sábado, 04 de maio de 2024

A polêmica do doping genético

Super nadadora chinesa desperta debate sobre doping. Genética é o novo caminho?

 

Mídia mancheta rusga diplomática e troca insultos após recorde mundial de jovem nadadora chinesa

 

 

 

Enorme manchete  do Evening Standart há pouco:

-A briga da nadadora (chinesa) e doping: China e Estados Unidos trocam acusações.
 
Ye Shiwen assombrou o mundo na segunda-feira, 30, ao ganhar o ouro e bater o recorde mundial nos 400 metros medley. Assombrou porque, aos 16 anos, ela nadou mais rápido do que o recordista masculino nos últimos 100 metros, no estilo borboleta.
 
Mal Ye Shiwen saía da piscina, integrantes da equipe dos Estados Unidos começavam a levantar suspeitas. Nesta terça-feira, 31, o Dr. Chen Zhanghao, médico das equipes chinesas nas olimpíadas de Los Angeles, Seul e Barcelona, disparou:
 
-Os americanos são maus. Eles não falam sobre eles mesmos. Phelps  quebrou sete recordes mundiais (e ganhou 8 medalhas de ouro em Pequim)… ele é normal? Eu suspeito de Phelps, mas não tenho evidências…
 
Zhanghao lembrou ainda: “Temos que nos basear em fatos, não em suspeitas”.
 
Ok, Shiwen parece um armário, por seu tamanho jogaria fácil numa zaga qualquer na várzea, mas  diante das insinuações do que apenas aparenta, Jiang Zhixue, chefe do comitê anti-doping da China, protestou:
 
-Fizemos mais de 100 testes anti-doping desde que chegamos Londres, e nada deu positivo.
 
O debate, com ares de rusga diplomática, lembra que essa questão, o doping, está numa fronteira cada vez mais tênue.
 
Em Pequim, recordemos, insinuava-se que Phelps valia-se, pelo menos, de “doping musical”. Porque chegava até quase o momento de nadar com os fones conectados.
 
A propósito: Cesar Cielo, em Guadalajara, ouvia Van Halen antes de saltar na piscina. Bizantinas questões e dúvidas à parte, há debates sérios sobre novas formas de doping. Uma das modalidades que avança é o doping genético.
 
Essa forma segue o mesmo caminho das terapias genéticas.  Através de um vírus criado biotecnologicamente e injetado na musculatura, ou no sangue, se induz a produção de proteínas que multiplicam a capacidade físico-esportiva.
 
Cada gene é conectado a uma proteína, entre estas a insulina, a eritropoietina e o  hormônio do crescimento. Todos podem ser usados  na parte terapêutica, por  um lado, ou como doping, com  sérios ríscos para a saúde.
 
Mauro Giacca, italiano, dirige o Icgeb, um centro na Itália reconhecido pela ONU como expert nesse assunto. A WADA (Agência Mundial Anti-Doping), já há tempos, perguntou a Giacca sobre o doping genético.  Giacca discorre sobre experimentos.
 
Ratos foram tratados com um vírus chamado AAV, no caso injetado na musculatura e assim transportado para o gene IGF-1,  proteína do fator de crescimento. Constatou o Dr. Giacca:
 
-Houve uma regeneração muito mais veloz das fibras musculares.
 
Camundongos tratados com a terapia genética foram submetidos a esforços sem sentir cansaço, atesta Mauro Giacca. Houve aumento da massa muscular, hiperatividade e não restou nenhum traço no sangue nem na urina.
 
Essa briga, genética natural x doping, não tem hora para acabar.
 

Mal Ye Shiwen, nadadora chinesa que bateu o recorde mundial

Luis Nassif

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