“Se Putin for um jogador esperto, não vai provocar uma guerra”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Enviado por Ilya Ehrenburg

Do Plano Brazil

Quem vai à guerra por um cadáver?

Estes dias últimos pareceram excessivamente agitados, e não foi pelo festival de nádegas femininas desnudas do carnaval brasileiro. Deu-se o assombro devido ao cruzar de unidades russas, e das imagens súbitas de soldados equipados, mas sem identificação alguma, vigiando aeroportos em regiões orientais da Ucrânia… Frisson! Uma guerra atiça a imaginação, principalmente quando longe, bem longe.

Besteira. Guerra é algo caro, custoso, é a típica empreitada humana onde a certeza só aparece no começo… Uma guerra não é uma aposta, se o jogador for competente. Ela só é aceitável se o butim for considerável, ou se dela não for possível fugir, seja por uma questão de honra, ou sobrevivência. Ora, nada disso está disposto na situação ucraniana, pois este país não vale o esforço, é um cadáver na forma de Estado.

A Ucrânia era na época soviética uma república rica, detentora de conhecimentos favorecidos na área de arquitetura naval, motores de combustão interna a diesel e gasolina, indústria aeroespacial, metalurgia, além de fartas terras cultiváveis e florestas. Desfeita a união, o que se observou da Ucrânia foi uma decadência paulatina. Mesmo possuindo uma base industrial e acadêmica, recursos naturais e solo cultivável, a nação tornou-se cada vez mais decadente. Enquanto a Rússia se recuperou da catástrofe econômica que se abateu com o fim da URSS, a Ucrânia jamais se refez da rapinagem sofrida. A afamada revolução laranja nada mais foi do que um golpe para colocar no poder oligarcas, portadores de uma retórica nacionalista, mas especialistas natos para acumular em proveito próprio… Fato é que a tragédia ucraniana mais parece com uma ópera sul-americana, do que com um conto russo.

Pois… A Ucrânia responde por apenas quinta parte da economia turca, e o seu comércio exterior possui como clientes maiores a Rússia e a China. Apesar dos anos, quase uma década passada desde a Revolução Laranja, a Europa Unida e tampouco os EUA, apresentaram-se como mercados viáveis para os produtos ucranianos… Ao contrário, as trocas comerciais da Ucrânia com os EUA são pífias, e somam menos de um bilhão por ano. A Rússia, sozinha, responde por mais do que dez bilhões de dólares/ano em trocas comerciais, além de ser um sustentáculo para projetos importantes da indústria aeroespacial ucraniana, caso da aeronave de transporte tático AN-70. Ademais, a Ucrânia depende da energia fornecida pela Rússia, e quebrada, pois necessita de ajuda financeira da ordem de 35 bilhões de dólares, só poderá recorrer a que estiver disposto a ajudá-la. A Europa Unida, e quanto a isso Berlusconi e Jojoy podem responder com precisão, pode ajudar com presteza… Em matéria de retórica. Seria interessante, também, ver um aporte desta natureza, de quem briga com o seu congresso nacional para poder aumentar o teto da dívida…

Portanto, se você é um jogador esperto, e Putin parece sê-lo, você não irá provocar uma guerra, apesar de se preparar para uma… Pois a Ucrânia agora é uma fruta podre, antes era uma nação com sérios problemas, hoje, um zumbi solto que baba e profere impropérios nazifascistas. A parte mais rica da Ucrânia fala russo, se identifica com a Rússia e não aceita ser governada por quem derruba monumentos comemorativos às vitórias do Exército Vermelho, honra e glória dos avós de muitos, para não dizer de todos; pessoas que não entendem e se sentem constrangidas em ver Kiev dominada por lunáticos que usam braçadeiras com símbolos das Waffen SS, ou mesmo suásticas… Putin não precisa enfrentar essa corja, que batida irá derramar a lágrima dos vitimados, seria um erro. Basta esperar, fazer que a Ucrânia, e a sua bagunça caia no colo de quem merece: UE e EUA.

Ora, ora… Tendo sido os instigadores do golpe político, e financiadores dos nazifascistas de Kiev, e vendo a pérola do Mar Negro, Sebastopol, permanecendo em mãos russas, bem como da Crimeia e da Península de Kerch, ou seja, tendo que arcar com a conta pesada, enquanto a Rússia permanece com o que lhe interessa, pode o “Ocidente” lançar a sua cartada habitual: a guerra. Todavia, a Rússia não é a galinha morta de sempre, a Ucrânia lhe faz fronteira, além de entender que um confronto com forças da OTAN, às suas portas, com certeza será pela sua sobrevivência como nação. E a história demonstra com fartos registros, o quanto é pouco saudável enfrentar os russos nesta situação…

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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    1. Pois é, duvido muito que a

      Pois é, duvido muito que a OTAN e os EUA irão tomar qualquer atitude contra a Rússia. Morei por quase 04 meses em Moscou e participei de um desfile cívico-militar em Moscou em comemoração aos 65 anos da vitória da segunda guerra mundial(Stalingrado foi indiscutivelmente o” turning point” da Segunda Guerra Mundial) e percebi como os russos são nacionalistas e amam esse país, a Mother Rusia deles, independentemente do governo que esteja à frente, seja com Stalin ou Putin. Em vários monumentos está escrito o seguinte em direção ao oeste: “Nós nunca nos esqueceremos do que vcs fizeram no passado” .

