Ignorando apelo da ONU, Israel ataca palestinos na Cisjordânia por terra e ar

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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O Ministério da Saúde palestino informa que até agora pelo menos sete pessoas morreram e 27 ficaram feridas

Arte: domínio público

Os apelos das Nações Unidas para o governo de Israel respeitar o direito internacional não surtiram efeito. As forças armadas israelenses lançaram um ataque aéreo e terrestre na manhã de segunda-feira (3) contra a cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada. 

Israel declarou que se trata de uma “extensa operação antiterrorista”, e matou pelo menos sete palestinos nesta segunda, conforme o Ministério da Saúde do país árabe. Pelo menos 27 feridos necessitam de atendimento hospitalar. Os números podem subir ao longo do dia. 

“Como parte de um amplo esforço antiterrorista na Judéia e Samaria, as forças de segurança atacaram um centro de operações conjuntas, que servia como centro de comando operacional conjunto para o campo de Jenin e os agentes da Brigada de Jenin”, disseram as autoridades israelenses.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, condenou, no dia 29 de junho, a aprovação do governo de Israel para a construção de cerca de 5.700 novas casas na Área C da Cisjordânia, território palestino ocupado. 

Essa expansão da ocupação de Israel no território palestino é a causa do aumento da violência na região, que acaba vitimando o povo palestino.

Guterres afirmou que as construções “são uma violação flagrante do direito internacional e das resoluções relevantes das Nações Unidas”.

Repúdio internacional

Países mundo afora, incluindo o Brasil, acompanham a ONU no repúdio aos ataques das forças militares israelenses e incitam Israel a cessar fogo. Também pedem que o país suspenda os planos de expansão de assentamentos na Cisjordânia ocupada.  

Um dos jovens palestinos mortos no ataque israelense foi identificado como Samih Abu al-Wafa, de 21 anos. O perfil dos mortos é de jovens e adolescentes. No caso de Samih, um avião israelense atacou uma casa no centro do campo de refugiados de Jenin com pelo menos seis mísseis e o acertou.

Em 2023, são 135 palestinos mortos pelas mãos dos militares israelenses, conforme o Ministério da Saúde da Palestina. Entre os mortos, ao menos 22 são menores e a ampla maioria é de civis. A alegação do governo israelense é de que os ataques se dão contra “terroristas”.

Ataque por terra e ar

De acordo com perfis de palestinos nas redes sociais, enquanto aviões de guerra israelenses lançaram ataques aéreos contra o campo de refugiados de Jenin, veículos militares invadiram a cidade, provocando confrontos armados entre combatentes palestinos e tropas de ocupação.

Até o momento, apenas um soldado israelense foi ferido. A imprensa internacional relata que as tropas israelenses lançaram uma ofensiva em larga escala em Jenin e em seu campo de refugiados, invadindo a instalação em duas direções distintas. Houve reação dos palestinos. 

Moradores de Jenin relataram à mídia local e nas redes sociais terem recebido mensagens supostamente das Forças de Defesa que diziam: “As forças de segurança estão operando na área contra os militantes. Fique em casa e proteja sua família”. Os palestinos, porém, dizem que os militares atacam quaisquer pessoas, não só militantes. 

O campo de Jenin 

O campo de Jenin é o mais setentrional da Cisjordânia. Forças israelenses e palestinas realizam operações regulares na área, que geralmente terminam em confrontos e violência. 

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

1 Comentário

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  1. Essa ofensiva se desdobra na Inglaterra, país que recentemente condenou vários militantes que ousaram ocupar uma fábrica de armamentos de propriedade de israelenses para protestar em favor das vítimas palestinas. Alguns desses condenados estavam apenas se dirigindo de carro para o local e foram presos antes mesmo de ter oportunidade de participar da ocupação da fábrica. As penas dos condenados ainda não foram fixadas. Quando isso ocorrer comentarei o caso de maneira detalhada no meu blogue, mas gostaria de adiantar algo importante: o juiz IMPEDIU os réus de alegarem em sua defesa a motivação política do que ocorreu. Isso é simplesmente fantástico.

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