Os novos produtos bancários dos anos 80, por Luis Nassif

Era interessante como a falta de informação especializada impedia o lançamento de novos produtos. Um deles era o plano de capitalização

Eu tinha a coluna Dinheiro Vivo na Folha e o programa na TV Gazeta. Mas quem descobriu o plano de saúde do banco Itaú foi minha ex-esposa. Na época, só existia a Golden Cross, muito cara.

O plano da Itaú era tão bom que recomendei na coluna da Folha e no meu programa. Os vendedores do Itaú Saúde saiam para vender o plano exibindo o artigo.

O plano era tão bom que começou a dar prejuízos ao banco. E o Itaú passou a cancelar os planos. Imediatamente critiquei a decisão. Aí, o presidente do Itaú Seguros, Luiz Campos Salles, me convidou para um almoço no Gero. Foi sincero. O Itaú, de fato, estava tendo prejuízo e não queria continuar com o plano. Mas como desrespeitar os contratos assinados?

A sugestão veio do próprio Olavo Setubal, presidente do Itaú. Foi enviada uma carta para cada segurado, com um aviso no rodapé. Se quisessem permanecer no plano, teriam que responder à carta. Quem não respondeu – e foi a maioria – foi automaticamente excluído.

Era interessante como a falta de informação especializada impedia o lançamento de novos produtos. Um deles era o plano de capitalização, uma combinação de poupança e sorteio, dominado então pelo Baú de Silvio Santos. Escrevi algumas matérias mostrando que o percentual para poupança era mínimo. Quase tudo ia para sorteio. Mesmo assim, o Baú vendida como se fosse poupança.

Depois que escrevi o artigo fui convidado para um almoço pelo jovem presidente do Bradesco Capitalização que, para mérito seu, também era presidente do Bradesco Capitalização.

No almoço ele me informou que, depois que saiu o artigo, decidiu tirar da gaveta o plano de capitalização do Bradesco – que destinava um percentual muito maior para poupança. Antes, de nada adiantaria porque a opinião pública não tinha a menor ideia sobre a lógica dos planos de capitalização.

Depois, Trabucco fez uma carreira brilhante, chegando a presidente do Bradesco e, agora, presidente do Conselho.

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Luis Nassif

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  1. Em 2023, ouvi uma história que não me surpreendeu nem um pouco, pois conheço a empresa. A interlocutora (aposentada) diz que procurou a agência do BB para uma aplicação de valor razoável. O funcionário (vendedor) oferece a capitalização com sorteio, se ganhasse, milhões, se não, o mesmo valor de volta sem correção depois de mais de 1 ano. Ela recusou, porque “acompanho o noticiário econômico e o ICL/Eduardo Moreira”, diz ela. Pergunto: E o vend, digo funcionário não ofereceu uma alternativa? Não, diz ela, para nenhuma surpresa minha. Restou a ela ir embora e procurar outro banco. Metas. Metas. Metas. Vivi para ver o ex-banco público fazer isso.

    1. Ao menos 3 vezes por semana, recebo mensagens oferecendo oferecendo “produtos”, mais ou menos assim: “Agora vc não precisa fazer mais aquela “fezinha” toda semana (leia-se Loterias da CEF), basta adquirir um Ourocap Premiado”, e por aí vai. Apelidei o dito Ourocap de Ourocap Estelionato.

  2. Em 2023, ouvi uma história que não me surpreendeu nem um pouco, pois conheço a empresa. A interlocutora (aposentada) diz que procurou a agência do BB para uma aplicação de valor razoável. O funcionário (vendedor) oferece a capitalização com sorteio, se ganhasse, milhões, se não, o mesmo valor de volta sem correção depois de mais de 1 ano. Ela recusou, porque “acompanho o noticiário econômico e o ICL/Eduardo Moreira”, diz ela. Pergunto: E o vend, digo funcionário não ofereceu uma alternativa? Não, diz ela, para nenhuma surpresa minha. Restou a ela ir embora e procurar outro banco, onde fez uma aplicação financeira digna do nome, ao contrário da empulhação que o vendedor queria empurrar. Metas. Metas. Metas. Vivi para ver o ex-banco público fazer isso.

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