Relembre os sistemas de espionagem do governo Bolsonaro denunciados pelo GGN

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

PF avança nas descobertas das investidas do ex-presidente Jair Bolsonaro para espiar e monitorar. Confira as denúncias do GGN

Foto: Reprodução

A Operação da PF deflagrada nesta quinta-feira (26) contra o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, vem mostrando os avanços das investigações das investidas do ex-presidente Jair Bolsonaro para espiar desafetos e monitorar interesses. Os sistemas de espionagens usados pelo governo Bolsonaro vem sendo amplamente denunciados pelo GGN desde 2022.

De acordo com o relatório da PF que serviu de base para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar mandados de busca e apreensão nesta quinta, dezenas de autoridades foram espiadas pelo ex-mandatário, incluindo os próprios ministros Moraes e Gilmar Mendes, a deputada Joice Hasselmann, o ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT) e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia.

Uma das vertentes da investigação apura o monitoramento praticado pela Abin. Pessoas ligadas aos filhos de ex-mandatário, Renan Bolsonaro e Flávio Bolsonaro teriam sido beneficiados de relatórios e investigações da Agência.

Atualmente deputado, Alexandre Ramagem (PL-RJ) era o diretor da Agência Brasileira de Inteligência, foi intimado a prestar depoimento à PF nesta quinta, mas não compareceu.

Se hoje detalhes desse uso da máquina pública estão sendo confirmados, as ferramentas de hackeamento contratadas pelo ex-governo já haviam sido denunciadas pelo GGN.

As táticas de monitoramento da Abin e de outras pastas do governo Bolsonaro foram expostas no especial “Xadrez da Ultradireita”, em 2022, e em uma série de reportagens do colaborador do GGN e cientista político, Bruno Lima Rocha, em 2021.

No caso da Abin, o especial “Os sistemas do Exército e da ABIN para a guerra cibernética eleitoral”, de Luis Nassif, detalhava todas as plataformas e serviços contratados pelo governo, por meio da Abin, para monitorar.

Foram denunciados: Pesquisa em Fontes Abertas, Transcrição de áudios e reconhecimento facial, Monitoramento físico, Geosense, Rastreamento digital, mapeamento de IPs e Hackeamento de celulares.

Na publicação, também foram revelados contratos sigilosos no Diário Oficial para a compra de plataformas de hackeamento.

Na reportagem “Centro de Inteligência do governo atua longe de qualquer controle“, também do especial do Xadrez da Ultradireita, Lia Ribeiro Dias detalhava as práticas suspeitas da Secretaria de Operações Integradas (Seopi), subordinada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública então sob o comando de Sergio Moro, que também monitorou cidadãos.

Na publicação “Governo adquire sistemas espiões e ciber milionários, com ligações societárias e interesses suspeitos“, exploramos com exclusividade contratações da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça e do Comando de Defesa Cibernética do Exército (ComDCiber).

Levantamos as polêmicas desses mecanismos de espionagem, a relação societária e o poderio de empresas israelenses nessas contratações, com destaque para os mais de R$ 17 milhões depositados em somente uma dessas companhias, em troca de sistemas de monitoramento e acessos a dados de cidadãos.

O uso do sistema Pegasus, por exemplo, também já havia sido exposto por Bruno Lima Rocha, na publicação “A indústria israelense de espionagem: o caso Pegasus“, entre outras (aqui e aqui).

Relembre, abaixo, as reportagens:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador