Erundina, Maluf e o Judiciário brasileiro

O Judiciário brasileiro está sem dúvida semi-falido e os processos se eternizam nas prateleiras, até mesmo simples inventários ou despejos têm anos de duração. Porém, a diferença de tratamento dada a Maluf e a outros dirigentes políticos tornados réus mostram a influência também da sociedade de classe e das ideologias.  Para constatar basta a comparação entre a forma como tramitou um processo para condenar Luiza Erundina e outro que visava condenar Paulo Maluf.
 
O primeiro passou por todas as etapas em metade do tempo que durou o segundo até agora, e este ainda tem recursos diversos que serão usados. Certamente não acabará com o ex-prefeito vivo, pois temos no mínimo vários anos para a frente e só depois se iniciará a execução, com penhora de bens, embargos e etc. Estes poderão demorar até mais tempo, pois o prefeito nem deverá ter o que penhorar e então a municipalidade terá que anular doações ou venda para obter efetividade na penhora, leilão e etc.
 
Isso tudo acontece apesar da diversidade de interesses em jogo. O processo contra Erundina teve origem com o pagamento de um anúncio apoiando uma greve de trabalhadores pelos cofres públicos (equivocadamente, pois), coisa de uns R$ 30 mil ( sem juros). No de Maluf estavam em jogo dezenas de milhões de reais (sem juros) pelo superfaturamento de um túnel. Deveria haver, pois, muito mais preocupação de homens públicos em punir a desonestidade e recuperar os valores. Além disso, Maluf acumulava processos do mesmo teor, por desonestidade na administração pública.
 
Trata-se de um exemplo por demais evidente, mas muitos outros poderiam ser citados, nas várias áreas, até mesmo a penal. Maluf e tantos outros jamais foram condenados, no entanto há verdadeira histeria na mídia devido a duração dos processos do Mensalão, onde os réus estão condenados de forma irrecorrível e em poucos anos, levando-se em conta a complexidade do processo e o número de envolvidos.
 
No mínimo, a mídia deveria reconhecer que os tempos mudaram após Lula. Não há quem imagine que os prefeitos possam fazer nos tempos atuais o que Maluf fazia anos atrás. Certamente os veríamos sendo conduzidos algemados para as prisões da polícia federal.
 
Na área penal temos 550 mil presos no país, sendo que mais de 40% deles em prisão provisória, pois ainda não foram julgados. Dessa gente toda, mais de 40% são pretos ou pardos. Nos presídios faltam,  segundo as autoridades,  pelo menos 150 mil vagas. Mas tudo indica que elas esquecem que há um milhão de decretos de prisão para serem cumpridos.  Um terço desse total está no Estado de São Paulo e a polícia destacou 14 agentes para capturá-los. É muita gente, demonstração que também nessa área algo está errado. Some-se que a cadeia, sabidamente, é uma escola do crime.
Redação

3 Comentários

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  1. Erundina,maluf e o judiciario brasileiro;

    “A maior contribuiçao para a campanha do Maluf,o recorde em Sao Paulo,foi da VOTORANTIM,Empresa do maior empresario brasileiro Antonio Ermirio de Morais. que ainda disse  que ia votar em Branco no segundo turno( Emir Sader ,in revista bundas 5/12/2000 numero 77).Tambem ,em sua coluna na Folha de Sao Paulo chamou LULA de vagabundo.Ainda existem pessoas em nosso pais que garante que o brasileiro nao sabe votar,quando nos empurram tanta merda garganta abaixo.

  2. Parcial até dizer chega

    A noss justiça é classista, nem pq usam aquele símbolo da deusa Têmis, pois cega não é, tem um lado que todos sabemos qual: A favor da Casa Grande, sempre

  3. Parcial até dizer chega

    A noss justiça é classista, nem pq usam aquele símbolo da deusa Têmis, pois cega não é, tem um lado que todos sabemos qual: A favor da Casa Grande, sempre

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