      Os franceses de Napoleao e os alemães de Hitler sabem bem o que significa tal orgulho russo e amarguram até hj a estúpida ideia de tentar conquistálos.

       

      Leonardo

    2. Voltei do reino de Hades, onde só tem gente boa…

      Para você ter uma idéia, Rui Daher, Jimi Hedrix dava “uma canja”, quando de lá saí…

       

      Prazer,

      o meu nome é César A. Ferreira, e uso o nome do finado escritor ucraniano como avatar nos fóruns de assuntos de Defesa. É um costume arraigado.

       

  1. Pois é, duvido muito que a

    Pois é, duvido muito que a OTAN e os EUA irão tomar qualquer atitude contra a Rússia. Morei por quase 04 meses em Moscou e participei de um desfile cívico-militar em Moscou em comemoração aos 65 anos da vitória da segunda guerra mundial(Stalingrado foi indiscutivelmente o” turning point” da Segunda Guerra Mundial) e percebi como os russos são nacionalistas e amam esse país, a Mother Rusia deles, independentemente do governo que esteja à frente, seja com Stalin ou Putin. Em vários monumentos está escrito o seguinte em direção ao oeste: “Nós nunca nos esqueceremos do que vcs fizeram no passado” .

    Os franceses de Napoleao e os alemães de Hitler sabem bem o que significa tal orgulho russo e amarguram até hj a estúpida ideia de tentar conquistálos.

     

    Leonardo 

  2. “Deu-se o assombro devido ao

    “Deu-se o assombro devido ao cruzar de unidades russas, e das imagens súbitas de soldados equipados, mas sem identificação alguma, vigiando aeroportos em regiões orientais da Ucrânia”:

    Nao foram os mesmos “soldados equipados mas sem identificacao nenhuma” os mesmos soldados que destruiram o movimento em Nova York?  Aquele movimentos, o como-chama, em Wall Street?  Como chamava aquele movimento mesmo?

  3. “A jogada final está nada

    “A jogada final está nada mais do que escrita; Moscou controla uma autônoma Crimeia de graça, e os EU/UE ‘controlam’, ou tentam rapinar, à maneira do capitalismo de desastre, os confins da terra devastada da Ucrânia Ocidental ‘gerenciada’ por fantoches e oligarcas, com um bando de neo-nazis.” É o fecho do artigo de hoje do jornalista brasileiro Pepe Escobar, para o Asia Times.

     

     

    1. Putin e Ucrânia

      Jair,

      Penso que o melhor jornalista brasileiro no exterior quase se engana, pois “”controlam”, ou tentam rapinar” não é uma afirmativa. Não acredito que alguém do Ocidente consiga colocar os pés na Ucrânia, até porque a região é território de Vladimir Putin, que não é nenhum ignorante.

      O presidente russo nunca atacou ou marcou presença física em nenhum conflito no Ocidente, e tem armamento nuclear à vontade. Recentemente Barack Obama foi a Moscou prá ficar de joelhos e sem levar Edward Snowden. 

      1. Certo, Alfredo,

        Ninguém do Ocidente vai precisar colocar os pés na Ucrânia. Para isso há os fantoches e oligarcas locais na gerência, além da “segurança” dos neo-nazistas. Por isso mesmo Pepe Escobar botou aspas no “controlam”. Claro que isso certamente não vai durar muito… Seria desgraça demais para a Ucrânia.

  4. Claro que ele so chegará  a

    Claro que ele so chegará  a  essas consequencias  se nao tiver  outro jeito, se ele ver que   sua  zona  estar  ameaçada  de  inteferencia  dos EUA como vem a contecendo  e ele nao puder  superar isso, ele nao  vai ter outro jeito. Agora  ele tem  a  Europa  quase toda nas maos.  todo  mundo depende do  gas da Russia. e é justamente onde  os americanos querem  tirar essa hegemonia  dos  russos. mais nao vai conseguir. os EUA nao  estao lidando  como  iRAQ, AFEGANISTAO, LIBIA  países sul americanos , eles estao lidando com uma super potencia  e  ai a coisa  pega.  Se eles  nao conseguiram derrubar  a China  quanto mais a  Russia. 

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