Levante de Junho: pequena análise sobre um movimento que não acabou e que não tem prazo para acabar

Por Fernando Cisco Zappa

Prólogo

O levante de junho, simbolicamente, ainda não acabou e ainda está longe de se realizar completamente em nosso horizonte político, social e cultural. Junho de 2014 não apresentará nenhuma novidade como querem os utopistas, os idealistas e os oportunistas, será a continuidade de um processo que está apenas iniciando.

O próximo movimento, de junho, inapelavelmente, acontecerá e se reproduzirá em escala nacional durante o período de campanha eleitoral, que culminará em outubro.

Pequena Análise

É com atenção e observação abertas e mergulhadas, hermeneuticamente, na história que conseguiremos nos posicionar, um pouco melhor, diante dos momentos de “impasse” e “tensão”. Os levantes ocorridos no Brasil, a partir do Movimento Passe Livre, em São Paulo e em todo o Brasil, em junho de 2013, nos trazem questões contraditórias e instigantes, e, muito provavelmente não se repetirão com a mesma espontaneidade nas possíveis manifestações deste ano.

Se acreditarmos que os dois grandes motores das manifestações foram a busca por mais Participação Popular e a melhoria da Qualidade e da Eficiência das Políticas Públicas nas áreas de saúde, educação, transporte público, segurança pública (entre outras) temos que nos perguntar: acreditamos no Estado e na Democracia Brasileira?

Se a resposta é sim, precisamos discutir, propor e implementar uma transformação radical da política e da democracia, onde a participação direta seja efetiva e os desejos e direitos de todas as pessoas e grupos socioculturais façam parte da pauta de discussão política.

Podemos, sem maneirismos, afirmar que tivemos uma década de avanços em todos os níveis das políticas governamentais: federal, estadual e municipal. Umas mais outras bem menos. Não podemos negar os avanços e as conquistas destes últimos 12 anos, dentro dos trilhos do capitalismo lulodilmista.

Os dados divulgados, como gostam os estatísticos e aqueles que não vivem sem números para corroborar argumentos, colocam mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras em gradativa ascensão social e econômica. Ou seja: 40 milhões de pessoas subiram a escada econômica nas medidas capitalista: se tornaram consumidores com acesso a uma grande gama de produtos, produzindo o giro da economia, gerando impostos, aplicando recursos no mercado financeiro. Outros milhões saíram do estado de pobreza extrema. Milhões de jovens ingressaram em universidades em todo o país, devido a uma política federal que subsidiou e valorizou a formação acadêmica destes jovens. E o Bolsa Família colocando milhões de reais na bolsa para as mulheres administrarem em todo o país. Entretanto, este caminho de prosperidade trouxe à tona novas formas de ver e fazer a cena política, econômica e cultural do Brasil. Uma parte da sociedade brasileira, principalmente a juventude, alguns organizadamente outros aleatoriamente, identificaram novas formas de luta e de manifestação, alheios à grande maioria dos partidos políticos, se não à sua totalidade. Existem muito mais coisas que precisam de urgente mudança. A constituição de 88 ainda não é uma realidade aplicável. O país sai, com aqueles levantes, de um certa paralisia, letargia, e poderá avançar no caminho de novas é sérias ações sobre direitos constitucionais que ainda não estão assegurados e garantidos no cotidiano das brasileiras e brasileiros, principalmente, dos negros, pobres, mulheres, velhos e crianças.

Para além do lenga-lenga liberal,  que procura inculcar nos brasileiros uma única sentença repleta de axiomas centrados em sua ortodoxa cartilha, e propagados pelas mídia liberal como verdadeiros, que reduzem todos os problemas ao tamanho do Estado, aos gastos públicos, à dívida pública, controle e metas inflacionárias, taxas de juros, câmbio flutuante, pleno emprego, capacidade de captar dólares e investimentos, temos uma série de problemas prioritários que precisam e devem ser solucionados, que dizem respeito à ampla maioria da população brasileira. Dentre eles alguns tiveram mais destaque ao longo destes últimos 12 meses:

