O Brasil precisa de tantos partidos políticos?

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por alexis

O mundo atual admite duas teses principais: A opção liberal (hoje neoliberal) com estado mínimo e capitalismo selvagem e global; ou a opção nacional, com estado ativo e indutor da economia. A opção nacional pode ser bem á esquerda e progressista, ou nacionalista de direita. A denominação de “esquerda” me parece que vem da França do século 19, com a bancada progressista no lado esquerdo. A esquerda internacional trazia o legado de Marx junto com ela, o exemplo da União Soviética como o líder global, etc., isso gerou uma idéia de esquerda internacional (internacional socialista), da qual muitos partidos ditos progressistas faziam parte. A queda do muro de Berlim deixou muitos comunistas (esquerdistas internacionais) meio perdidos (tipo Roberto Freire)

A linha da China apontou mais para o Comunismo, num marxismo mais camponês. Houveram então partidos de esquerda com linha “maoísta”. A revolução cubana, depois de curtos anos de flerte com a união soviética, trouxe uma esquerda socialista com o mapa da América Latina na sua frente. A união de esquerdas na América atual segue algo nesse sentido, com sentimento nacionalista trazido por Simon Bolívar dois séculos atrás.

Do ponto de vista local, o trabalhismo do Getúlio trouxe outra perspectiva, com base numa equação do tipo: CAPITAL + TRABALHO = RIQUEZA. Naturalmente, a turma da esquerda local (nacional) optou pelo “trabalhismo”, tornando o atual PDT (e antes, durante um tempo, o PTB) uma expressão de esquerda nacional. Num exercício parecido, sindicatos de trabalhadores propiciam a fundação do PT, que, além de juntar diversas expressões de esquerda, apresentam-se como uma alternativa de esquerda tupiniquim, de raiz nacional (brasileira mesmo) com base na força laboral do seu povo.

Obviamente, na equação anterior, a direita defende então o capital e o capitalismo. A direita internacional apóia a dominação monetária do mundo e, a direita local, que existe apenas dentro de cada país, com base nas agrupações empresariais e patronais, do agronegócio e/ou da indústria.

Face ao tremendo poder de Washington para destruir as tentativas nacionalistas no poder, nasce assim a “esquerda possível” que vivemos hoje e que precisa de mais coisas do que um mero discurso para se sustentar. Precisa mesmo de consciência popular e apoio efetivo ao governo, para que ele possa agir como uma esquerda real, sem tanto medo do poder econômico global e da mídia, que cria e destrói governos com muitíssima facilidade, muitas vezes por causa da nossa ingenuidade.

Dentro dessa esquerda possível que hoje vivemos, desde o governo Lula, algumas tendências progressistas tem se somado, outras, por dor de cotovelo, ingenuidade ou apenas por confusão ideológica, tornam-se esquerdas raivosas, aquelas que “a direita gosta”, e que não resistiriam longos tempos no poder.

Ao se olhar o panorama político em forma vertical (digamos assim) pode-se ver que gente dita de direita, inclusive, apóia o Governo em questões de estratégia nacional. Por outro lado, pessoas ditas de esquerda, olhando apenas no sentido horizontal (esquerda e direita), em certos momentos torcem contra a nação Brasileira, ao adotar discursos globalizantes ditos progressistas. A rigor, na época mais forte da guerra fria, até o comunismo e o capitalismo tinham algo em comum: a união global seja esta pelo capital ou pelos trabalhadores.

Brasil desenha hoje duas grandes tendências: o PT, que representa e aglutina os grupos progressistas e de interesse nacional (PCdoB e outros) e os anti-PT, que querem acabar apenas com o PT, mas sem alternativa clara aparente de poder. Detrás do anti-petismo temos três grupos relativamente independentes: a) O neoliberalismo, baseado nos EUA e representado politicamente pelo PSDB, assim como pelos diversos grupos de poder, privados e públicos, sem voto; b) As esquerdas ingênuas e manipuladas pelos primeiros, alimentadas pela inveja de políticos medíocres que queriam ter sido o Lula; e c) a direita nacional (ex-PFL e hoje DEMOS, além de novas subdivisões), que é a antiga turma conservadora, apenas brasileira, que quer manter privilégios coloniais dentro do Brasil e o atraso social, mas sem o Green Card, que é patrimônio dos tucanos.

São então quatro forças políticas onde poderíamos resumir dentro de um país em desenvolvimento:

  • A esquerda nacional (PT e aliados);
  • A direita nacional (DEMOS, PSD, evangélicos, e outros). Grupos de direita nacional parecem hoje apoiar ao PSB (é o caso dos Jereissati);
  • Neoliberais (PSDB) e outros puxa sacos do “patrocínio” internacional, incluindo aqui os Verdes, cujo patrocínio é mais europeu que dos EUA.
  • Esquerda de minorias e reivindicações, manipuladas de dentro ou de fora, normalmente com inveja do PT.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

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  1. Desvio de função

    Um partido político existe para defender um tipo de comando, ou seja, disputa o poder.

