Juristas defendem fala de Lula que compara guerra de Israel em Gaza ao nazismo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Proner e Uchôa afirmam que fala de Lula é correta e está em sintonia com o direito internacional

Lula, Carol Proner e Marcelo Uchôa
Fotos: Divulgação

A declaração do presidente Lula comparando a guerra de Israel em Gaza ao que os nazistas fizeram com os judeus foi defendida por dois juristas especialistas em direito internacional e direitos humanos.

Carol Proner, doutora em Direito Internacional, afirmou que “o que ocorre em Gaza, de fato, não tem paralelo desde a 2ª Guerra Mundial”. Já Marcelo Uchôa, especialista em direito internacional público e direitos humanos, disse que a fala de Lula não só converge com as leis internacionais como espelha princípios civilizatórios previstos na constituição brasileira.

Proner e Uchôa se manifestaram após a oposição ao governo Lula manifestar decidir recolher assinaturas para apresentar um pedido de impeachment pela suposta afronta a Israel.

A declaração de Lula gerou reações de Israel – que declarou o presidente como persona non grata – e tem sido tratada na grande mídia como o estopim de uma crise diplomática. O primeiro-ministro israelense Netanyahu afirmou que o presidente brasileiro banalizou o holocausto e desonrou a memória de 6 milhões de judeus vítimas do regime nazista, além de ter ignorado que Israel luta contra o Hamas em “legítima defesa”.

“Mais de 28 mil mortes em Gaza dão direito a Lula – e mesmo o dever – de se pronunciar contra a barbárie, declarou Proner. “Os ofendidos com a fala de Lula contra Gaza seguem assumindo como legítima defesa a eliminação indistinta por bombas, soterramento, asfixia indiscriminada em túneis com o uso de água e gás, morte por falta de comida e de água, e todos os cruéis tipos de ataques contra civis”, acrescentou.

A guerra de Israel contra o Hamas já deixou quase 29 mil palestinos mortos em Gaza desde os ataques que começaram em outubro de 2023.

“Lula acertou em cheio”

Para Marcelo Uchôa, professor de direito internacional público e teoria dos direitos humanos, “Lula acertou em cheio: genocídio é genocídio.”

Conselheiro da Comissão de Anistia, Uchôa endossou a crítica de Carol Proner e disse que Lula tem o dever, “como grande estadista e humanista que é”, de “condenar veementemente a matança indiscriminada ora posta em curso pelo governo sionista de Netanyahu contra o povo palestino, algo que evidentemente encontra paralelo no mesmo ânimo de extinção étnica que aconteceu contra os judeus durante o Holocausto.”

Para Uchôa, ao contrário do que dizem os opositores que querem seu impeachment, Lula está cumprimento o direito internacional e a Constituição, que enumera os princípios que regem as relações internacionais: prevalência dos direitos humanos, defesa da paz e solução pacífica dos conflitos.

Ao final, ele parabenizou Lula “pela coragem de chamar de genocídio um genocídio” e por “buscar o pronto restabelecimento da paz na região”. “Que agora o Sul Global se levante firmemente contra este escândalo humanitário exibido ao vivo, 24h, pelas telas de TV.”

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. É notório o tabu “proibitório” criado e mantido contra se criticar qualquer coisa que se relacione a coisas judaicas, sob risco de ecoar já surrados e barulhentos chavões como “direito de defesa, antisemitismo (árabes também são semitas!), etc. Ninguém será “anti-brasileiro” por criticar o braZil de Jair ou Temer, anti-americano pela crítica aos EUA de Trump e Bush Kid ou igualmente, dos países de Boris Johnson, Macron, Putin, Netanyahu, Begin do Irgun, Erdogan, etc.). Ora, sabemos todos sobre o que foi o holocausto nazista, os pogroms, etc. Mas isto não pode se transformar num salvo-conduto para cometer barbaridades, ainda que menores (Deir, King David, Kakba), nem um “monopólio” (Albânia, Bangladesh, Congo, China, Ucrânia, Camboja, etc, sem falar nos mais antigos,de Roma e Gengis Khan até “bíblicos” como Jericó…). A proporcionalidade do massacre corrente em Gaza equivaleria a matar mais que todos os alemães para vingar o holocausto nazista (6 milhões para ~110 milhões ou ~1500 para ~28.000). Esta marotagem precisa parar, sob pena de prejudicar a própria e legítima defesa do povo judeu (que como outros, talvez pudesse parar de se pensar um povo à parte de 0,2% do resto da humanidade…).

  2. Desde que o presidente Lula não se alinhou a política selvagem dos carniceiros nazionistas pode ser percebido um movimento de tentativa de desestabilizar o governo popular através das prostitutas da mídia golpista.
    A fala do presidente,nesse sentido,tem o endereço certo de defender nossa democracia e de expor a protituição,o golpismo e seus atores.
    Pelo nervovismo apresentado pelos donos do bordel,o presidente acerou a veinha dos bagos.
    Otários.

  3. COMPARAR NÃO É IGUALAR!
    Lula na verdade deixou claro (nas palavras dele) que condena como (mais) grave o holocausto, assim como condena o genocídio em Gaza (uma comparação mais parelha, como queiram, seria com o gueto de Varsóvia).
    A (marota) “intocabilidade” dos assuntos relacionados ao sionismo, ao estado de Israel* e seu governo ou a qualquer crime ou desvio cometido por um israelense ou algum dito judeu (e não aos judeus em geral), já se tornou um recurso recorrente, cada vez mais percebido.

    * (que de acordo com suas próprias escrituras “vive em pecado” na terra “prometida” só para após seu “messias).

  4. Estão fora de si, quem fala, e quem defende este discurso do presidente. E além da fala desastrosa, ainda envia dinheiro público brasileiro para grupo da ONU que ajuda e está repleto de funcionários que são terroristas, pois, mesmo que não tenham pego em armas para matar, no ataque a Israel em outubro/23, mas apoiam os ataques, são também terroristas. E se não poderia piorar, com esta fala, tira o Brasil de sua geopolítica histórica de neutralidade de conflitos. A maioria dos países que criticam Israel, são ditaduras que matam seus opositores internos (O Putim já tem o Prigozhin e o Navalny praticamente neste mesmo período de tempo), China, Irã, Siria (qual árabe é democracia?), Venezuela…enfim… é lamentável ver minha nação se alinhando em pensamento com este tipo de países. Uma coisa é negociar com eles, compra, venda, etc, outra coisa é ter uma mesma visão. Lamentável. Irresponsável. Lamentável. Desastroso. E faltam adjetivos.

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