  • As formas ineficazes e desiguais de representação pelo voto – sendo o voto (nessas condições) a garantia que não assegura a participação democrática;
  • A ausência de efetivo e consultivo controle social sobre as responsabilidades do cumprimento dos programas e projetos postos no debate eleitoral;
  • O financiamento privado das campanhas eleitorais;
  • Os erros sistêmicos de atendimento do sistema de saúde pública;
  • A gradativa e eficaz substituição do sistema de saúde público para o privado – e o sistema privado reproduz dramaticamente a lógica da exclusividade do atendimento;
  • A gradativa e eficaz precarização do trabalho do professor na educação pública;
  • O gradativo e eficaz sucateamento das escolas públicas do ensino fundamental e médio;
  • O sistema educacional, público e privado, antiquado, anti-aluno, anti-alegria, acrítico, apolítico, avesso à vida e a cultura popular; 
  • A polícia hiper-mega-ultra militarizada programada para vigiar, controlar e por vezes matar negros, pobres, bichas e moradores da periferia;
  • A mídia monopolista que, muitas vezes estimula ódios e preconceitos e não representa as mais diversas e polimorfas manifestações da cultura produzidas por todo o Brasil.

Um dos caminhos possíveis, se realmente acreditamos no Estado e na democracia, é alterarmos a forma de funcionamento do parlamento, este mecanismo contraditório e fundamental para a democracia. É preciso transformar radicalmente as funções políticas do parlamento nos vários níveis, federal, estadual e municipal. Não há necessidade de duas Câmaras (Senado e Câmara dos Deputados, portanto, a extinção do Senado seria medida emergencial) Federais, por exemplo. É inaceitável um parlamento que negue os votos recebidos e jogue no lixo as propostas pelas quais foi eleito. É inaceitável, moralmente e politicamente, um parlamento que legisle em causa própria. Isto é a privatização da política. É uma afronta ao próprio conceito de democracia e de justiça a impunidade e imunidade dos parlamentares (herança da monarquia e da aristocracia) e o promíscuo voto secreto. Temos um parlamento com representantes que têm “nojo” de trabalhadores e trabalhadoras, que estão tão distantes das reais aspirações do povo (o  povo, neste caso, é uma entidade genérica e jurídica que dá sustentação à “vontade” do Estado).

Como alterar esse quadro?

Inicialmente, criarmos canais diretos de comunicação entre o parlamento e o conjunto dos eleitores, seja por setores de representação: saúde, educação, esporte, cultura, geração de renda, etc.. Seja por canais de controle e avaliação dos programas de governo, utilizando-se por exemplo da internet.

Alterarmos o sistema jurídico, que comete repetidos erros e falhas grotescas. Que só mantém na cadeia preto, pobre, trabalhador e trabalhadora de periferia, desempregados. Que vive, como se viu recentemente, refém dos grandes grupos midiáticos e corporativos.

Temos que aprofundar as discussões sobre a Autonomia do econômico sobre a vida dos brasileiros. Não dá mais para ter uma esfera que, utilizando-se do argumento preconceituoso: “decisão técnica tem que ser tomada apenas por técnicos graduados“, afasta a maioria dos brasileiros e brasileiras das sérias e importantes decisões no campo econômico. Sabemos que isso é uma balela, isso é falso e é uma forma de tapeação. Decisões econômicas que afetam profundamente a vida de todos nós, precisam ser tomadas a partir de conselhos que tenham o máximo de representação popular.

Poderemos, entusiasmados com os levantes de junho de 2013, vivermos um rico processo de amadurecimento político que exige de cada um de nós maturidade, um certo grau de loucura, crenças utópicas e força para agir coletivamente e acertadamente.

O primeiro passo é fazermos uma ampla transformação da Política. Contribuirmos com propostas concretas a partir de foros de discussão e participação popular, com aulas públicas. Aliarmos às forças progressistas que querem fazer de fato um Brasil mais justo e igualitário, sem no entanto nos rendermos a um consenso que negue a alteridade e a diversidade de opiniões.

Sabemos que nem todos querem implementar mudanças e transformações. Por isso faz-se urgente colocarmos para funcionar o motor político, social, econômico e cultural da nossa história e gestar uma nova cartografia política, polissêmica e multicultural. Uma cartografia política que crie um novo Pacto Social, para além do desenvolvimentismo, seja ele qual for – centrado na ampliação de consumidores para o mercado – e eliminarmos de vez de nossa história o velho e patriarcal Contrato Social.

Fernando Cisco Zappa – Belo Horizonte, Maio de 2014.

 

Redação

21 Comentários

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  1. A intenção do movimento é a eleição de Arrocho Neves

    A intenção do movimento é a eleição de Arrocho Neves, simples assim

  2. OS MOVIMENTOS DESACREDITAM A DEMOCRACIA!

    Infelizmente, o que se acaba percebendo, máxime pela ação da mídia safada, é a expressão de um descontentamento com o sistema democrático.

