Náufrago sem boia, por Poh Pin Chin

Dentro de casa, entre éguas e vacas, tal qual náufrago sem boia,

Enviado por Felipe A. P. L. Costa.

Náufrago sem boia.

por Poh Pin Chin [*].

O temporal chegou.
Veio abraçar a tarde
e inaugurar a noite.

As éguas,
no pasto de cima,
se abrigam na baia.

As vacas,
no pasto de baixo,
se escondem sob um
gigantesco arbusto,

o mesmo que segura
a trilha tortuosa e frágil
que divisa o terreno.

Dentro de casa,
entre éguas e vacas,
tal qual náufrago sem boia,

vejo a poça que se junta
lá fora e me cerca. Enfim,
me deito, já com o cheiro
de chuva a subir pelas paredes.

*

Nota.

[*] Poema extraído do blogue Poesia Contra a Guerra, criado e administrado por F. Ponce de León. Outros poemas de Poh Pin Chin (1909-1984) já foram publicados neste GGN – ver Quatro poemas de Poh Pin Chin, ‘O rio’ e outros poemas de Poh Pin Chin, Morte longe de casa, A vida é vigorosa e é frágil, O sonho de uma árvore, Véu úmido e ruidoso e Gostos, cheiros e marolas.

* * *

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador