Em crise da EBC por perda de autonomia, Temer indica novo presidente

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Isac Nóbrega/PR
 
Jornal GGN – O próprio porta-voz de Michel Temer, escalado para intermediar o governo com a imprensa, foi contratado para ser o novo presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), agência que vem sofrendo desgastes em sua autonomia desde o início do governo do emedebista.
 
O embaixador Alexandre Guido Lopes Parola foi escolhido pelo mandatário, em setembro de 2017, para comandar a voz do governo na mídia. Seu papel seria o de ser “o mais invisível possível”, anunciou em entrevista a O Globo, em janeiro deste ano.
 
O objetivo da discrição seria permitir uma fluência quase que “natural” do que diz o presidente Michel Temer e o que sai na imprensa. “O porta-voz dá notícia não tão boa, e o presidente dá notícia boa. E está ótimo. Eu não sou notícia. A notícia é o meu chefe”, completava.
 
O nome do embaixador chegou a Temer por meio do assessor internacional Fred Arruda, do Itamaraty, escolhido justamente após ministros do mandatário causarem ruídos com tantas entrevistas e declarações públicas polêmicas. O que não foi solucionado desde que Parola assumiu o cargo.
 
Agora, já entrosado com a política de Temer, Alexandre foi remetido para outra instituição de imprensa: a EBC. Desde que tomou conta da cadeira do Planalto, Temer vem adotando medidas radicais com a agência, que deveria seguir seu caráter de independência.
 
A primeira delas foi a demissão do então diretor-presidente, Ricardo Melo, que detinha um cargo fixo de quatro anos e, coincidentemente, um dos maiores defensores da autonomia da EBC em relação ao governo. Temer também encerrou por meio de uma Medida Provisória as atividades do conselho curador da empresa.
 
Passado um ano desde as mudanças estruturais na EBC, em setembro do ano passado jornalistas da empresa denunciaram viver constrangimento, medo e censura no governo Temer. De acordo com reportagem publicada no The Intercept Brasil, a gestão de Laerte Rimoli, escolhido por Temer para substituir Ricardo Melo, promoveu o desmonte dos meios públicos de comunicação e censura, além de submeter as notícias a uma linha editorial governista.
 
Agora, Alexandre Parola, que não possui nenhuma experiência em veículos de comunicação, foi o indicado para presidir a EBC em troca de Rimoli, que deixará o cargo em maio. Rimoli, por sua vez, quer se mudar para os Estados Unidos, aonde mora sua esposa.
 
A promessa é temporária: Temer quer que Parola seja o embaixador do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), na Suíça, no início de 2019. Por isso, ficaria no comando da EBC até dezembro deste ano.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. É…Depois de destruir um

    É…Depois de destruir um país. o único planejamento que o desgoverno temer tem é  garantir o futuro dele e dos seu cúmplices. Parece até que responde à pergunta de um programa de assuntos imobiliários quanto ao país que desgovernou: Vai deixá-lo ou vai amá-lo? E ainda remete para a frase famosa de um empresário paulista depois da vitória de Lula: O último que sair, apaga a luz.

  2. Com a saída de Ricardo Mello,

    Com a saída de Ricardo Mello, e consequente demissão de todos os joralistas, como Nassif, Paulo Moreira Leite, Tereza Cruvinel, Florestan, entre tantos mais, deixei de assistir um dos canais que mais me agradavam. Acho que eu, como tantos, fez o mesmo. Hoje a TV Brasil não passa de um canal de propaganda do governo, que eu detesto.

    Uma coisa que não ficou muito clara pra mim foi a saída de Leda Nagli. Ela também foi depejada da emissora.

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