    Assim, infelizmente, os movimentos acabam desacreditando a democracia, como o regime em que o povo pode participar do seu governo, do poder que é dele e em seu nome deve ser exercido.

    É importante que os movimentos busque mostrar que acreditam na Democracia e que podem melhorá-la, fazer dos protestos, sempre pacíficos, um instrumento de participação popular para influir o desempenho dos nossos representantes no governo. Jamais fazer-nos acreditar que a democracia está falida, generalizando, mediante ataques à corrupção ( o que é correto) que todos os políticos sejam corruptos e que todos que participam dos partidos políticos são pessoas desonestas e que lá estão para obter vantagens para si e para outrem.

    Os movimentos não podem, renito, desacreditar a Democracia.

    É importante que os movimentos busquem a reforma política, mas mostrando, ao mesmo tempo, os pontos básicos que devem ser alterados, jamais propiciando condições, inclusive, para que, a este pretextos, os políticos  mau intencionados ainda promovam alterações que contrariem a sustentação da Democracia, reduzindo ainda mais o poder do Povo.

    Ademais, é importante que os jovens comecem a participar da vida política, ingressando nos partidos, modificando-os, transformando-os em suas vozes, não apenas pedindo isto ou aquilo nas ruas, mas se incluindo no poder,  o que somente pode ser feito mediante o engajamento nos partidos políticos.

    Com o tempo, a inserção dos cidadãos,  não só os jovens é claro, nos partidos políticos poderá diminuir a influência da meia dúzia que costumam mandar neste o naquele partido, de forma a trazer uma representação mais coerente com a vontade popular, o que, com certeza, irá buscar atingir os objetivos das condições de vida e desenvolvimento do individuo e da sociedade, levando o País a uma melhoria, voltada, em síntese, à vontade do Povo.

    Não é com o descrédito na Democracia que iremos corrigir as distorções, erros, atos de corrupçao, enfim todos os problemas que hoje enfrentamos, como a violência, a criminalidade, a condição maltratada do professor, a decadência do ensino pela existência da aprovação automática, o mal desempenho da saúde pública, o mal emprego do dinheiro público, etc, etc, etc…

    É importante, assim, não nos deixarmos seduzir pela manipulação dos movimentos legítimos do povo, para nos conduzirmos, talvez,  pela anarquia que pode nos trazer, ao retorno do estado de exceção, como tem ocorrido em outros paises. É importante meditar, refletir e muito sobre estes aspectos, antes de pegar faixas e sair às ruas para protestar.

     

  3. Mais um homem de boa vontade

    Mais um homem de boa vontade ‘ilusionado,’ para não dizer iludido, sobre a dimensão dos valores da fraternidade e da igualdade nas manifestações do ano passado (na verdade em grau bem menor do que imagina o meu xará).

  4. Na minha opnião o unico saldo

    Na minha opnião o unico saldo destas  manifestações foi a perda de 30 percentuais da popularidade de dilma…

    Essa conversa de que surgiu desde ano passado uma nova forma de participação popular, que o gigante acordou e outras coisas mais é tudo conversa pra boi dormi, é  tudo um imenso bla bla blá…

    Até porque se o povo brasileiro quisesse mesmo sair pra rua pra mudar alguma coisa já teria feito isso ha muitoooooooooo tempo atrás!

     

     

     

  5. Oito em cada dez brasileiros temem ser torturados pela polícia

    “A polícia hiper-mega-ultra militarizada programada para vigiar, controlar e por vezes matar negros, pobres, bichas e moradores da periferia”

    Hoje já não se trata mais de violência contra um grupo especifico: é generalizada…

    Tortura policial
    Oito em cada dez brasileiros temem ser torturados pela polícia
    Numa média global, 44% dos entrevistados disseram que não estão salvos da tortura caso forem detidos em seus países de origem; estudo divulgado pela Anistia Internacional

    PUBLICADO EM 13/05/14 – 10p7
    DA REDAÇÃO

    Oito em cada dez brasileiros temem ser vítimas de tortura em caso de detenção por autoridades policiais. É o que aponta um estudo divulgado nesta terça-feira (13) pela Anistia Internacional. O país lidera o ranking mundial neste quesito. O levantamento ouviu 21 mil pessoas em 21 países de todo o mundo e concluiu que os brasileiros são aqueles que mais temem serem torturados por forças policiais.

    Numa média global, 44% dos entrevistados disseram que não estão salvos da tortura caso forem detidos em seus países de origem. Além do Brasil, o México (64%), a Turquia e o Paquistão (58%) completam o ranking dos três mais temerosos.

