Janio de Freitas: O Brasil de 2014 não justifica o ajuste de Dilma em 2015

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Janio de Freitas

Desajuste

Folha

A realidade econômica e social vivida pelo Brasil em 2014 começou a ser mostrada no final da semana pelo IBGE, que tem as estatísticas menos desconfiáveis. São dados, incluído o cabalístico PIB, que não atestam a escandalosa crise econômica na qual o nosso dia a dia mental e físico está atolado há mais de quatro meses.

O Brasil, a partir do próprio governo e com os alto-falantes de sempre, diz-se, e diz ao mundo, que 2014 o deixou em estado de coma. Não é verdade. O Brasil não é, como está apresentado, a Grécia, não é a Espanha, não é Portugal, nem se assemelha a esses ou qualquer outro posto em desgraça pela crise ocidental criada por corrupção e golpes da rede bancária dos Estados Unidos.

Os economistas alimentados pelo “mercado” e a classe que busca fáceis lucros financeiros ou políticos podem dizer, como lhes convém, que o Brasil está em estagnação. Os governistas e seus aliados menos ou mais falsos podem dizer que o Brasil está em situação estável. O que importa nas duas qualificações é ambas significarem que, se o país não evoluiu em muitos sentidos, também não sucumbiu nem, guardadas as proporções, resistiu menos aos efeitos da crise americana do que as potentes Alemanha, França e Itália.

Como se explica a espetaculosa catástrofe de que se fala em todas as horas por todos os meios? Na campanha da eleição presidencial, Aécio Neves e Marina Silva referiam-se a inflação alta e a desempenho pífio da indústria, atribuído ao governo. Não era de crise que falavam. Mal se decidira a eleição, e sem qualquer motivo perceptível, Dilma de repente atira a notícia de que seu ministro da Fazenda será o neoliberal Joaquim Levy, para fazer um tal “ajuste econômico”. Que ajuste? Por quê? E por que um adepto da política mais conservadora, que antes mesmo de assumir já justificava o “desempenho fiscal mais sólido” como “melhor para as ações”?

Com tamanho desajuste de ideias, Dilma decretou estar o país em crise. Mesmo que não estivesse, Dilma acabava de criar o veio a ser explorado pelo vício dos conservadores brasileiros, o de reverter sem eleições o resultado eleitoral.

É claro que nada senão o mau passo de Dilma pode explicar a criação do pessimismo e da crença generalizada nas manipulações de aspectos da economia. Não é a realidade de 2014 a responsável pela realidade de 2015.

O tal PIB cresceu 0,1%, que a rigor não é mais que um zero envergonhado, e a produção industrial recaiu 1,2%, o que não é novidade porque pífio não foi o desempenho no ano, é a indústria brasileira. No maior número de quesitos a economia esteve bem, ou não foi mal ou, ao menos, foi melhor do que a vizinhança. Mesmo pequenos indicadores o refletem: quando se lê a notícia de que “setor de biscoitos e massas fatura 11,5% mais em 2014”, os dispensáveis biscoitos mostram a que gastos o bom nível de consumo até se permitiu. Nada de crise.

A tão falada alta da inflação não pôde evitar o desprazer de vê-la fechar o ano abaixo do teto fixado de 6,5%. Resultado muito bom considerados o problemático e longo período eleitoral e outras circunstâncias. Só em janeiro e no curto e carnavalesco fevereiro deste ano, a inflação do ajuste de Levy/Dilma chegou a 2,48% no IPCA e 2,66% no INPC.

O desemprego estava reduzido a 4,3% em dezembro, e a remuneração do trabalho, com altas no ano que chegaram a 4% (outubro), em dezembro ainda conseguia aumento de 1,7%. O desemprego em fevereiro de 2015 chegou a 5,9%, e cresce em março. A remuneração do trabalho teve resultado negativo de 0,5%.

Desde 1888, com o fim da escravidão, o emprego remunerado é o direito primordial dos que lutam pela vida. E o primeiro atingido quando predomina a política em favor dos que têm a vida a lutar por eles. É o que retorna com o ajuste de Levy e Dilma.

