Em novo ataque, Bolsonaro acusa TSE de apagar provas de suposto desvio de 12 milhões de votos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Presidente não vai aceitar a contagem de votos em 2022 pelo TSE, mas admite que a PEC do voto impresso, com contagem pública de votos, deve ser derrotada na Câmara

Jornal GGN – Em entrevista para uma rádio baiana na manhã desta segunda-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida, mais uma vez, a lisura do processo eleitoral, agora atacando diretamente os servidores do Tribunal Superior Eleitoral. O presidente insinuou que não vai aceitar que a contagem de votos, em 2022, seja feita exclusivamente pela Justiça Eleitoral.

Admitindo que faz uma “suposição” e que não dispõe de “provas”, Bolsonaro propagou a narrativa de que um grupo de hackers teria sido contratado em 2018 para desviar 12 milhões de votos seus na eleição presidencial de 2018, “mas como eu tinha muito voto, não foi suficiente. E aí houve o fato de eu ter ganho, então os hackers não foram pagos, porque quem contratou não conseguiu seu intento, ou seja, eleger o poste [o candidato Fernando Haddad, do PT] em 2018.”

Bolsonaro afirmou que sua narrativa está ligada a documentos do próprio TSE. Ele disse que o caso da invasão hacker, relacionado à cidade de Aperibé, no Rio de Janeiro, foi investigado pela Polícia Federal por ordem da ministra Rosa Weber, ex-presidente do TSE. Segundo informações da CNN, o inquérito está em andamento e é sigiloso. Mas, na semana passada, após uma escalada na crise entre os Poderes, Bolsonaro vazou o inquérito em suas redes sociais.

Uma reportagem do Correio Braziliense mostra, contudo, que a investigação não ligou a ação de hackers com acessos diretos às urnas eletrônicas, mas ao sistema interno do TSE. Confira aqui.

PROVAS APAGADAS. Segundo Bolsonaro, a PF teria solicitado os “logs”, que guardam registros de atividades nas urnas eletrônicas, ao TSE, por conta da investigação a respeito da conduta dos hackers em 2018. Mas o tribunal teria informado que “sem querer, apagou os logs”. “É uma prova inconteste de que essa pessoa [hacker] foi lá para dentro e manipulou números”.

Não tenho provas, mas com toda certeza é hacker contratado por pessoas com dinheiro, fazendo alterações dentro do TSE“, acusou Bolsonaro. “Eles agora voltam à carga. Não precisa nem fazer perícia, já está comprovado, o TSE assinou embaixo, o TSE apagou as digitais da cena do crime. Isso é mais do que suficiente para nós, sim, aprovarmos o voto impresso.”

Na narrativa de Bolsonaro, como o TSE é sujeito a infiltração de hackers, a aprovação da PEC do voto impresso, que prevê a contagem pública e manual de votos, é a solução. A proposta será votada na terça-feira (10) pelo plenário da Câmara, a despeito de já ter sido rejeitada em comissão especial. Aliado de Bolsonaro, o presidente da Casa, Arthur Lira, decidiu remeter a matéria ao plenário.

Bolsonaro, porém, admitiu na entrevista que a proposta tende a ser rejeitada. “Se não tiver negociação antes, um acordo, vai ser derrotada a proposta. Porque o Barroso apavorou alguns parlamentares. E tem parlamentar que deve na Justiça, Então o Barroso apavorou, ele foi para dentro do Congresso exigir das lideranças a rejeição.”

ATAQUES A BARROSO. Bolsonaro também renovou os ataques ao ministro Luis Roberto Barroso, presidente do TSE. Ele chamou o magistrado de “mentiroso” e disse que ele não quer “eleições limpas”.

Bolsonaro disse ainda que Barroso não tem “valores” morais, pois defende bandeiras como o aborto e é contra a redução da maioridade penal, ao mesmo tempo em que defende medidas que aliviam a pena de estupradores.

“Ele é desarmamentista, é trotskista, ele é tudo o que não interessa para o Estado democrático. Costumo dizer, e vale para Barroso: é muito fácil ser comunista num País livre. Quero ver ser livre em País comunista”, disparou.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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