    A divulgação desta pesquisa veio acompanhada da campanha “Stop Torture”, que tem como objetivo chamar a atenção dos governos e mobilizar a população para pôr fim à tortura. O relatório da campanha cita alguns casos específicos de tortura e relembra o caso do pedreiro Amarildo, no Rio de Janeiro. “A investigação conduzida pelas autoridades concluiu que Amarildo morreu em consequência da tortura que ele foi submetido no prédio da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Rocinha depois de ser preso ilegalmente para averiguação”, informou o relatório. Dois policiais, incluindo o comandante da UPP, foram indiciados e estão presos.

    O relatório ainda disse que os relatos de abusos policiais cresceram durante a onda de protestos que atingiu o Brasil no ano passado. “O abuso das autoridades é uma rotina na política de segurança pública em países como Chile, México, Venezuela. No Brasil os relatos de abusos aumentaram durante os protestos [ em junho do ano passado] e também em ações militares em favelas de grandes cidades como no Rio de Janeiro”.

    Para a Anistia Internacional, os casos de tortura, principalmente em países das Américas, acontecem devido a deficiência do sistema judiciário que não punem como devem as pessoas envolvidas.
     

  6. Fernando

    Também sou defensor das manifestações e das bandeiras defendidas por elas.

    Os princípios que você levanta são claros e conseguem determinar com precisão os focos.

    No entanto, perceba o momento de tais manifestações e como a mídia conseguiu desvirtuar os focos para colocá – los no colo de um dos grupos políticos que estão mais perto do que nós almejamos.

    Olhe bem para os lados para ver quem está do lado de, como você bem diz:  Para além do lenga-lenga liberal,  que procura inculcar nos brasileiros uma única sentença repleta de axiomas centrados em sua ortodoxa cartilha, e propagados pelas mídia liberal como verdadeiros, que reduzem todos os problemas ao tamanho do Estado, aos gastos públicos,

    1. #Nãovaiterágua! Cadê os

      #Nãovaiterágua! Cadê os protestos em SP?

       Por Altamiro Borges

      As notícias sobre a crise da água em São Paulo são cada dia piores – mas a mídia tucana evita fazer marola, ou melhor, tsunami sobre a tragédia. Segundo reportagem da Agência Brasil, o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira atingiu novo recorde negativo neste domingo (11), de apenas 8,9%. “Em apenas um dia, o volume passou de 9,1% para a atual marca, a menor registrada até agora. No mesmo período do ano passado, o percentual era de 61,5%… O Cantareira abastece quase nove milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo. A situação é a pior desde que o sistema foi criado, na década de 1970”, informa a repórter Camila Maciel.  

      Diante deste quadro dramático, a Sabesp decidiu retirar água do fundo da reserva, o chamado volume morto. Ela prevê concluir a construção de dois canais de 3,5 quilômetros e a instalação de 17 bombas ainda nesta semana, ao custo estimado de R$ 80 milhões. A obra, porém, sofre duras críticas dos especialistas do setor, que afirmam que o uso do volume morto não resolverá a crise de abastecimento e ainda pode gerar graves problemas, inclusive de saúde pública. Temendo o pior, várias empresas instaladas em São Paulo já estudam medidas de emergência. O próprio Estadão, sempre afinado com os tucanos, deu a notícia neste domingo, mas sem fazer maior escarcéu – por motivos óbvios.

      “A escassez de água e a possibilidade de racionamento, ainda que negada pelo governo de São Paulo, mobiliza setores da indústria e da agricultura das regiões abastecidas direta ou indiretamente pelo Sistema Cantareira. A maioria das empresas ampliou as medidas para economizar água e espera que a situação melhore em breve. Mas muitas estudam alternativas, como recorrer a caminhões-pipa”, relata a jornalista Cleide Silva. “A Rhodia, multinacional do setor químico, parou a produção por duas semanas na fábrica de Paulínia em fevereiro, quando a vazão do Rio Atibaia chegou a menos de 4 m³ por segundo”, o que inviabilizou a captação de água para resfriar as torres de destilação.

      Já o presidente da GM da América do Sul, Jaime Ardila, informou que a multinacional tem adotado medidas adicionais para economizar água. “Não é possível ter um plano B, como fizemos quando houve racionamento de energia”, afirmou o executivo. O Estadão só não acrescentou, também por motivos óbvios, que o tal racionamento de energia ocorreu durante o triste reinado de FHC – o que evidenciaria que os tucanos são mestres em racionamento! A situação é tão drástica que apimenta as ironias de José Simão, o único jornalista da Folha que parece atento ao problema. “Socuerro! Não Vai Ter Água! Daqui a pouco vai ter cambista de água! Vamos comprar água no câmbio negro. Ou em boca de fumo!”.

