Como democratizar a Justiça? Convidados da TVGGN respondem

Integrantes do coletivo MP Transforma mostram que cotas ajudam a minimizar o elitismo da área, mas não resolvem gargalos do Judiciário.

O programa TVGGN Justiça desta sexta-feira (5) recebeu a promotora Alessandra Queiroga e o procurador Edson Baeta, integrantes do MP Transforma, coletivo formado por membros do Ministério Público dos Estados e da União, que tem como objetivo lançar um olhar crítico sobre a atuação do Judiciário.

Segundo Alessandra, os profissionais do Direito são bastante elitistas e não representam a sociedade. Para minimizar este distanciamento, as cotas podem ser uma ferramenta essencial, mas que não resolve um dos principais gargalos da área Jurídica: a falta de profissionais com uma formação mais humanista.

“As faculdades de Direito, via de regra, são muito conservadoras, os currículos são muito ruins, pois não preparamos ninguém com um olhar crítico sobre o Direito. Não há teoria crítica, não há estudos mais aprofundados de filosofia, de sociologia, de ciências sociais”, observa Baeta.

Demanda profissional

Diante da fragilidade do currículo dos bacharéis em Direito, o Ministério Público tem grande dificuldade de encontrar profissionais capacitados e com visão social para que possam lidar com áreas mais emblemáticas trazidas pelo público.

É uma dificuldade achar alguém para trabalhar bem com Direitos Humanos, na Vara da Infância e Juventude, que saiba lidar com as questões dos Sem Teto, dos Sem Terra”, continua Baeta, que também é ex-examinador de concursos públicos e atuou como ex-diretor da Escola Institucional do Ministério Público.

Lacração

Os convidados criticaram ainda a tendência de lacração nas redes sociais que atingiu juízes e procuradores. “Agora tem um negócio que surgiu entre nós, o tal de coaching, que é uma praga. A situação é a seguinte: o sujeito tem de produzir conteúdo e tem de lacrar, porque o negócio deles é isso”, continua o procurador.

Assim, há diversos juízes que, em vez de compartilhar discordâncias, fundamentando tais opiniões, acabam reproduzindo comportamentos violentos típicos de influenciadores digitais, como ataques, agressões e até mesmo a tentativa de desmoralizar tribunais de todo o País.

Confira a entrevista na íntegra:

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Camila Bezerra

Jornalista

1 Comentário

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  1. Acredito que a democracia para ser autêntica e digna de quem a deseja, tem que merecer o comprometimento ético, honroso, honesto e leal a todos os princípios indispensáveis que ela exige. Não pode ter meio termo e não pode, jamais, ceder a interferências internas e externa, de quem quer que seja. Ela é dependente da prática fidedigna e constante das virtudes morais e da lealdade aos princípios constitucionais da lei e do caráter humano. A democracia também é sensível aos erros e falhas, sejam simples ou complexos, que se existirem a faz deixar de ser sã e resistente a todas as formas de ataques e tentações. Por estas e outras razões da família do justo do correto é da probidade, eu creio ser muito improvavel que a democracia se aproxime da Justiça em curto ou médio prazo. As más notícias que persistem em acontecer na justiça brasileira, não apenas aumenta a quantidade manchas degradantes, como aumenta mais a distância entre ela e a cobiçada democracia. Parece inacreditável, mas é uma avaliação que a própria justiça tem muita culpa é participação no resultado.
    Então, ainda que apresente bons exemplos recentes, eu julgo que passar o pente fino, cortar da própria carne e queimar todas as sementes do repugnante corporativismo, são as primeiras e principais exigências para a Justiça alcançar o indispensável merecimento para sua democratização.

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