O relatório apresentado pela Polícia Civil do Paraná a respeito da investigação em torno da morte de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT na cidade de Foz do Iguaçu, abriu uma série de questionamentos por parte dos advogados da família do guarda municipal
No último final de semana, Arruda comemorava seus 50 anos com uma festa que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula.
O evento foi invadido pelo guarda penal Jorge Guaranho, apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, que acabou matando Arruda a tiros e, em legítima defesa, acabou sendo atingido por tiros disparados pelo guarda municipal.
“O fato aconteceu no domingo, e se deu a prisão em flagrante depois de uma confusão a respeito de estar vivo ou não o assassino – confusão essa provocada e difundida pela própria polícia, estranhamente”, disse o advogado Daniel Godoy Junior, representante da família de Arruda, em entrevista exclusiva à TV GGN 20 horas.
Godoy explica que a investigação teve início no domingo e, até esta sexta-feira (15/07), 17 testemunhas foram ouvidas. Contudo, alguns pontos levantaram dúvidas junto à defesa.
Um dos pontos foi a decisão tardia de se pedir a busca apreensão do celular e a quebra de sigilo desse celular, e as ligações telefônicas, do seu conteúdo e do sigilo telemático
“A autoridade judiciária que o autorizou – quando todos nós sabemos que hoje os equipamentos de celular, de informática, são verdadeiros repositórios de informação para qualquer investigação a autoridade policial demorou três dias para descobrir que isso era importante”, diz Godoy.
Segundo Godoy, a esposa de Guaranho depôs ao lado da advogada de defesa do marido, e afirmou que o celular estava em sua casa e que não iria entrega-lo.
Polícia Civil ignorou pedidos de diligência
O advogado também afirma que a autoridade policial ignorou um pedido de diligência efetuado pela equipe no último dia 13.
“(A autoridade policial) não disse nem sim nem não, simplesmente ignorou – um fato este inusitado que me colocou também mais uma suspeita em relação ao desiderato daquela investigação”, disse Godoy.
Além disso, o advogado diz que até mesmo um pedido para que os familiares apresentassem mais testemunhas para esclarecer os fatos ocorridos foi ignorado pelos agentes policiais.
“Bem, veio a coletiva das autoridades policiais, que narraram para toda a coletividade brasileira o conteúdo das investigações e o seu resultado”, disse Godoy.
Segundo o advogado, a narrativa apresentada pela Polícia Civil “veio fundada em uma série de conjecturas – tanto que o relatório só veio a ser juntado nos autos do inquérito em juízo às 18 horas e 28 minutos quando a coletiva foi às 10h30”.
“O que aconteceu das 10h30 até as 18h30 para que esse relatório demorasse tanto tempo para ser juntado, se ele já foi divulgado? Por quê?”, questiona Daniel Godoy, afirmando que ajustes foram feitos no relatório nesse meio tempo.
“Esse relatório é uma peça ficcional e facciosa, que tendia necessariamente a buscar um resultado que interessava às autoridades, que interessava para alguém no sentido da sua conclusão”, afirma o advogado.
Veja mais sobre o tema na íntegra da entrevista de Daniel Godoy Junior à TV GGN 20 horas. Clique abaixo e confira
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