“MDB saiu na vanguarda e lançou uma mulher à Presidência. É inédito”, diz Tebet no Jornal Nacional

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Igualdade salarial, taxação de lucros e dividendos, reforma tributária, FGTS para informais. Confira o resumo da sabatina de Tebet no JN

A senadora Simone Tebet (MDB) foi a última presidenciável a sentar na bancada do Jornal Nacional, na noite de sexta-feira (26). Faltando 37 dias para as eleições gerais de 2022, e com apenas 2% das intenções de voto nas pesquisas, Tebet teve mais tempo para expor seu programa de governo no JN do que Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Lula (PT), todos sabatinados ao longo da semana.

Em 40 minutos de entrevista, Tebet defendeu a taxação de lucros e dividendos, prometeu tirar a classe média do imposto de renda, repetiu 4 vezes que está acompanhada dos “melhores economistas liberais”, mas expôs preocupação com as questões sociais.

Ela atacou Bolsonaro pela gestão desastrosa na pandemia, e o PT, por “não ter feito a lição de casa na Educação”. Respondeu sobre casos de corrupção, fisiologismo e o racha no MDB em torno de sua candidatura. Neste último caso, minimizou o problema: “Eu só preciso de um caixote e um microfone [para ganhar votos]. Agora é comigo”.

Orçamento secreto e FGTS para trabalhadores informais

A candidata propôs obrigar os ministérios a abrir as contas para acabar com o chamado “orçamento secreto”, pagar FGTS para trabalhadores informais contemplados pelo Auxílio Brasil e recriar o Ministério Nacional da Segurança Pública para dar suporte aos governadores no controle das fronteiras.

Construir 1 milhão de casas em 4 anos, zerar a fila de cirurgias e colocar “crianças e adolescentes” no centro do orçamento do governo também estão na lista de Tebet.

Espelho e trajetória

Com uma camisa pink e um terno azul, Tebet reforçou o perfil de “cuidadora” ao falar de experiências passadas na gestão pública (ela foi prefeita e vice-governadora, além de deputada estadual e senadora). Foi confrontada pela bancada do JN com dados que indicam que sua passagem pelo Poder Executivo não foi marcante.

Ao falar ao público feminino, Tebet frisou que é mãe de duas meninas e compartilhou capítulos de sua trajetória de “dificuldades” e de violência política de gênero. Se emocionou ao lembrar da CPI da Covid no Senado e das andanças pelo País enquanto candidata, colhendo depoimentos de mulheres quebradas pela crise econômica do governo Bolsonaro.

Contrastando com o esforço de encantar o eleitorado feminino, Tebet começou a entrevista dizendo que tem como “espelho” alguns nomes históricos do MDB, todos homens. A referência ocorreu quando a candidata argumentava que o partido, hoje, não é mais de “meia dúzia” de caciques “fisiológicos”.

“Eu sou do partido de Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Mario Covas. Homens desbravadores e acima de tudo, éticos. Hoje meu espelho é Pedro Simon e Jarbas Vasconcellos. Então é este meu espelho e está é minha trajetória.”

Em seguida, Tebet disse que se sente “privilegiada porque estou diante de um partido que saiu na vanguarda e teve coragem de lançar, nesse momento mais difícil do Brasil, uma mulher candidata a presidente da República. Isso é inédito na história.”

Candidatura histórica

A chapa construída por Tebet é, de fato, histórica. É a primeira vez que duas mulheres – a candidata à vice-presidente é a senadora Mara Gabrilli, do PSDB – disputam juntas o Palácio do Planalto.

Mas ao discorrer sobre os direitos políticos conquistados pelas brasileiras no último século, Tebet ignorou completamente que o Brasil elegeu a mulher presidente da República em 2010, com Dilma Rousseff (PT) – que, aliás, foi derrubada do poder com apoio da senadora. Tebet não foi questionada sobre isso no JN.

Se eleita, Tebet prometeu que “o primeiro projeto que vou pautar na Câmara é a igualdade salarial entre homens e mulheres”. Ela defendeu também que os partidos políticos sejam obrigados a ter 30% de cargos na direção executiva destinados às mulheres.

Além do MDB, ela tem apoio do PSDB, Cidadania e Podemos.

Leia também:
1 – Bolsonaro surfou no despreparo da bancada do Jornal Nacional
2 – Ciro propõe no JN governo via plebiscito, renda mínima e imposto sobre fortunas
3 – Bonner a Lula: “O senhor não deve nada à Justiça”; veja resumo da entrevista ao JN

Análise da entrevista ao JN

Ao analisar a entrevista de Tebet no JN, o cientista política Paulo Ramirez disse ao GGN que a senadora terá dificuldades para crescer entre as mulheres, que são mais afeitas a pesar as questões econômicas e sociais e, por isso, tendem a olhar para a candidatura de Lula.

O jornalista Luis Nassif considerou “interessante” que Tebet tenha mostrado a “sensibilidade social dos economistas liberais, mas isso vem com atraso de 20 anos”. “Em muito setores, a única preocupação era com a redução de custos. Sempre a visão financeira de redução de custos. Mas é bom sinal que a miséria e inclusão social se transformaram em bandeiras essenciais na política.”

Assista à análise completa na TVGGN:

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

1 Comentário

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  1. Inédito? Lançar uma mulher a presidente? Pode ser. Porque Dilma foi lançada e ganhou como PRESIDENTA e foi golpeada com o voto de gente como essa senhora que tinha esperança em ninguém menos do que o atual ocupante do Palácio do Planalto.
    Agora,é incrível como todos os candidatos defendem a taxação das grandes fortunas e dos dividendos,mas na hora H puxam a escada e deixam aqueles que verdadeiramente defendem essas taxações com a broxa na mão e com o título de comunistas.
    Tivessemos uma entrevista séria e o mocinho e a mocinha da bancada do telejornal golpista da mais golpista das emissoras teria perguntad o que pode ser entendido como grandes fortunas e como taxar os dividendos. Sem isso,é mais do mesmo e essa senhora,podem observar,depois das eleições estará,como sempre,alinhada ao que tem de mais atrasado na política brasileira.

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