Após escândalo das joias, Valdemar Costa Neto se distancia da família Bolsonaro

Líder do partido com maior bancada no Senado e Câmara, Valdemar quer fortalecer base em São Paulo e mira o centro.

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, fala com a imprensa no Centro de Eventos e Convenções Brasil, em Brasília (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil).

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, decidiu se distanciar do clã do ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo interlocutores do partido, a fim de rumar ao centro e aumentar o poder de negociação e participação no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de construir outras bases de influência política.

Além de sofrer pressões de companheiros de partido para desvincular sua imagem da do ex-chefe do Executivo, Costa Neto adotou movimentações recentes após o escândalo das joias que Michelle Bolsonaro recebeu do reino da Arábia Saudita.

Alternativa do PL caso Jair fique inelegível, Michelle era uma das principais apostas do partido, tanto como cabo eleitoral, quanto para uma eventual candidatura à presidência da República em 2026. Michelle, até o momento, será a representante do PL Mulher e deverá viajar pelo País para fortalecer candidaturas das eleições municipais de 2024. Por este serviço, ela receberá R$ 33,7 mil, o mesmo salário de um deputado federal.

Movimentações

Costa Neto estaria construindo uma base em São Paulo, seu estado, para se posicionar bem no cenário político, enquanto os Bolsonaros estão na mira da Justiça.

Uma das articulações de Costa Neto é o trabalho para tornar André do Prado, seu afilhado político, o novo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A candidatura já conta com o apoio do PT, que ficará com o segundo cargo mais importante da casa, a Primeira Secretaria, em caso de vitória.

Atento à crise

O presidente do PL demonstrou particular interesse na crise que envolve o ministro das Comunicações Juscelino Filho (União-MA), denunciado por uso irregular de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para voos fora de Brasília e por receber pagamento de diárias no final de semana, quando não há expediente federal.

Juscelino também está envolvido com outras denúncias, decorrentes de favorecimento de amigos com verbas do orçamento secreto e de contas reprovadas durante a campanha eleitoral de 2022, na qual se reelegeu deputado federal.

Diante das denúncias, o ministro pode ser o primeiro demitido do governo, o que estremeceria ainda mais as relações do planalto e o União Brasil, partido que, apesar de receber três ministérios, não se declara como partido da base de Lula.

Vale lembrar que o governo Lula ainda não tem uma base de apoio para aprovar projetos e leis, tanto que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse a empresários na Associação Comercial de São Paulo que o Executivo não tem o número mínimo de aliados para viabilizar os projetos. Em contrapartida, o PL tem a maior bancada, com 99 deputados e 23 senadores.

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Camila Bezerra

Jornalista

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