Deputado do PSB veta acordo científico Brasil-ESO

A luta política parece gostar de primar pela mediocridade. Diante da possibilidade de participar de um projeto de pesquisa tecnológica, que estimula a indústria nacional a desenvolver equipamentos de grande valor agregado, um deputado prefere a quebra de um acordo internacional em vias de implantação. Sua argumentação é repisadamente antiga e reiteradamente falsa: não se deve investir em ciência de ponta porque há grandes problemas nacionais (entre os quais a “corrupção”). Se formos esperar para resolver todos os problemas nacionais antes de ousar participar de grandes projetos internacionais, estaremos condenados a ficar para sempre na rabeira das nações industrializadas. Não há, de fato, perspectiva de horizonte aos que apenas insistem em olhar a sujeira do próprio umbigo.

É, no mínimo, bizarro que um deputado do PSB avance para tentar derrubar o acordo que foi idealizado e costurado pelo ex-ministro Sérgio Rezende, do seu próprio partido, o qual foi durante anos responsável pela pasta de C&T ao longo dos governos petistas.

Aos que não sabem, o acordo de adesão do Brasil à ESO prevê que uma parte grande dos custos retorne ao país através de contratos na indústria civil. A Astronomia pode parecer uma “ciência do outro mundo”, mas suas necessidades de equipamento são um estímulo constante ao desenvolvimento e elaboração de novas tecnologias de detetores, ótica, semicondutores, soluções de engenharia, entre outros. A ESO só faz contratos com empresas dos países membros, status que está sendo pleiteado pelo país.

O que é mais grave: a ESO já cede tempo aos pesquisadores brasileiros, nos termos do acordo, uma vez que as autoridades do governo desde 2010 acenaram com sua aprovação em diversas ocasiões. O cancelamento do acordo seria um vexame internacional, tal como foi a expulsão do Brasil da Estação Espacial Internacional, anos atrás, por falta de pagamento (http://www.pampalivre.info/brasil_expulso_do_projeto_da_estacao_espacial_internacional.htm). O deputado não parece perceber que um segundo vexame internacional prejudica qualquer novo pleito do país para participação em projetos científicos internacionais, afetando inclusive os projetos de outras áreas da ciência.

O arquivo pdf anexado ao fim da matéria traz o parecer de comissão da Sociedade Brasileira de Física sobre o acordo.

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do Circuito Mato Grosso

Deputado Fábio Garcia veta projeto astronômico de R$ 800 milhões

Por Beatriz Saturnino

Deputado Fábio Garcia veta projeto astronômico de R$ 800 milhões

 

A retirada da pauta que prevê estudos astronômicos no Hemisfério Austral, pelo deputado Fábio Garcia (PSB) na Câmara Federal, no último dia 05, está causando controvérsia e desconforto entre estudiosos do Brasil e União Europeia. Trata-se de um projeto que propõe um investimento de R$ 800 milhões ao país, de Decreto Legislativo (1287/2013), cujo Brasil será o 15º país membro – o primeiro não europeu, nesta empreitada.

Este acordo foi relatado pelo então deputado Jorge Bittar (PT-RJ) na Comissão de Ciência e Tecnologia em 2014, para o funcionamento de um telescópio de 39 metros de diâmetro cujo projeto está atualmente em fase de detalhamento.

Será o maior “olho” do mundo para o espaço. Isso porque, sendo um telescópio extremamente grande, vai propiciar um enorme avanço no conhecimento astrofísico, permitido, a partir do Chile.

Lá ficará alocado estudos detalhados a respeito de exoplanetas, os primeiros objetos do Universo, super-buracos negros, e a natureza e distribuição da matéria escura e energia escura.

“O parlamentar mato-grossense alegou que o país não pode gastar R$ 800 milhões com pesquisas astronômicas enquanto o povo brasileiro sofre com a ausência de Saúde, Educação e segurança pública de qualidade”, destaca o diretor presidente do Planetário Via-Láctea de Cuiabá/MT, Carlos Wagner Ribeiro.

Para ele este descarte é um absurdo, tendo o Brasil fora desse contexto. Ribeiro acrescenta ainda que há verbas de impostos alocadas para as áreas que o parlamentar lembra serem prioritárias como a Saúde, a Educação e a Segurança.

“Contudo, milhões são desviados para a corrupção e muito pouco é feito, problema, este sim, que deve ser combatido veementemente na tribuna da Câmara Federal e não a busca pelo conhecimento, que, afinal, é uma forma de incremento à educação e não um desperdício para o País”, disse Ribeiro, que há anos pesquisa o assunto e tenta trazer conhecimento sempre atualizado para o Estado.

A contribuição do Brasil deveria ser de € 270 milhões em 10 anos, mas o congresso começou a travar esse investimento que garantiria ao Brasil o acesso as maiores descobertas astronômicas jamais realizadas até então.

