Assembleia da ONU: apenas EUA e Israel votam contra fim de embargo econômico a Cuba

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) condenou por 187 votos, e pela trigésima primeira vez, embargo econômico contra Cuba. Já a Ucrânia se absteve

Cuba, há muitas décadas, é vista pelo mundo como um país sem qualquer relacionamento com as acusações feitas pelos EUA para justificar embargo. Foto: Governo de Cuba

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) condenou mais uma vez, nesta quinta-feira (2), por esmagadora maioria, o bloqueio que os Estados Unidos (EUA) mantêm há mais de seis décadas contra Cuba.

Da mesma forma, como já solicitou a maioria dos países durante todos estes anos, se apela à exclusão de Cuba dos países que patrocinam o terrorismo porque “exacerba os impactos do bloqueio”.

Esta é a trigésima primeira vez que o projeto de resolução ‘Necessidade de acabar com o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba’ é submetido à apreciação da organização com a votação.

A discussão, nesta ocasião, começou na quarta-feira (1) e terminou nesta quinta. O projeto apresentado pelo país caribenho foi aprovado com 187 votos a favor, a abstenção da Ucrânia e os habituais dois votos contrários: EUA e de Israel.

Depois de conhecer o resultado da votação, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, classificou a decisão majoritária da ONU como “uma nova vitória do povo cubano e da sua Revolução”.

O presidente agradeceu ainda, através de uma interação na plataforma X, o “reconhecimento e apoio da comunidade internacional ao heroísmo e resistência” do seu país.

Países sul-americanos como Brasil, Bolívia, Chile e Peru, além do Caribe como Barbados e Jamaica, além de centro-americanos, como Belize e Nicarágua, se posicionaram a favor de Cuba e contra o embargo, mostrando o isolamento crescente dos EUA no continente americano.

“O embargo é um anacronismo”

Durante seu discurso, o representante do Peru afirmou que o embargo contra Havana é contrário à Carta das Nações Unidas e aos pactos internacionais de direitos humanos.

Ao discursar, a representante permanente do Chile perante a organização internacional, Paula Narváez, lembrou que há mais de 30 anos consecutivos a Assembleia Geral aprovou resoluções que apelam ao fim do embargo económico, comercial e financeiro dos EUA contra o país caribenho.

Narváez sublinhou que as sanções dos EUA geraram “escassez e sofrimento” para a população e impediram “a realização dos objetivos de desenvolvimento”, disse ela.

“O povo cubano pode sobreviver graças à sua dignidade, perseverança e esperança. O embargo econômico é um anacronismo de uma época passada e deve acabar”, concluiu.

Normalização pedida há muitos anos 

Por sua vez, o Brasil lembrou que pede “há muitos anos a normalização das relações dos EUA com Cuba” e destacou que “a rejeição do embargo é praticamente um consenso internacional”.

“As sanções impostas a Cuba afetaram e continuam a afetar o pleno gozo dos direitos do povo cubano com prejuízos, principalmente, aos mais pobres”, argumentou.

Por sua vez, o embaixador boliviano na ONU, Diego Pary, agradeceu a Cuba pelo seu “compromisso com as causas mais nobres da humanidade”, ao mesmo tempo que qualificou como “inconcebível e contraditório que o país mais solidário do mundo tenha sido incluído na lista dos EUA de patrocinadores estatais do terrorismo.

“Os povos do mundo testemunharam que 60 anos não foram suficientes para punir um povo solidário, mas estamos a observar um agravamento do bloqueio”, acrescentou Pary.

Durante o discurso, o embaixador da Nicarágua, Jaime Hermida Castillo, afirmou que as “potências imperialistas” mantêm e “intensificam” “políticas coercitivas contra povos e governos soberanos”.

“Eles substituem os seus interesses hegemônicos sobre as prioridades da comunidade humana, fomentando guerras, bloqueios, sanções e campanhas difamatórias”, alertou.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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