Defesa de Lula diz que editorial do Estadão é “curandeirismo jurídico”

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Para os advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins, que atuam na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Estado de S. Paulo voltou “a praticar curandeirismo jurídico” no editorial publicado nesta terça-feira (28), que diz ser inevitável a condenação de Lula.
 
Segundo a defesa, o jornal apresenta fragilidade de argumentos ao sustentar, no editorial, que “se os processos contra Lula forem analisados somente no âmbito jurídico, a derrota do petista é certa”.
 
“O próprio jornal, no entanto, não apresentou qualquer argumento jurídico para sustentar sua posição e a tese que pretende reforçar junto aos leitores. A realidade é bem diversa daquela exposta pelo jornal”, apontam.
 
Os advogados lembram que as denúncias feitas contra Lula, até agora, também carecem de provas. Em uma delas, citam eles, o Ministério Público Federal (MPF) valeu-se de “espalhafatoso e indigno uso de um Powerpoint que chocou a comunidade jurídica nacional e internacional”, para defender que o ex-presidente organizou o esquema de corrupção e que seria ele “o comandante” dos crimes.
 
O produto desse suposto ilícito, narra a defesa, pela tese dos procuradores da Lava Jato do Paraná, seria a “compra de governabilidade”,  – “daí o aumento da base parlamentar em seu governo -, acrescentam e benefícios pessoais que Lula teria obtido, como o suposto triplex do Guarujá e o pagamento das obras para guardar parte do acervo presidencial.
 
Por outro lado, o que mostra o andamento das investigações é justamente o contrário da tese defendida pelos procuradores. “As 65 testemunhas ouvidas, até o momento, nessa ação – sendo 27 selecionadas pelo Ministério Público Federal – quebraram a espinha dorsal da acusação”, lembraram.
 
“Nenhuma, inclusive os notórios delatores da Lava Jato, fez qualquer afirmação que pudesse vincular Lula a qualquer desvio na Petrobras, à propriedade do triplex ou ainda a recursos utilizados para a armazenagem do acervo presidencial. Ao contrário, os depoimentos apontaram a colossal distância entre esses supostos ilícitos na petroleira – que não foram identificados, diga-se de passagem, por qualquer órgão de controle interno ou externo – e o ex-Presidente Lula”, completaram.
 
Leia mais: Pós-Carnaval, o desespero da imprensa com as chances de Lula para 2018
 
Com base nisso, os advogados Cristiano e Valeska Zanin criticam o editorial do jornal que diz haver argumentos irrefutáveis contra o ex-presidente: “Quem acompanha o que acontece na 13ª Vara Federal de Curitiba – presencialmente ou pelas gravações realizadas – sabe a distância  entre o que afirma O Estado de S.Paulo e a condução real das audiências pelo magistrado responsável pelos processos”.
 
Destacam que “são rotineiramente desrespeitadas expressas disposições legais, como aquelas que asseguram às partes o direito de gravar as audiências independente de autorização judicial”.
 
“O jornal confunde a combatividade de nossa atuação – que deveria nortear a conduta de qualquer advogado – com tentativas de “irritar o magistrado”, deixando evidente a falta de seriedade de sua análise e a conivência do diário com as ilegalidades praticadas naquele órgão judiciário”, afirmaram.
 
 
“Esse balanço é suficiente para mostrar as impropriedades cometidas pelo jornal, em seu editorial de hoje, sob o disfarce de uma análise jurídica para a qual sequer dispõe de expertise e isenção para realizar. Sintomática igualmente a afirmação ali contida de que ‘sobram provas’ contra Lula, mas nenhuma foi apontada, exatamente porque não existem! São apenas fruto de construções grosseiras, que O Estado de S.Paulo insiste em reverberar, com a divulgação constante de erros factuais em sua pretensa cobertura jornalística ‘isenta'”, concluíram.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. O tal de Cristiano ,advogado

    O tal de Cristiano ,advogado de Lula, é dócil,gentil e educado.

    Não sei se essas atribuições se encaixam num advogado.

    Deveria ser arquiteto ou ”partner” de madame pra assistir ópera.

    Mesmo que ele fosse agressivo,temperamental e contundente , faria diferença pra defender o indefensável Lula ?

      Não sei.

    Quer saber ?

    Quem sabe sua docilidade seja mais eficaz.

       Vá saber.

  2. Safados são safados.  Agora

    Safados são safados.  Agora vão começar o TRABALHO de perseguição a Lula muito mais forte. É uma quadrilha e bem organizada, não aceita ter que devolver o Governo do Brasil.

  3. Difícil demais

    Difícil demais a situação do Lula 

     

    Leo Pinheiro em delação acabou com argumentos da defesa… Segundo o que se leu da delação dele.

  4. Um troll se alimenta de dinheiro e bobagens.

    Mas jamais veremos um troll, é apenas uma quimera escondida atrás de palavras e nomes estranhos. Mas aparece sempre que acham necessário. 

  5. Globo – inimiga do Brasil

    O Estadão faz parte do PIG. Portanto, nenhuma novidade nessa propaganda mentirosa.

    Porém, jamais se deve esquecer que a Globo é a maior inimiga do Brasil. É preciso eliminar as Organizações Globo para que o povo brasileiro possa viver num Estado Democrático de Direito.

