Anarriê alavantú XII, mais Crônica 29 = 51, por Rui Daher

Anarriê alavantú XII, mais Crônica 29 = 51

por Rui Daher

Mais do que isso não sou. Mas menos, também não. Muitos acharão tudo risível. Como o acha minha mulher (esposa? mais culto?) furiosa de mim há 51 anos (0pa!), por defender a cachaça como destilado saboroso e patrimônio nacional (até os limites do próximo).

Ela: “um pretencioso, de 78 anos de idade, baixinho que perde dois centímetros de estatura a cada ano, gordo e diabético desde 1975 (104 kg), cardiopata safenado no INCOR, somente perdeu peso (62 kg hoje) quando fez redução de estômago em cirurgia bariátrica que o tornou magro e sadio. Seria de sossegar, né? Né não! Depois de tomar (Opa, em vários sentidos) uma queda caseira (até se poderia dizer artesanal) arrumos para NÓS (sim, NÓS) uma estenose de medula.

Hoje em dia, mal se mexe, e tenta se recuperar tratado pelo amigo neurologista, Dr. Rogério Tuma, as lindas fisioterapeutas Juliana e Paula, um trabalho iniciado pelo mestre fisioterapeuta piauiense Jahmerson e o “amigo de fé e camarada de esquerda”, treinador físico, Jefferson (Kiko).

Faz muito além do que não deveria mais fazer. Escondido. Mente para o pessoal que o assiste. Às minhas negativas, choraminga, reluta, e atravessa barreiras que, velho consequente, já teria abandonado. Montou uma rede de apaniguados que o amam e facilitam seus ilícitos.

Eu: “quando ela, aflita, tenta impedir, alego ‘estou nos finalmente, me deixa aproveitar’. Ela pergunta, e eu? Respondo: ‘És um anjo e sabes as funções de meus líquidos externos; me dá mais dois ‘dedinhos de vinho’ ou ‘um copinho a mais de aguardente’. Juro que parte vai para o santo, qual você escolher”.

E penso nos imbecis que, pouco tempo atrás, acharam Chico Buarque machista por escrever a letra de “Com açúcar e com afeto”.

Conhecem-na? Deveriam. Se fosse na época em que nos encontramos, aí Dio Mio! Dos amigos da GV só ouvia: “Porra como esse gordinho e baixinho conseguiu esse ‘avião’? Eu ria e pensava, ‘árabe manhoso’, treinado numa loja de tecidos da Rua 25 de Março, já exercitava a defesa, caso no futuro tivesse que morar na Faixa de Gaza. Tenho avós sírio-libaneses e sangue misturado com Arak.

Hoje em dia, ela é psicóloga tão competente que acaba de impedir que eu escreva minha autobiografia. Ela acaba de fazê-lo.

Apenas se a Natureza, por mim sempre unicamente deificada, me permitir mais dois aninhos, eu escreverei a minha versão. Será a primeira vez que serei “auto”. Autobiográfico. 1,75 metros de estatura? Quem sabe? Ajudem aí, milhares de leitores.

Menti? Depois de 51 anos é quem cuida de mim e impede que a loucura que passeia em minha mente literária me leve à demência, para lá da medula e da imobilidade. Foi história e crônica. Inté!

Rui Daher – administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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