    Sê ele não disputa o poder e passa, através de seus donos, a vender legendas e tempo de tv, não cumpre sua função e deve ser extinto por direito.

    Sem mais e sem menos.

  2. Eu Vejo o quadro político

    Eu Vejo o quadro político bastante difernete do delineado acima. A tradição política brasileira vem do Império, se consolida nacionalmente com o Pacto dos Governadores formulado por Campos Salles(já na República)se moderninza no período Vargas, sofre um período de interrupção durante a ditadura e retoma com a redemocratização.

    No Império surge o verdadeiro pensamento conservador brasileiro, que, infelizmente, não existe mais. Esse pensamento formado pelos políticos do Império, como o visconde do Uruguai, o Marquês de Paraná, o visconde do Rio Branco, seu filho, o barão, poderia ser a base para a formulação de um pensamento conservador consistente e responsável. Nos meios militares parece ainda persistir – entre militares pragmáticos, sérios e que não perdem seu tempo com tolices ideológicas – esse pensamento. Mais recentemente, Geisel e Golbery demonstravam isso. Esse é um pensamento tecnocrático de homens de Estado, pragmático, realista e geopolítico, formado no meio burocrático brasileiro antes de sua guinada para o fisiologismo.

    No período republicano, a Política dos Governadores estabeleceu o predomínio do Executivo sobre o Legislativo, criando as bases da política clientelista que marca a atuação de partidos fisiológicos, oficializados no PDS criado por Vargas(o partido da alta burocracia)e que hoje tem no PMDB seu melhor exemplo. Esse processo foi aprofundado pelo Pacto de Ouro Fino, a aliança entre SP(poder econômico)e MG(poder eleitoral). Daí surge a tradição mineira de políticos profissionais.

    Após a Revolução de 30, a oligarquia primário-exportadora removida do poder se organiza em torno de suas teses políticas(de cunho liberal, a defesa da “vocação agrícola” do país e, desde 1932, o golpismo como método de atuação polítca). Essa é a origem da UDN, da ARENA, do PFL, PSDB e afins.

    O trabalhismo surge com o movimento operário na década de 10 do século XX, marcado pela influência do anarquismo. Em 1922 surge o PC, que, apesar de constante, estava sujeito aos caprichos dos governantes e ao nível de autoritarismo(Dutra, que muitos entendem como democrata, foi um dos presidnetes mais autoritários e repressores da história). Vargas tenta organizar o trabalhismo no PTB, sob a tutela do Estado(o sindicalismo de pelego, com o imposto sindical único, a CLT e outros insturmentos de sujeição do trabalhismo ao Ministério do Trabalho). Com a redemocratização, o trabalhismo ressurge reformulado no PT(Brizola manteve ainda o norte do trabalhismo tradicional no PDT, mas isso parece ter acabado com sua morte). No meu entender, o trabalhismo petista é social-democrata, oriundo, se não me engano, das teses da II Internacional.

    Com a redemocratização e a satisfação de necessidades econômicas mais básicas, novas reivindicações começam a surgir no quadro político-partidário brasileiro, como o ambientalismo e o movimento de minorias(como o LGBT). Parece que nenhum partido conseguiu, a contento, assimilar essas reivindicações em seu discurso político, como podemos perceber das críticas fundadas nos posts do Gunter.

    Por fim, uma anomalia que assombra a Democracia brasileira desde seu início(Democracia, aqui, entendida em seu sentido de direito à representatividade, presente na política brasileira, mesmo que com grandes restrições, desde os tempos coloniais)é a existência de um PODER MODERADOR, instituição autoritária e personalíssima, manifestação institucional da cordialidade brasileira(nos termos formulados por Sérgio Buarque de Hollanda), que se manifesta na intromissão nos assuntos políticos por uma força externa, anti-democrática, cujos antecendentes podem ser encontrados na figura do “ditador” romano, supostamente responsável pela manutenção da ordem em momentos de instabilidade institucional. Esse instituto, embora abolido com a Proclamação da República, persiste na vida política brasileira, seja nos interregnos autoritários(o Estado Novo, o Regime Militar), seja nos vícios políticos(o voto de cabestro, as repetidas intervenções do TSE no processo eleitoral), seja na intervenção na vida política, historicamente por militares, o golpismo UDNista e, mais recentemente, o ativismo supremo do STF.

    1. Tenho que concordar

      Realmente Leonidas a sua opinião é bem adequada.

      Os fundos partidários e as estruturas de sustentação, fazem que, com maior quantidade de partidos, mais políticos profissionais conseguem a sua sustentação.

  3. desinventar a roda

    …   nao existe no planeta terra mais do q cinco possibilidade de agrupamentos politicos ou melhor, politiqueiros.

    sao eles: centro   direita   esquerda  centrodireita e  centroesquerda.

