“Lista sigilosa de Fachin”: muito confete, pouca novidade

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O Estadão divulgou nesta quarta (19) que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, manteve em sigilo 25 petições da Procuradoria Geral da República, que incluem “mais suspeitas de crimes envolvendo nomes de destaque do PT e PMDB”, como Lula e Eduardo Cunha. A lista está em sigilo porque há diligência em curso e a PGR entende que a divulgação poderia prejudicar as investigações.
 
Embora o Estadão afirme que a lista sigilosa trata de “fatos ainda não divulgados”, as suspeitas em torno da atuação do ex-presidente Lula já são conhecidas graças ao pacote de delações da Odebrecht.
 
São dois os casos que envolvem o petista: a entrada da Odebrecht nas obras do Porto de Mariel, em Cuba, e um contrato da empreiteira com a empresa Exergia, de propriedade de Taiguara Rodrigues, que a grande mídia chama de “sobrinho” de Lula – é sobrinho, na verdade, da primeira esposa do ex-presidente.
 
“O contrato previa a prestação de serviços em Angola, entre 2011 e 2014, quando Lula já não era presidente. De acordo com quatro colaboradores, no entanto, esta contratação foi feita para atender a pedido do próprio ex-presidente.”
 
“Delatores acrescentaram que a empresa Exergia não detinha experiência no ramo de construção e seria constituída por Taiguara só para fazer uso da influência de Lula. As informações e documentos serão encaminhados à Justiça Federal do Paraná, a pedido da PGR, porque fatos semelhantes já eram apurados previamente.”
 
Essas informações já vieram a público quando a Lava Jato deixou vazar trechos da delação de Alexandrino Alencar. O assunto também já é objeto de investigação contra Lula em Brasília (operação Janus).
 
Leia mais: Operação Janus: as nebulosidades na denúncia contra Lula no caso Exergia
 
A divulgação da delação de Emílio Odebrecht, nos últimos dias, também tornou pública a participação da Odebrecht no Porto de Mariel.
 
https://www.youtube.com/watch?v=c5jrEGnUu8o
 
A novidade, de acordo com o Estadão, é que o caso será remetido também ao Superior Tribunal de Justiça porque foi citada a participação de Fernando Pimentel. Como governador, ele tem foro no STJ.
 
O Estadão também citou que contra Antonio Palocci, há na lista sigilosa de Fachin pedido de investigação a respeito de pagamentos a João Santana para campanhas presidenciais no Peru e El Salvado. O marqueteiro recebeu, só em 2009, R$ 5,3 milhões.
 
O assunto também é conhecido. Foi discutido superficialmente por Marcelo Odebrecht com o juiz Sergio Moro, quando o empresário detalhou uma planilha com pagamentos feitos ao PT por meio de Palocci. Marcelo chegou a citar que havia “alinhamento ideológico” do PT com candidatos que estavam em disputa eleitoral nos países vizinhos. Mas Moro não aprofundou o caso porque não dizia respeito ao processo em questão.
 
Sobre Henrique Alvez e Eduardo Cunha, há investigaçãao em andamento, sob sigilo, por conta da doação de R$ 2 milhões para a campanha eleitoral ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014.
 
Valdir Raupp (PMDB) também é investigado por ter recebido R$ 500 mil para a disputa pelo Senado em 2010.
 
A terceira campanha suspeita é a de Luiz Fernando Teixeira, deputado estadual do PT em São Paulo, que teria recebido R$ 300 mil. A informação também é conhecida, graças a delação de Benedicto Junior.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. modus operandi da lava jato:

    modus operandi da lava jato: basta uma pesquisa apontando Lula na frente de todos e em todos os cenários q vazam notícias como essas!

  2. Ah! meu Deus !

    Aguardo ansiosamente a delação s/ a cor da cueca do Lula , no dia em que ele foi ao apartamento no Guarujá.

    Estou em dúvida se será os Odebrecht ou os Santana. E tb quando será a delação,  em 2018, 2020 ?

    Acho até que vou fazer uma caixinha de apostas.

  3. Os vazamentos não podem acabar

    Sem lista sigilosa não tem vazamentos. Penso que esta seja a justificativa de manter uma lista sigilosa, quando tudo ou quase tudo já foi revelado.

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