Mas Dilma traz ao menos uma novidade, em comparação com outros praticantes do neoliberalismo e com os submetidos ao FMI: Dilma pressiona contra uma emenda parlamentar que dê aos aposentados a correção que uma medida provisória concede ao salário mínimo. Desse modo, tão original, os aposentados passam a pagar, com a correção que deixam de receber, o salário mínimo dos outros.

O ajuste é um grande desajuste.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

27 Comentários

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  1. É inadmissível o ajuste no

    É inadmissível o ajuste no lombo do trabalhador e do aposentado.

    Há muitos mega sonegadores e há muita gordura no meio abonado, muita folga, muita benesse, muita falta de vergonha para que o trabalhador tenha que arcar com parte da conta.

    É muita cara de pau falar em sacrifício com o trabalhador, ele já é sacrificado por natureza, num país ainda quase escravocrata.

    A Dilma vai perder o apoio da classe trabalhadora se ela não mudar o foco e dizer ao Levy que, assim como na Petrobras, no bolso do trabalhador ninguém pode tascar.

     

     

     

    1. Concordância

      Vai perder não! Já perdeu! Ela, como os demais ex-presidentes irá se aposentar e se dedicar a dar palestras. Nós é que vamos pagar por  todos os seus erros nos próximos anos.

    2. Concordância

      Vai perder não! Já perdeu! Ela, como os demais ex-presidentes irá se aposentar e se dedicar a dar palestras. Nós é que vamos pagar por  todos os seus erros nos próximos anos.

  2. CONTEÚDO GLOBONEWS

    Desta maneira o Janio vai esvaziar o conteúdo da Globonews.

    Eu sempre faço uma aposta com amigos, peço para sintonizá-la, se eles não estiverem falando mal do governo, apresentando gráficos negativos e sobre a Petrobras, eu ganho uma cerveja.

    Estou quase virando um ébrio.

  3. Artigo de Gaspari sobre a investigação no CARF
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/213943-acabou-se-a-festa-do-carf.shtml

    ELIO GASPARI

    Acabou-se a festa do Carf

    A Polícia Federal pegou a quadrilha que resolvia litígios tributários do andar de cima na burocracia da Fazenda

    Junto com a blitz da Polícia Federal em cima da quadrilha que operava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, vem uma boa notícia: ao contrário do que sucedeu na Lava Jato, na qual a Petrobras e as empreiteiras relutavam em colaborar com a investigação, desta vez há centenas de auditores da Receita querendo contar o que sabem, o que provam e o que denunciam há anos.

    Através dos tempos e com outros nomes, o Carf é uma espécie de instância especial para grandes vítimas da Receita. Um lambari apanhado na malha fina acha melhor pagar do que discutir. Uma grande empresa recorre e acaba no Carf. Lá, seu recurso é julgado por turmas presididas por servidores da Fazenda e compostas por três outros servidores, mais três representantes do sindicalismo patronal. Nenhum outro país digno de menção tem um sistema semelhante.

    No Carf tramitam 105 mil processos com R$ 520 bilhões em autuações contestadas. A porca torce o rabo quando auditores viram consultores e ligam-se a escritórios de advocacia que militam junto ao Conselho. A PF já achou 70 processos com desfechos suspeitos. Nove extinguiram cobranças que iam a R$ 6 bilhões. Se procurarem direito acharão cinco cobranças que valiam R$ 10 bilhões e viraram pó. Na casa de um conselheiro acharam R$ 800 mil em dinheiro vivo. (Há alguns anos, na casa de um auditor da Receita, acharam uma máquina de contar dinheiro.)

    O Carf tem uma caixa preta. É impossível obter dele algumas estatísticas simples: quantos recursos são apreciados? Quantos são acolhidos e quantos são rejeitados? Quantos são os recursos aceitos nas faixas de até R$ 10 milhões, R$ 100 milhões e acima de R$ 1 bilhão? Diversas tentativas, até mesmo em pedidos de informações de parlamentares, bateram num muro de silêncio. Quais foram os cinco maiores recursos negados? E os concedidos? Tudo isso pode ser feito sem revelar o nome dos contribuintes. O Ministério da Fazenda informou que “se forem constatados vícios nas decisões” do Conselho “elas serão revistas nos termos da lei”. Seria possível o contrário?