Desde então a entidade responsável pelo telescópio, o Observatório Europeu do Sul (OES – em inglê: European Southern Observatory – ESO), já realizou importantes descobertas astronômicas e produziu diversos catálogos do segmento financiado por: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça.

Por que no Chile?

O Chile foi o local escolhido por apresentar as melhores condições para observação astronômica a partir da Terra, pois o mesmo é cercado pelas cordilheiras dos Andes e altas montanhas secundárias, nas adjacências do deserto com raras gotas de chuva e mais de 300 noites de céu limpo.

O Atacama é considerado um dos melhores lugares do planeta para observação do céu devido às condições favoráveis como os mais de 2,4 mil metros de altitude, baixa umidade local e pouca luminosidade artificial.

Outro Lado

A reportagem tentou falar com o deputado Fábio Garcia para detalhar sua postura diante do veto, mas não obteve êxito.

Ref: http://circuitomt.com.br/editorias/politica/61785-deputado-fabio-garcia-veta-projeto-astronomico-de-rs-800-milhoes.html

 

Redação

25 Comentários

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    1. “O rapaz é do PSB de Mato

      “O rapaz é do PSB de Mato Grosso e foi o 3º deputado federal mais votado no Estado”:

      Era disso que o Brasl precisava mesmo…  mais um analfabeto em poder.

      Nao da pra melhorar essa favela intelectual de voces nao, gente?

  1. “A reportagem tentou falar

    “A reportagem tentou falar com o deputado Fábio Garcia para detalhar sua postura diante do veto, mas não obteve êxito”:

    Eu digo a razao entao:  foi lobby, e foi a pedido internacional.  Ninguem se sai com um “veto” desses de graca, assim sem mais nem menos.

  2. Não é só mediocridade…

    Travar investimento em ciencia e tecnologia é um completo absurdo. È andar na contra-mão do desenvolvimento. Se fossemos eperar resolver problemasa básicos para investir em ciênci, ainda estariamos na idade da pedra. Acho que é apenas para fazer birra, atrapalhando o governo. Uma oposição assim é inimiga do país.

  3. Estamos mal de vida! O

    Estamos mal de vida! O progresso tecnológico do país dependente de um deputadozinho desses que se não sai o nome na matéria niguém saberia quem é. Ô raça!

  4. Seria hilário se não fosse

    Seria hilário se não fosse trágico.

    Não parece hilário?
    Parece que a pessoa quando eleita se considera tocado por uma iluminação intelectual repentina e se torna um deus onipotente, onipresente e conhecedor de todos os assuntos. Daí a pessoa começa a ter opiniões em assuntos sobre os quais ela está no estágio da ignorância completa. Basta ver o perfil e a formação dos membros das diversas comissões do congresso.

    Por que é trágico?
    Porque os ilustres ignorantes decidem assuntos que impactam todos nós com base no seu “amplo” conhecimento sobre os assuntos.

    Mas o Ivan ali embaixo já explicou a iluminação repentina que estas pessoas recebem.

     

  5. Complexo de Vira-lata

    O que passa pela cabeça de um sujeito desses é o seguinte: “Para que ser ator na ciência se podemos ser espectadores do que os EUA nos apresentam?”

  6. Parlamentar VETANDO projetos?

    Sendo Sua Excelência engenheiro de formação ( http://www.camara.leg.br/internet/Deputado/dep_Detalhe.asp?id=5830459 ), por certo que tal postura parece um tanto obscurantista.

    No entanto, creio que faltam esclarecimentos na matéria, já que:

    1) “vetar” projetos nunca foi prerrogativa de parlamentares;

    2) está dito que ele é responsável pela “retirada da pauta que prevê estudos astronômicos”. Mas quem é ele para ‘retirar uma pauta’ (sic)? Presidente da Casa? Não. Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados? Também não.

    3) Será ele mero membro da referida Comissão, podendo nesse caso ser o responsável pela relatoria do projeto? Tampouco, segundo o site da Câmara. Nem consta, aliás, que ele integre quaisquer das Comissões lá existentes.

    Então, que poder tem esse Deputado para decidir o destino do telescópio do Observatório Europeu do Sul no Chile? Será que o jornalista responsável pela matéria vai esclarecer?

    1. Ele não vetou nem retirou de pauta.

      Ele não vetou nem retirou de pauta. A única coisa que fez foi um discurso bobo, depois do final da sessão, pedindo a retirada de pauta. Os responsáveis pelas várias matérias circulando não estão se dando ao trabalho de verificar…

  7. Não estou entendendo. Um

    Não estou entendendo. Um deputado sozinho não tem poder para fazer isso. Tem alguma coisa errada na matéria. Mesmo se puder. Poder haver recurso de outras bancadas….