      A cumplicidade da Folha tucana chega a ser risível e daria boas piadas para Zé Simão. Mesmo sediado em São Paulo, o jornal não dá manchetes para a crise da água e evita tratar do tema com a seriedade que ele merece. Quando aborda, como numeditorial da semana passada, ainda isenta o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, de qualquer responsabilidade. A culpa é da estiagem. Só falta afirmar que é sabotagem de Deus contra os tucanos em ano de eleição. O jornal concentra suas atenções nos protestos contra a Copa do Mundo. Ele até criou um selo especial, o protestômetro. Não seria o caso dele convocar também protestos contra o racionamento tucano com a hashtag #nãovaiterágua?

      *****

       

    2. assis

      meu caro, compreendo suas considerações. vejo-as com pertinência. percebo que sua leitura é inteira, ou seja, você não costura ou lê pelas metades.

      no entanto, quero acrescentar mais uma pequena observação:

      participei, neste último fim de semana, do 4º Blog Prog, encontro de blogueiros e midiativistas digitais na cidade de são paulo. em várias conferências, inclusive do ex-presidente Lula, do joão pedro stédile, renato rovai, bruno altman, foi abordado o tema das manifestações nas ruas. cada um a seu modo, destacou a importância de assumirmos o espaço das ruas, irmos ao encontro deles, sob pena de deixarmos este espaço completamente entregue às manipulações, principalmente as midiáticas.

      grande abraço!

  7. Então , já que é por uma

    Então , já que é por uma questão de cidadania e direitos teremos manifestações

    contra a “falta de água” bairros populosos ficarão sem ..e as  multas?  E essa 

    “cara-de -pau tremenda de dizer que o movimento é apartidario? Se fosse   de

    responsabilidade da prefeitura já estariam nas ruas a semanas, querem    ou

    tentam enganar …quem?? Vou esperar , acredito na juventude..parte dela…..a

    maior parte.

  8. Todas as pessoas com quem

    Todas as pessoas com quem tenho conversado acerca do anti-petismo, desconversam mas não dizem em quem vão votar. No máximo, sai um vou anular, que não convence muito mas vamos lá… Ora, estamos em franca campanha de Mídia, Judiciário, MPF, oposição ( à direita e à esquerda ) mas, oficialmente, ninguém quer ser associado ao que, eventualmente, aconteça. Nada impede que um dos outros candidatos ganhem as eleições, correto? Pergunto qtas pessoas das anti-petistas que vcs conhecem assumirão que fizeram opção vencedora, seja ela qual for? Trabalham com afinco para o anti-petismo mas não querem ter nada a ver com os possíveis resultados dele. Não é estranho que uma pessoa, pelo menos, as que se dizem de esquerda assumam uma posição dessas? Alguém conhece ou conheceu algum militante que não esteja nem um pouco preocupado com os rumos da Nação. Não seria mais honesto assumirem que fizeram uma opção? A minha questão é pq pessoas que se rifam como tão conscientes fazem questão de esconder suas intenções? A verdade é que temos 3 candidatos com chances de vitória; um ou outro podem dizer, ah mas no primeiro turno eu voto em fulano ( que não seja um dos três ); até aí normal, eu tb faria o mesmo mas, sabendo que meu candidato não tem chances pq razão eu detonaria o candidato da esquerda que tem chances? Obviamente, para dar chances aos dois que restam contra ele. E aí morre o papo de preferir um governo mais à esquerda; ora, quem quer um governo mais à esquerda vai trabalhar para fortalecer os que estão mais à direita? Ah mas queremos destruir o PT, de qq jeito, mesmo que isso signifique a entrega ” temporária” do poder a grupos, notadamente, conservadores. Bem aí, é entender que teremos que começar tudo outra vez, qdo a oportunidade nos for dada. Os que acusaram o PT de aliançar-se com PMDB e PP, estão hoje aliançados com o que há de pior na sociedade brasileira, embora jurem que não. Mas basta ter um mínimo de discernimento para se dar conta de que estão sim, acompanhados do que há de mais conservador no Brasil, a saber, o Poder Judiciário e a Mídia nativa. Mas ainda assim, é uma opção. Minha única questão, continua sendo pq não assumem uma posição e pq razão, pessoas conservadoras mas nem tanto, tentam se fazer passar por grandes revolucionárias, lutando contra um tal de Império que aposta todas as fichas em sua revolução que, por sinal, é cópia importada e grafada no idioma do império que eles juram combater. Será que, só o fato de estarem reproduzindo “revoluções” que o mundo inteiro sabe onde são forjadas não é o bastante para que percebam que estão, apenas transportando um modelo que o mundo já viu os resultados e que, não há nada de novidade nisso? Será mesmo tão difícil para pessoas tão sábias, entenderem e aceitarem que pegaram o bonde errado e que caíram no conto do vigário da ” tendência internacional”. É aceitável que profissionais da área de ciências sociais, em 2014, ainda acreditem em tendência internacional, espontânea? Gostaria de perguntar a essas pessoas o que tem a dizer sobre a ” tendência espontânea” do brasileiro a acreditar que todo baiano é preguiçoso, todo carioca é malandro, todo paulista é trabalhador, etc… Será que essas pessoas não percebem que custaram muito caro ao contribuinte para cair numa conversa que a maioria da população que não teve acesso a metade do que eles tiveram, não entuba? Se for para pagar para ouvir dos “grandes especialistas” o mesmo que diz Willian Bonner, Arnaldo Jabor, Willian Waak, etc… sai mais barato ficar só com eles, né? Vamos pensar, gente; vamos produzir. O país paga muito caro para vcs ficarem papagaiando o Fantástico ( embora acreditando, de verdade, que é o Fantástico que reproduz vcs ). A parte mais curiosa é que essa turma é a que mais reclama que falta investimento em educação no Brasil. Talvez, esteja faltando, investimento em “vida real” para os nossos especialistas. O ideal deles é que, um dia, todo o país, seja tão bom qto eles… E possa entender tudo, corretamente, como eles entendem… Enfim, seremos todos seres iluminados, como eles… Dá prá acreditar numa coisa dessas? Pois é… O ódio deles, vem daí, o pessoal prefere morrer cabeção mas com os dois pés no chão do que virar alguma coisa que se entenda como um semideus incompreendido pelos mortais. Sei não, acho que tá faltando psiquiatra… ou então, o psiquiatra não era assim tão bom ou foi devorado pela lógica do capitalismo, se rendeu ao Império… Sei lá… Isso é problema dos iluminados e parecem confusos e, enquanto confusos, preferem permanecer Anonymous ou mascarados. A sorte é que não são ferrados pq pobre, mascarado, quebrando banco ou qq coisa… É bandido; ninguém discute. Mascarado, quebrando tudo, saindo ileso e, ainda por cima, com crise de identidade; não tem jeito, é coxinha ou quer aumento e tá sem graça de admitir.

    1. Engraçado , a gente passa o

      Engraçado , a gente passa o tempo todo se informando, focando etc..ai chega um 

      amigo( gente boa..) leitor da Veja ou..coisas do gênero e manda algumas de arrepiar.

      Voce pergunta em quem voce vai votar? -Ninguem presta ! Mas no PT não voto! Óbvio,

      é tucano..não sabia que essa ave era tão enrustida, raramente se declaram, lembram

      muito os ex eleitores de Collor..maioria foi.

      1. Verdade. Qdo o resultado do

        Verdade. Qdo o resultado do que estão armando chegar, não vamos encontrar UM que assuma ter participado das tais jornadas. Um monte já desceu do bonde mas não explicam pq, não dizem nada, simplesmente mudam de assunto, como se nada tivessem a ver com aquilo. Tem uns que ainda dizem, ah fomos mal interpretados; a mídia tomou o movimento; a coisa saiu do controle… Ora, então venham a público e expliquem o que houve; o que era ou o que se tornou o tal movimento. O que não dá é para, qq um agora colocar uma máscara e fazer o que quer pq abriu-se a porta para esse tipo de ação como se manifestação popular fosse. O que fica aprecendo é que as tais jornadas foram apenas a abertura da porta para a ação de mercenários por aqui. Vamos deixar bem claro o que foram as tais jornadas; ninguém tinha cara; ninguém tinha propostas; outros movimentos eram atacados, a policia não podia agir, vivíamos numa ditadura pq queria depredar tudo… e sempre conseguiam, nunca que a PM, de fato, tentou atrapalhar esses grupos, ao contrário eram protegidos e todos os incidentes eram, invariavelmente, iniciados por ” policiais infiltrados” ou “despreparados”… Restou óbvio aqui no RJ que a banda podre da polícia, estava junto com eles, com a tarefa de começar o tumulto. Nos BB’s, o pessoal que vinha na frente que conhecia as táticas era tudo P2 e não era infiltrado não; os coxinhas vinham atrás todos desengonçados que nem aqueles do Leilão de Libra, sem qq tática. Muito bem, qq grupo que saia às ruas hoje, mascarado e quebrando tudo está legitimado como manifestante; essa era a parte dos coxinhas no acordo. A parte deles foi toda coberta por PM, OAB, Mídia, etc… vamos ver como será daqui para frente.