  6. GOVERNO E MÍDIA
    EXPRESSÃO
    GOVERNO E MÍDIA

    EXPRESSÃO MAIOR DA HIPOCRISIA

    QUE HOJE PREJUDICA O PAÍS

    Ao iniciar este artigo sobre a farsa que domina nossa sociedade, pensava em desenvolver a relação da imprensa com o Poder. Afinal, o mais antigo exemplo que se tem notícia vem do imperador Julio Cesar ao divulgar as “Acta Diurna”, com as informações e as ordens que lhe interessavam dar conhecimento ao povo de Roma. Mais tarde, nos primórdios da era cristã, foram os chineses quem divulgaram os fatos dos poderosos nas “Notícias Diversas”, que eles celebraram, nos anos 1900, o primeiro milênio das suas impressões.
    Parece óbvio que o Poder sempre se dispôs e investiu em dar informações que protegessem e defendessem seus próprios interesses. E esta situação perdurou mesmo quando a tecnologia e a diversidade de objetivos permitiram chegar ao conhecimento das pessoas, a minoria letrada, informações e interpretações diferentes sobre os mesmos acontecimentos.
    Mas a situação que vivenciamos, desde a segunda metade do século XX e com crescente e total domínio, é da desinformação como instrumento do Poder. Não me recordo, nem nas narrativas da imprensa em regimes totalitários, de situação semelhante. Um fenômeno facilmente constatável pelos que pesquisarem está na quantidade de jornais existentes no Brasil nos anos 1950 e sua relação com a população alfabetizada e a realidade desta segunda década do século XXI. A concentração, de recursos, de ganhos e da informação, é um objetivo do Poder que desde então se implantou.
    Mas que Poder é este que domina toda divulgação da informação, não só a jornalística mas a produzida nas academias? É o Poder que foi corrompendo os governos, foi se infiltrando nos negócios, foi controlando as ações, de início econômicas, mas rapidamente as políticas, sociais e culturais, tornando-se, a partir de 1990, a ditadura planetária: o sistema financeiro internacional, a banca.
    O que acompanha esta ditadura é a desmoralização, a desconstrução de todas as críticas e ideias que lhe sejam opostas. Ainda recentemente assisti um vídeo de 1995, onde o doutor Enéas Carneiro nominalmente denunciava o “sistema financeiro internacional” como responsável pela alienação do patrimônio brasileiro e antevia o esgarçamento social que seu empoderamento traria para o Brasil. Ora o médico Enéas Carneiro era dado como extravagante, populista ou como um nazifascista, para que suas denúncias, em momento algum, fossem levadas a sério. E digo com a tranquilidade de quem não se filiava entre seus seguidores.
    A banca se assenhoriou da mídia, mas, e principalmente, do controle das informações. Ela é, utilizando os recursos dos países onde domina os governos, a mais poderosa fonte de espionagem, de informação e contrainformação do mundo contemporâneo. E, como aponta com precisão Viviane Forrester (Uma Estranha Ditadura, UNESP, 2001) é uma forma de totalitarismo, envolta numa moldura democrática, onde a produção é substituída pela especulação e, sobre a farsa de fatalidades econômicas, as crises vão açambarcando os ganhos de todos os agentes econômicos e os concentrando no sistema financeiro.
    Ora, meu caro leitor, quem em sã consciência apoiaria um modelo que elimina o trabalho, prioriza o lucro, independentemente de sua legalidade ou legitimidade, adota salários ínfimos e ao fim provoca guerras controladas e mortes? E sob a fantasia liberal e democrática?
    Vê-se pois que é indispensável o controle social da comunicação de massa. A mídia concentrada em poucas mãos, para sua maior efetividade, para a otimização de custos e garantia de ganhos, e, como óbvio, para a manutenção pela mentira, pelo embuste, pela hipocrisia daqueles governantes que lhe são favoráveis e seus colaboradores, é inaceitável na democracia.
    O jornalista Armando Rodrigues Coelho Neto aponta que “o pensamento único da sociedade brasileira parece imposto de forma coronelesca pelas famílias Abravanel (SBT), Barbalho (RBA), Dallevo e Carvalho (Rede TV), Civita (Abril), Frias (Folha), Levy (Gazeta), Macedo (Record), Marinho (Globo), Mesquita (O Estado de S.Paulo), Queiroz (SVM), Saad (Band), Sarney (TV Mirante?) e Sirotsky (RBS)”. E acrescento que estas 14 famílias não distribuem igualmente a propagação dos engodos. A família Marinho deve representar perto de dois terços ou três quartos do alcance das divulgações. A concentração e a banca estão sempre juntas.
    Ainda o citado jornalista agrega que “técnica e legalmente, a concessão para a exploração TV é de 15 anos (rádios dez) renováveis por igual prazo, desde que cumpram exigências. Entre elas privilegiar educação, cultura nacional e regional, não formar monopólio ou oligopólio de propriedade, contemplando ainda aspectos de cunho moral, financeiro e fiscal.” Parece até uma provocação aos brasileiros de boa fé e capazes de avaliar a atrocidade que se comete contra o País. Continua Coelho Neto: “Renovações de outorgas de concessões de TV e rádios continuam um mistério”, não conhecêssemos o Poder da banca.
    Agora, o governo golpista além de derramar milhões de reais do dinheiro público nesta mídia oligárquica, noticia a taxação da comunicação concorrente (Netflix, youtube) e a censura na internet.
    Este concubinato da mídia com o governo golpista resulta na ignorância popular sobre o desastre que já ocorre no Brasil e em tempos ainda piores que teremos que enfrentar.
    Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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