  8. Que vergonha

    Esse deputado é uma vergonha para sociedade brasileira e para o estado do Mato Grosso. Espero que alguém do próprio partido esclareça a ele a “caca” que está fazendo.

  9. Vamos viralizar esta notícia!

    Vamos viralizar esta notícia na Comunidade Científica do País, Universidades e Institutos de Pesquisa e entupir de e-mails a sua caixa publíca no Congresso Nacional protestando sobre esta medida sobre um projeto que espero sua excelência pelo menos saiba do que se trata e do seu alcance para a ciência Brasileira e mundial.

    O Jornalista Nassif poderia, p.exemplo, promover uma mesa redonda com a nobre participação deste representante do povo mato-grossense junto com notáveis da comunidade científica, onde ele então poderia nos brindar com sua visão privilegiada de assuntos científicos desta natureza.

    Aposto que entraria mudo e sairia calado.

    Este post me lembra de um episódio hilário, acontecido lá no Rio de Janeiro, onde numa sessão da câmara municipal, lá pelos idos de 70, um vereador discursava sobre as belezas de Veneza e suas gôndolas e de sua intenção de adqurir umas dezenas delas para colocá-las na Lago Rodrigo de Freitas, o que seria na sua opinião um belo reforço nas atividades turísticas daquela bela lagoa carioca.

    Foi aparteado por um outro verador opositor que, furibundo, o aparteou cólerico: – Que desperdício de dinheiro público! Uma vergonha! Por que ao invés desta compra gigantesca não importamos um único casal e ao fim de um ano ele procriará e povoará a lagoa com seus lindos filhotes, zurrou com sabedoria o nobre jumento!

    Deve ter confundido gôndola com ganso ou sei lá o quê!

    Tão jovem, o rapaz …. ainda tem tempo, espero!

    Meu prezado Roberto Amaral, pessedista maior fundador, homem de ciência e educação, nesta última, que o diga a saudosa  “A Chave do Tamanho”, o senhor fica nos devendo esta……ou então puxa as orelhas do moço.

  10. Soltaram o baixo clero e começou a bagunça.

    Comentei outro dia, que o baixo clero no congresso é baixo clero não porque os outros o fazem assim, mas porque são o restolho da Câmara dos Deputados, soltando os bichinhos eles vão querer (me desculpe as senhoras e senhoritas e pessoas sensíveis) MIJAR NOS CANTOS, para marcar posição.

    Aguardem vamos ter projetos estapafúrdios que provavelmente vão trancar no senado.

  11. Caramba!!! Quanta

    Caramba!!! Quanta estupidez!!! Deve ser para sobrar mais dinheiro para as emendas parlamentares, tipo coreto em praça pública ao custo de milhões…

  12. Não me espanta. No Brasil a

    Não me espanta. No Brasil a tempos os medíocres zurram sempre os mesmos argumentos para destruir todo projeto de ciência nacional. Vai ver que é por isso que em termos científicos o Brasil, com raras excessões, é uma nulidade. Como sempre digo para os meus alunos: se a humanidade dependesse (falando em ciência) do Brasil para evoluir, ela ainda estaria na Idade da Pedra Lascada.

  13. É um delírio dizer que este
    É um delírio dizer que este Fábio Garcia fez alguma coisa. Como outros já disseram, deputado não veta. E como outros já disseram, ele nem sequer foi responsável por retirar da pauta. Aliás, nem retirado da pauta foi. Um deputdo do DEM propôs retirar da pauta, mas a sessão foi obstruída antes de a retirada ser votada. Esse Fábio foi o último a falar (antes de o Eduardo Cunha dizer que a sessão ia ser encerrada), só para dar o palpite dele. Ele teve efeito nulo sobre a sessão.
    A retirada de pauta ocorreu por causa da confusão depois que o Afonso Florence pediu para verificar a votação que decidiu retirar de pauta outro ítem (um acordo com a Guiné), porque ele não acreditou na contagem dos votos feita pela mesa. Ele achou que não tinha vencido a retirada.

  14. Na verdade esse deputado não

    Na verdade esse deputado não vetou, pois isso não é sua prerrogativa, nem retirou o PDC 1287/2013 de pauta. A obstrução aconteceu no ítem anterior da pauta que tratava de um acordo de cooperação técnica entre Brasil e Guiné. Mesmo assim, o deputado deixou claro sua posição sobre o assunto, ele é contra o acordo. O que é uma pena, pois estamos afastando nosso país, cada vez mais, do ambiente científico internacional. Mas o projeto deve voltar a ser deliberado pelo plenário da Câmara nas próximas semanas, tendo em vista, já ter sido aprovado nas comissões (exceto cft), inclusive na comissão de relações exteriores que transformou a mensagem do excecutivo em PDC. Acredito que esse projeto ainda possa ser aprovado, mesmo que demore com as constantes obstruções.

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