  9. Essas manifestações tem mum

    Essas manifestações tem mum único objetivo. Arrebentar ncom a copa para que a Dilma se estrepe. Inclusive eles estão querendo que repercuta internacionalmente para dizer que aqui é o país da baderna..

    1. Pois é imaginem eles vencendo

      Pois é imaginem eles vencendo as eleições, quem vai querer investir na baderna?

      Mas o efeito que a mídia  faz  parece que a coisa é “grandiosa”..subestimam os

      gringos como nos subestiam., com manifestações ou não a copa já      é um

      sucesso para a maioria, a das confederações  deu “um beijo no ombro para os

      “vira-latas.

  10. Pergunta

    SOB QUE DIREÇÃO MEU CAMARADA?…SOB QUE DIREÇÃO MEU CAMARADA?…E COM QUE PROPÓSITO?…Não acredito na consistência histórica de movimentos expontâneos e voluntaristas!….A BANDEIRA DO CONTRA A COPA FOI IÇADA PELOS OPOSITORES DOS GOVERNOS DO PT e habilmente vem sendo conduzida com fundamentações em necessidades e carências provocadas por esses mesmos opositores que governaram o Brasil antes do PT. O cruel é que as mentes metafísicas caêm nessa esparrela, pensando que estão fazendo grande coisa!…Não passam de massa manipulada. Verdadeiros bois tangidos pelos incomformados de todas as espécies pela ancessão e manutenção do PT e aliados no governo Federal. O resto é nheco nheco!…

  11. A onda de junho

    foi um efeito manada de linchamento da presidente Dilma (mostrada como a bruxa de Morrinhos, Guarujá, durantes anos pelas mídias PIG) e de seu governo. Tal efeito só foi possível pela alienação política e pelo advento das redes sociais, além pela satanização sistemática do PT e de sua chefe no executivo.

    A metodologia usada para fomentar os “protestos de junho” foi a mesma usada no linchamento da pobre Fabiane de Morrinhos! 

    Satanizar a vítima, torna-la bruxa perante a opinião pública já despida de toda humanidade e reflexão e, por uma lógica horrenda e oriunda das mais nojentas sobrevivências culturais, torna-la merecedora de morte punitiva e violenta.

    Foi exatamante a mesma coisa. A única diferença foi de escala e  Dilma não era fraca e teve quem a defendesse.

    Então eu peço bom senso. Não se trata de aqui negar as lutas populares e as bandeiras. Os protestos de junho foram a tentativa de um linchamento golpista por parte de setores médios e alienados.  Todos os que insuflaram as massas com ódio insano, que conduziram oportunisticamente as bandeiras pró linchamento e que agora cinicamente fingem se indignar com o destino trágico da moça de Morrinhos são culpados d ecrime hediondo contra uma mulher.

    Não, vocês não queriam mudanças estruturais, não!  Vocês, coxinhas reacionários, queriam linchar a presidente Dilma.. mas não conseguiram.. Isso é o que voces são, linchadores de um governo de inspiração popular que tem mudado o país. Você que gritou fora dilma, que atacou a esplanada, que ateou fogo ao prédio do Itamaraty, você é um sujo linchador, um golpistinha buxa de canhão, cabinho anselmo, quintinha coluninha.

    Não lhes darei méritos históricos. Se a sequência dos fatos for virtusa, terá sido exclusivamente pela reação das vítimas.

     

  12. Esse texto lembra a fábula dos gatos q acharam como evitar o gat

    Colocando um guizo no pescoço do mesmo. Todos se entusiasmaram muito com a sugestao, até que levantou a mao um espírito de porco: “E quem vai colocar o guizo no pescoço do gato?”. Mais ou menos por aí. Mais um cheio de belos discursos e boas intençoes, falando sobre o ideal abstrato, e fazendo de conta que a realidade nao existe. Varinhas de condao só existem nos livros do Hary Potter (e nas antigas histórias de fadas, claro). 

