Segundo turno: entre o risco democrático e a certeza da não derrota

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Os pesquisadores Murilo Cleto e Camila Rocha traçaram os riscos de tremer as bases democráticas, mas também "são dois lados dessa história"

Lula com a mão no bigode e olhar de atenção, na foto ao lado Jair Bolsonaro de frente para a câmera falando ao microfone
Lula e Jair Bolsonaro disputam segundo turno nas eleições presidenciais

O segundo turno das eleições entre Lula e Jair Bolsonaro no Brasil traz riscos de fortalecimento do discurso radical encabeçado pelo atual presidente e, com ele, a multiplicação de atentados, mas também não pode ser considerado uma “derrota” para Lula.

A avaliação foi feita pelos pesquisadores Murilo Cleto, historiador, mestre em Cultura e Sociedade e autor do livro “Por que gritamos golpe?”, e Camila Rocha, mestre e doutora em Ciência Política, pesquisadora da direita brasileira e autora do livro “Menos Marx, mais Mises”, em entrevista ao GGN momentos antes da contagem dos votos.

Apesar de o resultado não ter sido consolidado naquele momento, os especialistas traçaram o que significaria esse segundo turno, agora confirmado, para as eleições brasileiras.

Riscos de tremer as bases da democracia

Para Camila Rocha, definitivamente o segundo turno é um risco, porque “Bolsonaro pode, sim, eventualmente, se fortalecer, porque vai ficar muito mais focado na disputa entre os dois. E o medo é ele tentar voltar nesse discurso da radicalização, mesmo, da ameaça às urnas, mesmo desses grupos mais radicais de fato tentarem alguma coisa.”

Em uma das pesquisas desenvolvidas pela cientista política, “Bolsonarismo em crise?”, realizada em 2020 juntamente com Esther Solano, Rocha constatou que o discurso bolsonarista é “muito consolidado”, “homogêneo”, na defesa da ameaça e atentados contra as instituições democráticas.

“Nas entrevistas [com bolsonaristas], as pessoas tinham um discurso muito homogêneo, os bolsonaristas mais convictos. Esse papo de ‘tem que fazer impeachment no STF, tem que fechar o Congresso e começar tudo de novo’ era muito frequente.”

Entretanto, “quem lidera a eleição não pode ir para o segundo turno achando que isso é uma derrota“. “São dois lados dessa história do segundo turno”, já antecipava Murilo Cleto.

Acompanhe a análise dos pesquisadores sobre o segundo turno, a partir de 52:21:

“Acho que, de um lado, tem esse medo de você esticar a eleição mais um pouco e isso significar, portanto, essa possibilidade de virada, aumentar a radicalização, multiplicarem-se os atentados”, pontuou o historiador.

Nessa linha, ele ainda reflete que já estamos em um limite da manutenção das regras democráticas, diante da postura violenta de Bolsonaro e de seus apoiadores. “Algum tempo atrás, dizia-se assim: ‘quando surgir um cadáver, quero ver, isso só vai parar [o discurso] quando surgir um morto’. E já surgiram vários. Então, nós já estamos tratando disso num futuro.”

Quem lidera a eleição nunca perdeu no 2º turno

“Acho que é preciso, também, dosar essa eventual decepção caso exista o segundo turno, porque acho que seria um contrassenso, o que nunca aconteceu, quem lidera a eleição perder no segundo turno. Então, quem lidera a eleição não pode ir para o segundo turno achando que isso é uma derrota.”

Murilo Cleto lembra, também, que nestas eleições a distância entre o primeiro e o segundo turno será mais longa, em comparação às eleições anteriores. “Mas todo mundo fica preocupado, porque esse é um segundo turno um pouquinho mais longo do que a gente se acostumou em outras eleições, é mais tempo, então para ver o que vai acontecer, boa coisa não é, mas também não é o fim do mundo.”

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  1. BOA NOITE A TODOS POR AQUI NO GGN E AOS LEITORES TAMBÉM,LEMBREM-SE,NO BRASIL SEMPRE TEM MUITA EMOÇÃO, PÁ PÁ PÁ,PIXIM,PIXIM,RATATATA,CUIDADO!SE ABAIXEM,PROTEJAM NOSSOS FILHOS !!!

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