     

    no Brasiu (L) como se institucionalizou o valor  “levar vantangem em tudo”  assistimos ao despauterio criado por pessoas ditas de “bem” q na pratica so enxergam a si proprio e lutam freneticamente para perpetuar o status quo.

    pecisamos de LIDERES .. q redirecione o pais  para o crescimento   MORAL.  e  ETICO.

  4. Alexis podia ter feito um

    Alexis podia ter feito um texto mais sério, menos militante.

    Pelo seu texto a esquerda detém o monopólio da virtude, filtrando isso, e um bom texto.

    Sobre o nacionalismo do PT, não vejo muita convicção nacionalista, por exemplo não existe bandeira do Brasil, nem nas convenções , nem nas campanhas eleitorais, mais facil vc achar a bandeira de Cuba do que a brasileira.

    Outro ponto, o Foro de São Paulo determina as ações do PT, pelo menos da cupula petista.  O PT nunca condenou as FARCs, pelo contrário apoia o terrorismo na Colômbia.

    O PT quando tem que escolher entre o interesse da esquerda sulamericana e o interesse nacional sempre optou pelo tnteresse da esquerda sul americana.

     

     

    1. Ele é esquerdista, normal.

      Ele é esquerdista, normal. Direitistas empedernidos também demonizam a esquerda. O debate político não é nem nunca foi em lugar nenhum um debate honesto em torno de visões de mundo opostas, pautando-se unicamente na apresentação de argumentos embasados. Sempre é mais eficiente conseguir desqualificar o outro lado. Ingênuo pensar o contrário. Mas concordo contigo que o texto tem muito pouco de análise política e muito de proselitismo político-ideológico.

  5. > Brasil desenha hoje duas

    > Brasil desenha hoje duas grandes tendências: o PT, que representa e aglutina os grupos progressistas e de interesse nacional (PCdoB e outros) e os anti-PT (…)

    Disso não dá pra discordar. A grande sacada do Lula foi essa mesmo, praticamente reduzir o debate político nacional a entre quem está com o PT e quem está contra. Não se discutem mais teses diferentes, como apontou o Nassif num texto em que comentava um artigo bem pouco imaginativo do FHC. Hoje tudo se assemelha a um jogo de futebol, onde cada torcida afirma que seu time é melhor que o outro, que tem melhores batedores de falta, que o centrovante cabeceia melhor, que o goleiro pega mais pênaltis. Tudo funciona dentro de regrinhas bem estritas, se tentar fugir delas, é falta!

    1. O maniqueísmo político vem da

      O maniqueísmo político vem da direita, não do Lula, é a direita que sempre foge do debate programático, sua única bandeira consiste em demonizar o PT e polarizar o eleitorado em dois grupos: anti-petistas e “simpatizantes do PT”(este, comummente associado como “simpatizante” de mensaleiros, Sarney, corrupção e outros desses elementos pertencentes à pobreza de ideias que emnam da mídia corporativa, como Veja, Folha, Estadão, etc.)

      1. O maniqueísmo político nunca

        O maniqueísmo político nunca foi estranho à esquerda. Aliás, sempre fez parte do seu discurso. O que é a balela do nós que estamos com o povo contra eles que estão com as elites, se não uma forma troncha de maniqueísmo?

        1. Basta ler os jornais para ver

          Basta ler os jornais para ver quem prática o maniqueísmo. Sobre a opinião do povo, basta ver quem foram os escolhidos pelo povo nos últimos anos e comparar com a “opinião publicada” para perceber a discrepância.

  6. Caro Nassif e demais
    A

    Caro Nassif e demais

    A direita precisa de muitas máscaras. Por isso os muitos partidos empresariais. Assim eles conseguem se manter no poder ou chantagear, como é caso do PMDB.

    Quanto as ultra esquerdas, é questão de ego, tão ao gosto do que a direita usa para manipular. 

    Quanto mais partidos os grupos empresariais conseguem criar, ou ainda mudar a casca, como Arena, PFL etc etc, tanto mais eles conseguem enganar o povo na  eleição. 

    A Revolução Francesa, com a criação dos votos, fez com que os partidos empresariais, fizessem da mentira e da hipocrisia suas bandeiras de sobrevivência.

    Saudações

  7. piada

    “o PT, que representa e aglutina os grupos progressistas e de interesse nacional”

    KKKKKK!!!!!!!!!!

    Quando a piada é boa, só nos resta gargalhar.

    O povo maranhense é que é feliz. De um lado, o candidato da famiglia Sarney e, do mesmo lado progressista, o candidato do PC do B.

    É a força progressista-centripta que o PT exerce num campo vetorial.

    O Wanderley  Guilherme chamou isso de centro-baleia; e aqui nos deparamos com uma postagem do profeta Alexis, diretamente de dentro da barriga do cetáceo…

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