    1. Mas como o pessoal da área de

      Mas como o pessoal da área de ciências sociais caiu nisso? São a maioria e eu não entendo como…

      1. Vc acha q foi principalmente gente de ciências sociais?

        Nao estou negando, apenas nao notei isso. Aqui no Blog a defensora mais extremada dessas manifestaçoes de araque é da área de computaçao. 

  13. As manifestações traziam idealizações ingênuas

     

    Fernando Cisco Zappa,

    Eu considerei e considero que o que mais caracterizou as manifestações de junho de 2013 foi o caráter idealista dela.

    Há dois tipos muito característicos de idealista: o que conhece muito a realidade e idealiza um modelo diferente do modelo real porque para ele o modelo real é ruim. E há os idealistas que nem mesmo conhecem o modelo real, mas o consideram ruim e idealizam um modelo que venha a substituir o modelo real. Os idealistas com conhecimento nunca conseguiram idealizar um modelo funcional. Platão para a política, Max Weber para a burocracia fizeram as idealizações deles, mas elas nunca funcionaram na prática. E a idealização de um modelo sem conhecimento do modelo real só gera retrocesso.

    As manifestações de junho de 2013 pareceu-me impregnada do idealismo de quem não conhece o modelo real. Não é por outra que desde lá eu sempre disse sobre as manifestações: “não há nada de novo nela exceto a presença das redes sociais na internet, e não há nada de bom nelas exceto a manifestação em si que é uma prova de vida da democracia”.

    E o que ainda me deixava mais em oposição as manifestações era a grita dos manifestantes contra a corrupção. Para mim alguém falar “abaixo a corrupção” é semelhante a alguém falar “abaixo o homicídio”. É claro que realizar uma festa anual contra a corrupção, ou contra o homicídio ou talvez pela paz faz sentido, mas mais com este caráter de alerta e de demonstrar engajamento em defesa de valores superiores. Se houvesse uma manifestação em que as pessoas saíssem carregando cartazes com a afirmação: “abaixo o homicídio”, o que se poderia dizer de bom dessa manifestação é que ela revelava que a democracia ali estava viva, mas sem dúvida que se iria ter pena destes manifestantes por defenderem algo que a sociedade já adotou como prática a mais de centenas de anos. Uma manifestação assim só valeria se fosse como uma festa, no sentido de congraçamento de toda a sociedade e não como um posicionamento de uma parte da sociedade contra a outra parte.

    Quanto a este seu texto que se tornou este post “Levante de Junho: pequena análise sobre um movimento que não acabou e que não tem prazo para acabar” de terça-feira, 13/05/2014 às 10:42, eu já fiz menção a ele em comentário que enviei hoje terça-feira, 13/05/2014 às 14:04, para junto de um comentário anterior meu que eu enviara segunda-feira, 12/05/2014 às 19:21, para junto do comentário de Davi Sensu enviado segunda-feira, 12/05/2014 às 15:59, lá no post “O Cavalo de Troia da constituinte exclusiva” de terça-feira, 13/05/2014 às 07:31, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele. O endereço do post “O Cavalo de Troia da constituinte exclusiva” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-cavalo-de-troia-da-constituinte-exclusiva

    E o que eu disse lá a respeito deste seu texto é que depois de falar muito sobre a necessidade de mudança, você traz como primeira medida acabar com o Senado. Uma proposta assim mostra uma idealização da política com base em total desconhecimento da realidade.

    Algo factível em relação ao Senado Federal seria enumerar as ações em que a atuação do Senado é necessária para defender os interesses dos Estados. Servem como exemplos, a legislação tributária e de repartição da receita, a legislação de financiamento público, a legislação de precatórios, etc. Bem, o Senado então só faria parte do processo legislativo nos restritos casos delimitados. Talvez só daqui uns cinquenta anos uma mudança assim seria possível. Talvez se São Paulo se dividisse em 10 estados e passasse a ter 30 senadores, o processo pudesse ser agilizado, uma vez que provavelmente os demais senadores ficariam encorajados a fazer a mudança que reduzisse o poder do Senado Federal. O problema é que nem daqui a 50 anos, o Estado de São aceita a se fatiar em 10 estados de modo a aumentar a participação do eleitor paulista na representação tanto na Câmara Federal como no Senado Federal. (E eis uma boa pergunta: porque os políticos paulistas não dividem o Estado de São Paulo em dez estados para que assim possa aumentar a representação popular de todo o Estado? Haveria provavelmente umas três vezes mais deputados estaduais e dez vezes mais senadores)

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 13/05/2014

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