    Os contubérnios vêm de longe. Durante o mandarinato do doutor Guido Mantega eles foram combatidos e gente séria estima que, se a taxa de malandragens era de 70%, hoje estaria em 30%. Ainda assim, a operação da PF poderá transformar a Lava Jato num trocado. O prejuízo da Viúva pode chegar a algo como R$ 19 bilhões. Enquanto as petrorroubalheiras envolviam obras, essas são exemplos de pura corrupção, com o dinheiro indo do sonegador para o larápio, e mais nada. Uma autuação de R$ 100 milhões era quitada por fora ao preço de R$ 10 milhões.

    Nesse tipo de malfeito não há partidos políticos nem doações de campanha, legais ou ilegais. Só há bolsos. Empresas de consultoria e escritórios de advocacia que julgavam ter descoberto o caminho das pedras precisam procurar bons defensores.

     

    1. O Gáspari !

      Nem estou acreditando no que acabei de ler, vindo do sr. Gaspari. Será que haveria uma luzinha, bem pequenininha, no fim do túnel? Ou a coisa anda tão escancarada que não dá mais p/ segurar : EXPLODE CORAÇÃO !!!!!

  4. Tema para Casa.

    A Presidenta deveria ler este artigo do Jânio e exigir que seus minstros lessem no fim de semana e fosse colocado como tema de uma reunião ministerial.

    A gigantesca crise criada pela Mídia, para incentivar as manifestações de ruas, foi incorporada pelo Governo e descobriram rapidamente o culpado. O de sempre! é o trabalhador !  e o Levvy, ex-empregado ( ex? – pode voltar ao emprego anterior a hora que desejar) ) de um dos maiores envolvidos na “Operação Zelotes” , o Bradesco, foi o indicado a apresentar a conta aos trabalhadores.

    E o senador Paim está sendo criticado por querer votar contra o Ajuste Fiscal  mesmo que, para manter a coerência de defender os aposentados e trabalhadores da ativa,  tenha que sair do PT.

    Insisto ! Os 19 Bilhões do Ajuste Fiscal que serão tungados dos trabalhadores:  Seguro desemprego; auxílio doença, corte de 50%  das pensões por morte no RGPS , coincidentemente é o valor estimado  pela ” Operação Zelotes” que foi “aliviado” das grandes corporações no CARF!

    A imensa maioria dos trabalhadores não chegou ainda a esta conclusão de que o Ajuste Fiscal do Levvy “Bradesco”  vai “ajustar” para menos a renda dos mais pobres. Quando tiver essa consciência as ruas não serão tomada pelos “coxinhas” instigados pela Globo, mas sim pelas massas e aí será tarde e teremos que arquivar o sonho da volta do Lula em 2018 e viver o pesadelo de um Aécio , Alckmin ou Cunha na presidência.

    O meu partido e a presidenta que ajudei a eleger perderam definitivamente orumo neste início de 2015, mas ainda é tempo de corrigir. O artigo do Jânio de Freitas pode ser o mote.

    1. Quando foi anunciado o ajuste

      Quando foi anunciado o ajuste no lombo dos aposentados eu critiquei, mas muitos comentaristas do blog apoiaram a medida, dizendo que ela só iria atingir as “viúvas alegres de vinte anos que se casam com os vovôs” e os “trabalhadores que mudam de emprego a toda hora só para receberem o seguro desemprego”. Parece que agora as pessoas estão abrindo os olhos quanto à perversidade desse ajuste. Antes tarde do que nunca.

    2. O tal ajuste veio antes de

      O tal ajuste veio antes de qualquer embrião de “manifestação “. Como bem diz o Jânio, o governo apareceu com uma crise justificativa do ajuste  no lombo dos trabalhadores. E nós ficamos com a brocha na mão.

