Aterrar linhas de energia elétrica em SP custaria R$ 20 bilhões, o que é impossível, diz Nunes

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Governador e prefeito de SP miram em ação mais barata e cobram preparo das concessionárias para mudanças climáticas

O prefeito de SP, Ricardo Nunes. Foto: Divulgação/Governo de SP
O prefeito de SP, Ricardo Nunes. Foto: Divulgação/Governo de SP

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou em coletiva de imprensa na noite de segunda-feira (6) que a solução de aterrar linhas de energia elétrica em massa em São Paulo para evitar futuros apagões como o que ocorre desde a última sexta (3), é praticamente “impossível”, pois o custo da operação chegaria a R$ 20 bilhões de reais. Além disso, a tarifa de energia ao consumidor ficaria de oito a nove vezes mais cara, segundo informações da Enel.

Na última sexta, uma tempestade com ventos de mais de 100 km/h derrubou árvores que caíram sobre a rede elétrica em várias cidades de São Paulo, deixando mais de 4 milhões de pessoas no escuro. Segundo a Enel, 320 mil pessoas ainda estão sem energia, sendo que 120 mil sofrem em decorrência dos fatos do dia 3 de novembro. A situação deverá ser estabilizada totalmente até a noite de terça, prometeu a empresa.

O governador de SP, Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação/Governo de SP
O governador de SP, Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação/Governo de SP

Ao lado do governador Tarcísio de Freitas, Nunes cobrou das concessionárias um plano para precaver novos incidentes deste tipo frente às mudanças climáticas. Os dois políticos admitiram que o fator clima foi determinante para os estragos provocados na rede elétrica, e afirmaram que uma série de medidas foram colocadas à mesa, mas a principal delas seria mapear as regiões onde há maior risco de queda de árvores que possam vir a prejudicar as linhas novamente.

Na visão de Tarcísio, focar na questão arbórea é a forma mais imediata e econômica de tornas a rede elétrica “mais resiliente”.

“Muita gente falou em aterramento de linhas, mas a grande questão é arbórea: a quantidade de árvores que, por falta de manutenção adequada, acabam caindo sobre a rede. (…) O plano de manejo arbóreo é uma das soluções mais baratas, efetivas e que podemos fazer agora”, disse Tarcísio.

Aterramento de linhas

Já o prefeito Ricardo Nunes explicou que São Paulo já dispõe de uma lei que obriga as concessionárias a investir no aterramento de linhas de energia elétrica. Porém, as empresas – que são concessões federais – recorreram à Justiça e ganharam o direito de não obedecer a uma lei municipal.

Para contornar a situação, Nunes afirmou que se reúne com representantes da Enel desde outubro do ano passado para discutir um plano de investimento que passa, em parte, por subsídios da prefeitura e, de outro lado, pela cobrança de uma taxa extra aos consumidores, mas de maneira voluntária.

“Pela regulação, há a possibilidade de fazer a cobrança da taxa de serviço que tem um nome específico, seria a taxa de contribuição de melhoria. (…) Não farei de forma obrigatória. (…) A ideia é apresentar a um quarteirão de um bairro qualquer a opção, e perguntamos se ele [munícipe] quer aderir. Se houver uma grande maioria, [o aterramento será feito, sendo] uma parte a prefeitura entra [com recursos], uma parte o munícipe entra, e conseguimos acelerar a questão do aterramento”, comentou.

No Brasil, o aterramento de fios da rede elétrica não é comum, pelo contrário, apenas algumas cidades históricas dispõem desse tipo de investimento. Nunes, representantes da Enel e o próprio Tarcísio concordaram que aterrar fios em massa é impossível em São Paulo, ou seja, o plano atenderia alguns bairros de maneira pontual. Para isso, seria necessário encomendar um estudo que pode contar com recursos da Cosip (Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública), cujo fundo é de R$ 200 milhões.

O programa TVGGN 20 Horas, conduzido pelo jornalista Luis Nassif na noite de segunda (6), abordou o tema com entrevistas do presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato, e o ex-presidente da antiga Eletropaulo, Paulo Roberto Feldmann. Confira a partir de 34 minutos:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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