Anderson Torres seria vítima da Justiça, diz Eduardo Bolsonaro, enquanto seu pai presta depoimento

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Se algo acontecer a Torres, a responsabilidade recairá sobre a Justiça", disse, em tom de ameaça, Eduardo Bolsonaro

Foto: Marcos Corrêa/PR

No mesmo dia em que Jair Bolsonaro presta depoimento à Polícia Federal sobre os atos golpistas, o filho Eduardo Bolsonaro voltou a alimentar a defesa de “inocência” e de que estaria sendo alvo de uma injustiça o ex-ministro Anderson Torres, preso há 3 meses acusado de envolvimento nos atos.

Em tom de ameaça e colocando Torres na posição de vítima da Justiça, com a piora do quadro de saúde psicológica do ex-ministro, o deputado federal disse que “se algo acontecer a Torres, a responsabilidade recairá sobre a Justiça”.

A fala foi feita em vídeo disseminado nas redes sociais nesta quarta-feira, no mesmo momento que Jair Bolsonaro prestava depoimento à Polícia Federal e também se declarava inocente no caso.

“Se algo de pior acontecer com o delegado federal Anderson Torres, essa conta certamente vai estar junto à Justiça. Porque a própria PGR pediu a conversão [da prisão] e cautelares. É bizarro do ponto de vista jurídico. Espero que nada de pior venha a acontecer com Anderson Torres”, disse Eduardo Bolsonaro.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. Esses boçalnaristas compulsivos, são de uma hipocrisia cavalar. Pode ser que o insensíveel Anderson Torres, esteja realmente deprimido por ter que uma hora entregar seu amo, mas todo cuidado é pouco com essa malta inescrupulosa. A inocência deles é tão verdeira, como o desejo de paz mundial do Hitler.

  2. A ideia básica desses vagabundos é a seguinte: eles tem o poder ou a prerrogativa de criar a realidade e ditar de que maneira ela será percebida; a realidade que foi por eles criada os inocenta de qualquer crime eventualmente cometido; o Judiciário tem obrigação de homologar a versão dos fatos que eles enunciaram e garantir a impunidade deles; qualquer decisão diferente é injusta e uma prova de que o Brasil vive sob uma ditadura asquerosa.

    Isso obviamente não pode ser considerado fruto de um movimento político legítimo. Na verdade, trata-se de uma artimanha militar utilizada para romper o cerco e salvar as tropas bolsonaristas de uma derrota que só pode resultar na prisão dos criminosos (ou eventualmente na morte daqueles que reagirem aos mandados de prisão usando violência). O comportamento de Bolsonaro lembra o de Aníbal durante a II Guerra Púnica.

    Cercado pelas tropas romanas comandadas por Fábio Máximo num desfiladeiro em que poderia ser esmagado, o comandante cartaginês se preparou para a Batalha do Campo e Falerno (217 a.C) da seguinte maneira: primeiro Aníbal mandou um pequeno contingente de seus soldados amarrar tochas improvisadas de galhos secos nos chifres de milhares de bois; a noite, quando esse destacamento partiu para o ataque, os soldados cartagineses acenderam as tochas e a manada de bois saiu em disparada em direção ao acampamento romano; a imagem que os romanos viram à distância (milhares de tochas acesas descendo em direção ao acampamento) causou uma onda confusão e de terror; surpreendido, Fábio Máximo foi levado a acreditar que a batalha noturna seria muito maior do que aquela que realmente ocorreria; enquanto os romanos foram reunidos para combater o que parecia ser um imenso ataque frontal, Aníbal rompeu o cerco com o grosso do seu exército abandonando a posição desvantajosa em que se encontrava.

    Bolsonaro quer ficar impune utilizando uma artimanha semelhante. Ele tenta criar um cenário em que a Justiça será vista como criminosa possibilitando a reorganização das tropas bolsonaristas para o ataque final e a derrota da democracia. O capitão amalucado e os generais vagabundos que ele tem na algibeira estão tentando infundir medo na Polícia Federal, no MPF e no STF. Não creio que essa ilusão obterá êxito. Dessa vez a extrema direita vai ser amordaçada e enjaulada. Não há espaço para negociação, nem nenhuma possibilidade de perdão ou anistia. Cada qual terá que pagar pelo que fez.

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