#MoroMente no Largo São Francisco, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Vários deputados federais também estiveram presentes. Ao chegar, o ex-deputado José Genoino foi aplaudido de pé por todos os participantes. O jornalista Luis Nassif também prestigiou o evento.

#MoroMente no Largo São Francisco, por Fábio de Oliveira Ribeiro

No dia 19 de agosto de 2019, no salão nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, ocorreu o lançamento da campanha #MoroMente organizada pela Associação Brasileira dos Juristas para a Democracia, Coletivo Transforma MP e de outras entidades da sociedade civil. O evento contou com a presença de várias autoridades, como os presidentes do PT, PSOL e PCdoB.

Vários deputados federais também estiveram presentes. Ao chegar, o ex-deputado José Genoino foi aplaudido de pé por todos os participantes. O jornalista Luis Nassif também prestigiou o evento que foi divulgado em tempo real pelo Facebook. O vídeo está disponível para os interessados.

Aproveitarei esse espaço para comentar algumas coisas interessantes.

Dois discursos chamaram muito minha atenção. O primeiro foi o de Fernando Haddad. Ele se referiu de maneira bastante enfática ao terrorismo com força de Lei dos generais bolsonaristas. Esse fenômeno que já foi objeto de reflexões aqui mesmo no GGN.

Haddad disse que o STF está sendo ameaçado sempre que se reúne para proferir uma decisão em favor de Lula. Isso é verdade, mas apenas parcialmente. Alguns Ministros daquele Tribunal já demonstraram estar umbilicalmente comprometidos com a Lava Jato. Eles não precisam sofrer ameaças, pois estão dispostos a corroborar a farsa jurídica que impediu Lula de disputar a presidência e levou Jair Bolsonaro à presidência. Essa questão não foi objeto da crítica do líder petista.

O outro discurso que chamou minha atenção foi a do representante dos policiais antifascistas. Ele explicou como o trabalho científico dos peritos policiais deve ser realizado sem a interferência qualquer tipo de preconceito partidário, ideológico, racial, sexual, econômico, religioso, etc… A explicação dele foi singela e didática, mas o valor simbólico dela é imenso.

Essencial à preservação do Estado de Direito, a atividade policial já está sofrendo distorções. Desde o início da Lava Jato ela vem sendo transformada num instrumento de opressão política. A perseguição seletiva dos adversários do novo sistema de poder é uma realidade desde que a delegada Erika Marena provocou o suicídio de Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Antes disso, os especialistas da PF haviam interceptado uma ligação de Dilma Rousseff e Lula que foi utilizada politicamente por Sérgio Moro. Eu mesmo já senti o gosto amargo de ser investigado de maneira injusta pela PF.

Por fim, não posso deixar de registrar algo desagradável. O evento #MoroMente começou com 45 minutos de atraso. A pontualidade não deveria ser desprezada. Quando o que está em questão é um assunto tão sério quanto a partidarização do sistema de justiça o comprometimento dos organizadores e dos interessados pode e deve ser exigida. Se admitirmos ser verdadeira a hipótese de que “a política é a continuação da guerra por outros meios” (Clausewitz), não podemos esquecer que como numa batalha o sucesso das ações políticas podem ser comprometidas por causa da utilização inadequada de um recurso escasso: o tempo.

Fábio de Oliveira Ribeiro

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