão preventiva contra a cúpula da PM/DF, por omissões nos atos golpistas de 8 de janeiro

Polícia Federal cumpriu mandados de prisão nesta manhã de sexta-feira no Distrito Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Klepter Rosa Gonçalves, foi levado pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18) como parte do cumprimento de sete mandados de prisão preventiva contra a cúpula da PM/DF por omissões nos atos golpistas de 8 de janeiro.

A informação foi divulgada pelo jornalista e colunista do UOL, Aguirre Talento. Além do atual comandante-geral da PM, que era subcomandante da corporação na invasão às sedes dos Três Poderes, foi preso o ex-comandante Fábio Augusto Vieira, que chefiava a PM na ocasião.

Foram levados à carceragem da PF também o coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, que em janeiro estava no Departamento de Operações da PM, o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues e o tenente Rafael Pereira Martins. 

Os presos nesta manhã são acusados de crimes contra o estado democrático, dano qualificado e também acusados da violação dos deveres funcionais estabelecidos na Constituição e nas normas da PM do DF. Já se encontravam detidos o coronel Jorge Naime e o tenente Flávio Silvestre Alencar.

Prisões solicitadas pela PGR 

As prisões haviam sido solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), após apresentar denúncia contra eles dentro da investigação que apura a omissão de autoridades nos atos golpistas do 8 de janeiro. Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre Moraes. 

À imprensa, a PGR afirmou que apresentou provas da omissão dos envolvidos e constatou que havia “profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF”, como a concordância com “teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”. 

A PGR também apontou que os policiais que ocupavam cargos de comando da corporação “receberam, antes de 8 de janeiro de 2023, diversas informações de inteligência que indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes”.

“Os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”, diz a PGR.

Procuradoria-Geral da República (PGR)

Ibaneis Rocha e Anderson Torres 

O ministro Moraes chegou a afastar do cargo, neste mesmo caso, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), durante dois meses. O ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres ficou três meses preso, mas posteriormente liberado por Moraes. 

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

4 Comentários

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  1. O título da matéria nos leva a crer que a PF está contaminada e etc… Uma porção de siglas que somente os iniciados entenderão e que desmente o real teor da matéria.
    ” Polícia Federal prende a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por contaminação ideológica” deveria ser o título.
    No mais, de uma polícia que tem como comandante um coronel de nome Klepter Rosa, não se pode esperar retidão e nem cumprimento de dever.

  2. Tem que limpar o estamento militar por completo – Forças Armadas da União, as polícias, sejam federais, estaduais ou guardas municipais. Para fazer isso é inevitável aplicar quarentenas para a atividade político-partidária. Essa coisa que falam por aí de PEC, criando reserva obrigatória para quem se candidate, não resolve. AS FORÇAS DE SEGURANÇAS NÃO PODEM CONTINUAR A MERCÊ DA CLÁSSICA DEMAGOGIA POLÍTICA. Não! Jamais. Cada macaco no seu galho. Quer participar da vida pública eleitoral? Desligue-se da força a qual faz parte, no mínimo dois anos antes.

  3. Imagino que a contaminação ideológica está muito além das autoridades militares da PM/DF, eu entendo que ela atinge uma parte ainda estratégica do três poderes e das FFAA. Por conta desse raciocínio, não custa lembrar que, apesar da indiscutível e necessária prioridade para a questão da tentativa terrorista e criminosa contra a república e a democracia, o caso Marielle pode seguir em paralelo e jamais esquecido de apuração e finalização, com a identificação e responsabilização dos mandantes envolvidos.

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