  5. Escárnio final.

    E quando todos os recursos forem negados em razão do clamor ,  e se as corporações tiverem realmente que pagar o que sonegaram ( se não sumirem processos como sumiu o da Globo)  vêm a bofetada final: um Refis especial será aprovado às pressas e o pagamento, com 50% de desconto, será feito em  360 meses , com direito à renegociação na calada da noite, em artigo contrabandeado em alguma MP, quando o assunto sair da mídia! E logo sairá da mídia porque envolve órgãos da mídia e seus principais anunciantes!

    O site “Sonegômetro” , mantido plelo Sindfisco, há muitos anos  denuncia que a sonegação gira em torno de R$ 400 bilhões/ano. Perto disso ” o maior roubo da história do Brasil”  segundo a Veja, o Caixa 2 dos partidos julgado na AP 470, o dito “Mensalão, ” equivale àquela moeda que o motorista de uma Ferrari atira ao malabarista na sinaleira ( para não gaúchos : farol ou sinal).

  6. Ajuste no lombo do trabalhador

    feito por um sujeito que ate ontem trabalhava num dos bancos mais envolvidos em sonegações fiscais como tem ficado demonstrado na operação zelotes e nas tramoias envolvendo paraísos fiscais mostradas antes. Cade a vergonha na cara do senhor Levy para dar uma palavrinha sobre o assunto?

  7. Sempre excelente,

    apenas um senão. Como membro do Conselho Editorial da “Folha”, Jânio deveria perguntar aos seus pares por que da insistência em criar um clima de catástrofe. Mas creio que ele sabe. E muito bem.

    Hoje, por exemplo, influenciado por ditos de FHC e sócios-econimistas do Príncipe do Pátio Higienópolis, o jornal, acreditando que Dilma está mesmo refém de Joaquim Levy, em letras garrafais, busca criar uma intriga que ponha mais lenha na fogueira da conjuntura de dúvida que massacra a economia do País.

    Coisa bem desonesta, hein, senhores Frias e Dávilas?

    1. parece um guia como nao

      Sou representante comercia de duas empresa de Santa Catarina,setor textil que ja suspenderamas vendas para esse semestre: Motivo: excesso de pedidos prpgramados e absoluta falta de mão de obra.o cartel midiatico suicida ,que nao faz jornalismo e sim chutologia, analisam dados/numeros de delegacias para medir violencia e dados ultrapassados em mais de meses para sus profecias;O mal da dona Dilma,diferente do Lula,é o fato de sr “formada”,Ter essa piada chamada “curso superior”onde transformam Marolinhas em desastres isuperaveis.Ainda bem que temos um povo absolutamente “ignorante” cheios de sabedoria,que vivem seu dia dia cheios de trabalho,suor e alegria.Deixando os “escolarizados” trancados na cabine,procurando uma montanha para se espatifar ,porque o mundo acabou.Parabés ao Janio de Freitas,revestido de teflom que evita o contagio da ignorancia ululante e criminosa orquestrada pelo cartel midiatico alienado alienante idiota idiotizante.Os organismos de comunicaçao do salvelindo estão em processdo falimentar e nao sabem.Abraçaram a crise e vao morrer nadando de braçadas porque o peixe não vê a agua.Não querem saber quem encheu a piscina ou quem mudou a curva do rio mas insitemem nadar contra a correnteza,em vez de surfar aproveitando todas as ondas.

  8. Mais um artigo de qualidade

    Mais um artigo de qualidade do jornalista Jânio de Freitas, uma ave rara entre os profissionais da mídia golpista. Jânio mostra aquilo que todo brasileiro mais consciente percebeu: por que esses ajustes pra cima dos trabalhadores, se a economia em 2014 não estava tão mal assim? E se a própria candidata Dilma prometera não mexer nos direitos dos trabalhadores? Por que ela não criou outras formas de economia sem mexer nos interesses dos de baixo? Poderia ter taxado as grandes fortunas, ou apertado o cerco contra sonegadores, ou mesmo reduzido os juros da dívida pública. Toda a economia que será feita no lombo dos trabalhadores vai diretamente para o bolso de especuladores financeiros. Ora, não foi para isso que reelegemos a presidenta Dilma. Ela precisa ouvir mais aqueles que a elegeram ao invés de seguir cartilhas neoliberais que no mundo inteiro provocaram desemprego, miséria e fome.

