Alguém sabe quem começou a guerra de Canudos?, por Rogerio Maestri

Alguém sabe quem começou a guerra de Canudos?

por Rogerio Maestri

Alguns sabem que Antônio Conselheiro comprou material para construir uma nova igreja, e que os comerciantes não enviaram os materiais. Como todo o sertanejo honesto reclamou do roubo, e lendo um texto de  Luiz Alberto Moniz Bandeira sobre a guerra de Canudos surge uma observação importante que mostra quem foi o estopim de todo o massacre dos sertanejos, que está relatado no artigo:

O sentido social e o contexto político da Guerra dos Canudos, (é necessário baixar o arquivo em pdf) porém leiam com cuidado o texto de Moniz Bandeira:

“Como Antônio Conselheiro dispusera-se a buscar em Juazeiro, com a ajuda de seus adeptos, o material de construção, comprado, pago mas não entregue por falta de transporte, para terminar a igreja de Monte Belo, o juiz de Direito, Arlindo Leone, que exercera a mesma função em Bom Conselho, quando a queima dos editais do imposto ocorrera, e não perdoara a sua atitude, telegrafou ao governador da Bahia, Luiz Viana, pedindo providências no sentido de defender a cidade, ameaçada de invasão pelos jagunços, segundo alegou.”

Ou seja, uma guerra contra os miseráveis de Antonio Conselheiro começou exatamente por um falso telegrama enviado por não mais e não menos do que por um……

JUIZ DE DIREITO

A única imagem conhecida de Antonio Conselheiro

Vale a pena ler o texto de Moniz Bandeira, é curto mas tem o principal, e diria que o último parágrafo é o mais enigmático e que mostra que os que contribuíram com o massacre terminaram só eles pagando por gerações o crime perpectuado pelas elites republicanas que foram desde o início incitadas pelo PODER JUDICIÁRIO.

Redação

12 Comentários

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  1. judiciário

    talvez o único fato positivo dessa merda toda que jogaram na cara do cidadão brasileiro tenha sido a desmoralização total do judiciário.

    é sintomático que poucos, atualmente, em referência a ele, judiciário brasileiro, empreguem a palavra “justiça”, ou numa cabível ironia, ‘justissa’.

    chamar o judiciário brasileiro de ‘justiça’ é mais ridículo que nomear ‘revolução’ àquela quartelada de 1º de abril de 64

  2. Brasileiros longe da realidade

    Muito boa e pertinente a matéria, Rogério, pois mostra como é velho esse papo de fake news e de controle da informação no Brasil.
    Aqui os poderes se protegem através das narrativas históricas “oficiais”, iniciadas com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838, continuadas pelos governos imperial e republicanos, e hoje continuadas pela grande mídia.
    Por isso grande parte do povo brasileiro é privado de conhecer a própria história, ou seja, é privado de conhecer a si mesmo, tornando-se idiotado e teleguiado.
    Por isso no Brasil as versões parecem predominar sobre os fatos.
    Por isso saem pesquisas do tipo “Os brasileiros vivem longe da realidade”
    https://jornalggn.com.br/blog/sergio-da-motta-e-albuquerque/pesquisa-inglesa-informa-que-brasileiros-vivem-longe-da-realidade-dos-fatos-por-sergio-da-mot
    http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/12/1941021-brasil-e-2-pais-com-menos-nocao-da-propria-realidade-aponta-pesquisa.shtml
    https://www.cartacapital.com.br/sociedade/os-brasileiros-tem-uma-percepcao-equivocada-da-realidade

    Abraço

  3. Comentarios sobre o artigo.

    Canudos ainda é um pesadelo nacional. 

    O Livro “Eulides da Cunha e a Bahia”, ensaio bibliografico, de Oleone Coelho Fontes, Editora Ponto&Vírgula Publicações, uma das mellhores narrativas para compreensão de fatidico e tragico episódio de Canudos. 

    Sem esquecer de Os Sertões, de Euclides da Cunha e a Guerra do Fim do Mundo, de Mario Vargas Llosa

  4. Bom Conselho!!!

    BOM CONSELHO!!!! Inclusive o nome das cidades é cheio de ironias. Mas dizem, que o então juiz, não “entrava na Vara todos os dias” .Apenas duas ou no máximo três vezes por semana. A história não mudou. Apenas see repete? 

    1. O artigo de Moniz Bandeira é curto, porém tem o principal.

      O pequeno texto de Moniz Bandeira destrói a narrativa que eram um bando de fanáticos que se juntaram em Canudos, mas sim um grupo de excluídos que se juntaram e que se o exército não tivesse os massacrado a história do Brasil seria outra.

      Não estou dizendo que Canudos era um exemplo de atitude política revolucionária, mas a própria formação destes arrais era por ela mesmo revolucionária, pois daria protagonismo aos milhões que eram simplesmente excluídos e esquecidos da história brasileira.

  5. Santa Dica, uma bela

    Santa Dica, uma bela experiência messiânico-revolucionária em GO

     

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=87Ql2yy3qyU%5D

     

    ‘(…) A Prisão de Dica durou 6 meses. Pressionados pela população e sem provas criminatórias o governo acabou cedendo e liberou-a. A partir daí Dica ingressou na política, seus seguidores votavam em quem ela mandasse. Formou exército e foi patenteada com a insígnia de cabo do exército brasileiro. Comandava tropa de 400 homens, que ficaram sendo conhecidos como “pés com palha e pés sem palha”, pelo motivo de que sendo a tropa integrada por analfabetos, confundiam esquerda com direita. Dica então usou o estratagema de amarrar um pedaço de palha em um dos pés para poder ensinar-lhes a marchar

    Fotos

    http://fotostrada.com.br/blog/2015/08/06/lagolandia/

     

    Artigo

    http://www.pirenopolis.tur.br/cultura/historia/santa-dica

     

    Biografia

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Dica_de_Goi%C3%A1s

      

     

  6. O massacre da Canudos cearense

    Sobreviventes do ataque ao Caldeirão.

    O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto foi um dos movimentos messiânicos que surgiu nas terras no CratoCeará. A comunidade era liderada pelo paraibano de Pilões de DentroJosé Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço.

    No Caldeirão, os romeiros e imigrantes trabalhavam todos em favor da comunidade e recebiam uma quota da produção. A comunidade era pautada no trabalho, na igualdade e na Religião.

     

    Saiba mais

     

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-massacre-do-canudos-cearense

     

     

  7. Uma coisa assim não acontece por acaso

    A reação truculenta do conselheiro contra o atraso na entrega dos materiais sugere que já existia um clima de tensão entre o arraial de Canudos e os vizinhos. A preocupação do juiz quanto à possibilidade de uma invasão de jagunços pode ter sido procedente. Armas eles tinham.

    1. Leia o texto do Muniz Bandeira, pois lá…..

      Leia o texto do Muniz Bandeira, pois lá fica claro que o esvaziamento da mão de obra semi escrava do sertanejo, estava incomodando o Juiz e seus comparsas da Oligarquia regional, já existia a priori.

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