Barroso diz o que pensa usando uma tática “zen”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Enviado por Tamára Baranov

Do R7

Barroso neutraliza Joaquim Barbosa com estilo “zen”

José Roberto Barroso, o ministro “novato”, como se brinca nos bastidores do STF, encontrou uma fórmula para conter a ira e o discurso agressivo do colega Joaquim Barbosa. Às intervenções duras e provocativas do presidente do Tribunal, Barroso repete, como um mantra: “respeito a opinião de Vossa Excelência, senhor presidente!” – e segue declarando o próprio voto, sem se alterar.

A estratégia é diferente da dos colegas, que frequentemente entram em desgastantes bate-bocas com Barbosa, em confrontos que costumam culminar com troca de ofensas públicas. Foi assim em diversos embates com Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Lewandowski e Toffoli – este último, chamado de “hipócrita” por Barbosa, nesta quarta.

Barroso, no entanto, não deixa de dizer o que realmente pensa, embora sem se alterar ou partir para o xingamento: “O esforço para depreciar quem pensa diferente é um déficit civilizatório” – declarou, em discussão acalorada com Barbosa, que momentos antes havia interrompido seu voto para acusá-lo de colaborar com a “leniência” que permite que crimes de corrupção fiquem impunes.

O “novato” ainda continuou, em tom quase professoral: “discutir o argumento e não a pessoa – é assim que se age civilizadamente!”. Barbosa reagiu com indignação, acusando Barroso de proferir “um voto político”: “O voto de Vossa Excelência rebate o acórdão! Isso é manipulação!” Ainda assim, Barroso não se descontrolou.

O ministro atendeu ao pedido dos jornalistas de televisão e ao término da sessão deu longa entrevista gravada, na qual sistematicamente se esquivou de perguntas sobre os embates com Barbosa. “Ao contrário de outros países, na nossa corte suprema os debates são públicos – o que mostra transparência absoluta”.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Barroso colocou os

    Barroso colocou os justiceiros numa encruzilhada e jogou Azeredo numa fogueira. Depois destes ataques das divas da justiça e impetos moralizadores vai ficar dificil mandar o julgamento dele para primeira instância. Barroso simplesmente obrigou a côrte a se expor e julgar Azeredo com a mesma agressividade que julgou Dirceu. Isso sim que é sutileza.

  2. Chamar Barbosa de jurista é o cúmulo do absurdo

    E chamar o truculento Barbosa de jurista não seria também um absurdo?

    Sua postura está mais próxima daquela dos chefes de quadrilhas quando decide a vida ou morte dos criminosos rivais, que se vê em filmes trash sobre traficantes ou ou da máfia.

    Uma pessoas desequilibrada e truculenta integrando uma corte constitucional é um absurdo tão grande como um Maluf na Câmara, um Renan Calheiros na presidência do Senado, um Merval na ABL, um Demóstenes no MP, padres e bispos pedófilos na igreja católica, charlatães como bispos de igrejas caça-níqueis,  jornalistas venais na imprensa… a lista seria muito longa, o que prova que ainda falta muito para atingirmos a plena democracia.

  3. Essa turma da falácia deve

    Essa turma da falácia deve gostar muito do Olavo de Carvalho. JB incluso. Parece que seguem receitinha de bolo.

    “”Discutir o argumento e não a pessoa – é assim que se age civilizadamente!”. Barbosa reagiu com indignação, acusando Barroso de proferir “um voto político””

    Curiosamente, em discussão que travei há algum tempo com um colega de faculdade (de Direito), após desmontar seus argumentos (pseudo-) “técnicos”, ele fez o mesmo roteiro: partiu para a dialética erística (usando não apenas o ad hominem; ele tinha um pouco mais de sofisticação que o JB) e, após eu ter desmascarado as primeiras falácias, apelou para esse mesmo estratagema: acusou-me de usar um argumento “político”, como se o dele não fosse, ou se isso fosse algo sujo, ou mesmo um crime. A argumentação jurídica contemporânea é altamente política, uma vez que principiológica, sobretudo em matéria de direitos e garantias fundamentais.

     

  4. ‘fora da curva’

    Olhando o cartoons de hoje, pós-aula do Barroso, notei que a frequente e admirável visão crítica dos cartunistas perdeu-se, em ‘bando’, focados na ‘pizza’!

    Parece até que mataram essa aula.

  5. Não sei se é zen e

    Não sei se é zen e premeditado. Pode ser. Mas pode ser tambem outra coisa – sentimento de superioridade, de que o outro (Barbosa, no caso) estava por baixo no plano dos argumentos. Barroso, de certo modo, teve uma atitude ‘professoral’ e até um ar de ‘nobreza que não se mistura’ quando aludiu ao deficit civilizatório. Funcionou, por que o JB e seus amigos são autenticos arranca-tocos. Levar a sério Barbosa, Gilmar, Fux, do ponto de vista intelectual, é quase um insulto à civilização. Esses caras são toscos mesmo. Dá pra perceber no jeito como escrevem. Fora o tom esotérico e auto-defensivo, o resto é batatinha, abobrinha, a quitanda toda. E pronunciada em mau português, muito ruim. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador