Senado cria comissão para acompanhar desaparecimento na Amazônia

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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O colegiado deve investigar as causas e as providências adotadas pelo desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips

Plenário do Senado Federal – Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O Senado aprovou nesta segunda-feira (13) a criação de uma comissão externa para apurar o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari, no Amazonas.

A comissão externa, que deve ir até o Amazonas, foi proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na Casa, e deve ter 60 dias de duração. A data da viagem deve ser definida posteriormente.

O colegiado será formado por nove senadores titulares, entre integrantes da Comissão de Direitos Humanos, da Comissão de Meio Ambiente e da Comissão de Constituição e Justiça. O autor do requerimento quer que os membros da comissão sejam indicados pelos líderes partidários em até 24 horas.

O colegiado deve investigar as causas e as providências adotadas pelo desaparecimento de Araújo e Dom Phillips, além de outros casos de violência na Amazônia. Ainda, o material deverá ser usado como subsídio para eventual pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Segundo Randolfe, a região em que o indigenista e o jornalista estavam viajando está entregue a organizações criminosas. “E são essas organizações criminosas no Vale do Javari, contra as quais Dom Phillips, Bruno Pereira e os povos indígenas lutavam”, disse.

Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criação da comissão externa vai “além da questão do desaparecimento e do eventual desfecho trágico em relação ao indigenista Bruno Araújo e ao jornalista Dom Phillips”, pontou, durante a sessão que aprovou o requerimento. “É aquilo que disse no começo desta sessão: existe uma situação hoje, no Estado do Amazonas e em outros estados, onde há a Floresta Amazônica, de crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de armas, desmatamento ilegal, extração de madeira ilegalmente, pesca ilegal, garimpo ilegal”, afirmou

 “Nós não queremos precipitar o que de fato aconteceu com o Bruno Pereira e com o Dom Phillips, mas, caso se confirme o fato de terem sido eventualmente assassinados, é uma situação das mais graves do Brasil”, completou Pacheco.

Comissão na Câmara

As deputadas federais Vivi Reis (PSOL-PA) e Joenia Wapichana (Rede- RR) também apresentaram requerimento para criação de uma comissão para apurar o caso na Câmara dos Deputados.

Segundo Reis, uma comissão é necessária “diante da falta de coordenação e omissão do governo federal”, uma vez que o “caso não pode ser tratado com indiferença”.

Relembre o caso

O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips, correspondente do The Guardian no Brasil, estão desaparecidos desde 5 de junho. Ambos viajavam pelo Vale do Javari, no Amazonas. O último registro dos dois foi na comunidade de São Rafael, uma região próxima à fronteira com o Peru.

De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari  (Univaja) e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi), o indigenista – exonerado do cargo de Coordenador de Povos Isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai) após pedir licença não remunerada por perseguição do governo Bolsonaro – sofria ameaças de invasores de terras indígenas.

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Na quinta-feira (9), o principal suspeito do caso, Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, teve a prisão temporária decretada. Em abril, Oliveira foi denunciado por invasão de terra indígena e pesca ilegal pela Univaja. Araújo teria sido um dos autores da denúncia.

Na sexta-feira (10), a PF informou que encontrou “material orgânico aparentemente humano” no rio Itaquaí, no Vale do Javari. A PF também encontrou sangue na embarcação de Oliveira.

Já no domingo (12), as equipes de busca encontraram, próximo da casa de Oliveira, um cartão de saúde e outros pertences de Araújo, além de uma mochila, um notebook e calçados que seriam de Dom Philips.

Ontem (13), uma reportagem do The Guardian afirmou que os corpos do indigenista e do jornalista foram reportados como supostamente encontrados nas buscas das autoridades brasileiras. No entanto, em nota, a PF negou a informação.

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