  9. Me lembra aquele comercial da
    Me lembra aquele comercial da campanha presidencial de 2014, do prato sendo retirado da mesa do trabalhador.
    Cara de pau e terrorismo para se manter no poder.

    1. Dilma já  até paga o aumento

      Dilma já  até paga o aumento do salário do trabalho tal qual prometeu. Agora, de quem não trabalha, dsempregado e aposentado, a história é outra

  10. Mão no bolso

    Principalmente porque 85% do ajuste fiscal será sentido no bolso do povo trabalhador. O governo deveria ser mais sensível a situação econômica que estamos vivendo. Ah! Eu me esqueci que a Dilma não vai a feira e nem ao supermercado.

  11. Mão no bolso

    Principalmente porque 85% do ajuste fiscal será sentido no bolso do povo trabalhador. O governo deveria ser mais sensível a situação econômica que estamos vivendo. Ah! Eu me esqueci que a Dilma não vai a feira e nem ao supermercado.

  12. Perfeito

    Indiscutível, irretorquível, insofismável. Sempre digo e repito: se, em 2008/2009, a Presidente fosse Dila e não Lula,o Brasil teria virado uma Grécia. Se não tomarmos cuidado, Levy, que começou a tentar, vencerá… 

  13. DO MAIS FRACO AO MAIS FORTE – COMO SEMPRE

    Tira-se do bolso dos mais fracos e direciona-se para o setor financeiro, o mais forte, via aumento da taxa SELIC e outras benesses fiscais. Até onde vai Dilma! 

  14. É o resultado de uma política
    É o resultado de uma política assistencialista e demagoga somada à corrupção gigantesca e ineficiência do estado. A conta chegou e o governo vai colocar nas nossas costas, se não fizer nada ou colocar na dos empresários os investimentos caem ainda mais e viveremos o conto de fadas econômico da venezuela, se cortar gastos assistencialistas comete suicídio.
    Existe almoço de graça, é só colocar na conta de quem trabalha.

  15. Ninguém sabe do futuro, eis a grande desgraça

    Não é simplesmente como diz Jânio de Freitas. Há quem esteja a ver postos de trabalho sendo fechados, com a correspondente busca pelo saque do FGTS na Caixa Econômica. Também temos os que veem os supermercados com a frequência bem menor do que outrora. A situação não é a mesma de 2014. As pessoas temiam pelo que viria no pós-Copa. Havia uma generalizada intuição anticopa, diga-se de passagem. “Uma hora a conta terá que ser paga”, muitos e muitos diziam.

    Coisa simples de entender. As pessoas estão sendo postas no olho da rua, da porta do trabalho para fora, e quem ainda mantém seu posto teme pela manutenção do mesmo, logo, evita gastar com aquilo que não for estritamente necessário para sua subsistência. Não é nenhuma notícia de outro planeta: as empreiteiras implicadas na Lava Jato estão demitindo. E elas são as maiores do país. Simples assim.

    Os dados do comércio andaram enfraquecidos. A inclusão pelo consumo carece do crescimento infinito, coisa que nenhum economista logrou êxito em alcançar. Se mais investimento houvesse sido feito, há uns 20 anos, em educação, talvez hoje a sociedade brasileira não andasse tão desconfiada e até mesmo raivosa em relação à classe política.

    O Brasil que se cuide. Ninguém sabe o que virá no dia de amanhã. Um Hitler tupiniquim ou, na melhor das hipóteses, um grande aventureiro (a la Collor de Mello), não anda descartado. Vide o meu conterrâneo cearense que foi chamado de “o homem que matou o facínora”, na semana passada.

    O “facínora” continua bem vivo, talvez forte como nunca dantes na história de sua vida política. Seu partido, o PMDB, mais ainda. O meu conterrâneo, melhor dizendo, o clã Ferreira Gomes, do qual Ciro é o chefe, continua vivo pela política. Só quem vai se tornando raquítico é o PT, apto, daqui a pouco, a ladear o já emagrecido PSDB.

    Só deus sabe o que sairá dessa dieta hoje posta em nossa mesa política.

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