Ofertas no mercado de capitais caem 24,9% no 1º trimestre

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Queda em relação ao visto em 2014 chega a 79,4%, segundo Anbima

Jornal GGN – A captação de recursos pelas companhias brasileiras continuou em trajetória descendente no primeiro trimestre de 2016. De acordo com levantamento elaborado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o montante ofertado nos três primeiros meses do ano, nos mercados doméstico e internacional, foi 24,9% inferior ao observado no mesmo período de 2015, e sofreu uma queda ainda maior, de 79,4%, em relação ao mesmo período de 2014.

Em relatório, a economista Vivian Corradin explica que o principal fator a influenciar o baixo resultado no início de 2016 foram as captações com títulos de renda fixa e instrumentos de securitização. “Neste período, as ofertas desses segmentos apresentaram queda de 58,1%, espalhada por todos os ativos, à exceção dos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios – FIDCs, que tiveram crescimento de 7,5%, e das debêntures de leasing – que registraram o dobro do volume de operações em 2016 (R$ 20 bilhões)”.

Mesmo assim, a analista diz que o volume de FIDCs pode ser considerado pouco representativo em termos absolutos, ao passar de R$ 932 milhões nos primeiros três meses de 2015 para R$ 1 bilhão até março de 2016. Já as debêntures de leasing, além de não serem enquadradas como captações corporativas, foram concentradas em uma única operação.

Entre os demais instrumentos, a pior performance foi a dos CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), que apresentaram, no mesmo período de comparação, uma retração de 84,9%, seguidos das notas promissórias, que tiveram queda de 71,4%. O volume de ofertas de debêntures também apresentou recuo de 53,4%, mas esses ativos, ainda assim, permanecem como o mais utilizado pelas companhias brasileiras, respondendo por 62,7% do total das captações domésticas em 2016.

Em relação às ofertas de ações, as operações de 2016 foram distribuídas com esforços restritos, com base na Instrução CVM 476. Foram dois follow‐ons, o primeiro da Brasil Pharma, de R$ 400 milhões em janeiro, e o segundo do Banco Mercantil de Investimentos, com volume de R$ 190,5 milhões, realizado em março.

A entidade também destaca que a totalidade das ações distribuídas no ano, até março, foi adquirida por investidores institucionais, sem a participação de investidores estrangeiros. Isso ocorreu a despeito da movimentação intensa de entrada de recursos de não residentes no mercado secundário de ações nos meses de fevereiro e março, quando foram registrados saldos positivos de investimentos estrangeiros de R$ 2,3 bilhões e R$ 8,4 bilhões, respectivamente.

No exterior, Tesouro consegue captar recursos com bonds

No mercado externo, o Tesouro Nacional foi bem sucedido em lançar bonds denominados em dólares após uma ausência de 17 meses sem captações internacionais, desde setembro de 2014. A emissão, de 10,2 anos, foi a primeira de 2016, após um período de oito meses sem ofertas externas.

A última janela de captação ocorreu entre os meses de maio e junho de 2015, quando nove companhias (oito empresas e uma instituição financeira) realizaram operações que chegaram a US$ 8 bilhões, o equivalente a todo o montante do ano de 2015. De acordo com a entidade, houve alguma expectativa de que a operação do Tesouro possibilitasse a abertura do mercado para operações corporativas no exterior, mas este movimento ainda não ocorreu, pelo menos até o início de abril.

“Parte desse comportamento pode ser explicada pela volatilidade ainda observada no mercado internacional. As taxas dos títulos do Tesouro americano, por exemplo, permanecem em trajetória de baixa, o que indica o aumento da demanda por ativos mais seguros e líquidos por parte dos investidores estrangeiros”, ressalta a Anbima.

Além disso, a percepção de risco Brasil, refletida nos níveis dos contratos de Credit Default Swaps – CDS, segue elevada, a despeito da trajetória descendente observada desde setembro de 2015, quando o CDS registrou o valor mais alto da curva. “O nível de risco Brasil encontra‐se acima dos demais emergentes, como, por exemplo, Rússia e Turquia, o que também explica a dificuldade na distribuição de ativos brasileiros no mercado internacional. No campo doméstico, a ausência de investidores estrangeiros também é sentida no mercado de ativos incentivados”, ressalta a associação.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. Interessante notar que no

    Interessante notar que no periodo em questão o dólar cai da faixa de R$ 4,00 para R$ 3,50, o que sugere um mercado de câmbio agindo especulativamente.

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