Com a colaboração de leitores
Vou apresentar minha relação, dividida em tendências que confluíram para criar a mais rica música popular do planeta. Como sempre, um texto inicial apenas, escrito rapidamente, que será completado com a contribuição de vocês.
Atenção, Villa-Lobos não entrou simplesmente porque Deus está em todos os cantos.
Seguindo a sugestão do leitor Weden, vou assinalar com um [M] aqueles autores que foram matriz dos que vieram depois.
Os fundadores do choro:
[M]Ernesto Nazareth, a primeira grande sofisticação na música instrumental, sofisticando um dos gêneros mais continuados da música brasileira, a valsa; e o choro.
[M]João Pernambuco, que dá início à escola de violão brasileira, trazendo os sons do norte para o país.
[M]Pixinguinha, que introduz o elemento negro no choro, dando-lhe uma linguagem universal.
Zequinha de Abreu que, nas primeiras décadas do século, consegue desenvolver como ninguém (excetuando Nazarteh), o sincopado, que seria das grandes características da música instrumental brasileira no século.
Severino Araújo, principal representante de uma geração de chorões que incorporam o som do jazz e das bigbands do pós guerra.
Jacob do Bandolim, que eleva o som brasileiro do bandolim, desenvolvido originalmente por Garoto, a níveis altíssimos.
Hermeto, que traz uma nova onda modernizante para o choro nos anos 70.
Os pioneiros da música urbana
[M]Raul Moraes, o grande compositor de frevo, que influencia diretamente a música urbana carioca, que nasceria na década de 30. E a longa linhagem do frevo, com Edgar Moraes, Nelson Ferreira, Capiba, irmãos Valença.
A música urbana carioca
[M]Noel Rosa, que cria as bases do samba urbano, que se inicia no sagrado ano de 1930, que marca as profundas transformações da música brasileira, e o início de uma música tipicamente urbana.
[M]Ari Barroso, com uma produção muito inferior à de Noel naquele início mas que, com o tempo, se consolidaria como dos grandes.
O samba de raiz
Os sambistas do morro, especialmente os pioneiros [M]Sinho, [M]Ismael Silva, Donga e Cartola e, depois, Nelson Cavaquinho, Candeias.
Os compositores do sincopado: [M]Geraldo Pereira, [M]Wilson Baptista, Roberto Martins.
Lugar especial para o samba-toada mineiro de Ataulfo Alves.
O axé music, sim senhor, trazendo de volta a tradição do samba de roda autêntico.
Os modernizadores
[M]Garoto, que revoluciona o violão, o bandolim e o cavaquinho brasileiros.
[M]Radamés, que forma várias gerações de músicos.
[M]Dorival Caymmi, que cria um estilo único, dando um frescor e modernidade à música brasileira, que prepararia terreno para a futura bossa nova.
[M]Tom Jobim: sem comentários.
[M]João Gilberto que cria a batida universal, onde passaram a caber todas as músicas.
Os regionalistas
[M]Luiz Gonzaga, o homem que inventa o marketing do baião, lança as bases de uma das maiores escolas instrumentais brasileiras, a sanfona.
Zé do Norte: de atuação restrita, mas foi um de meus favoritos, com um período brilhante nos anos 50 e 60.
Jackson do Pandeiro, o maior sincopado da música brasileira.
Luiz Vieira: obra curta, mas extraordinariamente marcante.
João do Vale, uma explosão que tomou o Brasil de norte a sul na segunda metade dos anos 60.
Adoniran Barbosa, que traz a influência italiana-paulista para a música, e um notável cronista de costumes.
Catulo da Paixão Cearense, o introdutor do regional nordestino no país.
A música caipira paulista, especialmente a vertente de [M]Raul Torres, do qual derivam Capitão Furtado, João Pacífico, Tonico e Tinoco. Tem muito mais, que iremos preenchendo com a ajuda de vocês.
A toada mineira de Joubert de Carvalho e Hervé Cordovil.
Amir Satter e a música do Pantanal, com forte influência da tonada argentina.
O samba canção _
Johnny Alf e as novas harmonias
Newton Mendonça, que ajudou na transição do samba canção para a bossa nova.
Os maestros
Radamés: o pai de todos.
[M]Joachim Koellreutter: que ensinou a toda uma geração de músicos populares a partir dos anos 50.
Guerra Peixe, que prosseguiu o trabalho pedagógico de Koellreutter.
Bossa Nova
Carlos Lyra, e o fortalecimento do samba-choro e samba-canção com roupagem de bossa nova.
Roberto Menescal, o único compositor bossanovista puro.
MPB
[M]Baden Powell, a mais perfeita transição da bossa nova para a MPB.
[M]Gilberto Gil, recriando e modernizando o som do nordeste. Embora galho da árvore Gonzaga, abre espaço para a nova música nordestina, o veio mais prolífico da MPB dos anos 80 e 90.
[M]Caetano, abrindo novas possibilidades para a MPB.
Chico Buarque, trazendo de volta as raízes do samba urbano.
[M]Milton Nascimento, e os tambores de Minas, misturando Beatles, Minas e MPB.
Edu Lobo, que introduz a tradiçãod e Villa-Lobos na MPB antes mesmo de Tom Jobim, nos seus trabalhos posteriores.
Paulinho da Viola, que recria o choro, produzindo a melhor síntese entre dois gêneros fundamentais da música brasileira: o samba e o choro.
Ivan Lins, juntando o soul, a bossa nova, a MPB e criando um som único, reconhecido universalmente.
Djavan, da linhagem de Caymmi (sem a sua dimensão) e de Ivan, autores de obras únicas.
João Bosco, uma síntese dos sons primordiais do Brasil, da influência ibérica à africana.